Bandeira
Romério Rômulo
já decidido, bandeira
vou contigo pra pasárgada
se o rei me apagar
me escondo na tua pele
me amarro no teu abraço
e aonde fores, irei
invento que fui amante
da vênus de botticelli
e que a vila de ouro preto
é um raio do meu olho
aí o rei se convence
de que sou homem fatal
invento dos meus amores
dos olhares de clarice
de tantas outras madonas
do aço que já comi
e aí quem vai dizer
que sou isso pelo avesso?
quem vai olhar os meus trapos
e falar do puro medo
das entranhas habitadas
no meu corpo de miséria?
falo dos panos de seda
do meu circo sem igual
onde 15 malabares
no espanto de uma corda
fazem toda a travessia
invento que namorei
a raínha de sabá
e suas tropas andaram
no meu cabelo de lona
te garantizo, bandeira
o rei não vai resistir
quem sabe que as harmonias
de villa-lobos sou eu?