Na boca da noite

Foi num  agradável caramanchão, tendo à frente o majestoso Rio Amazonas e atrás a bicentenária Fortaleza de São José, que poetas e amantes da poesia reuniram ontem, na boca da noite, para conversar sobre literatura e dizer e declamar poesias.
Gente de todas as idades participou deste momento que eleva o espírito e alegra o coração, inclusive o bebê Joaquim Francisco, que se comportou direitinho no colo da mãe Dulcivânia. Sorriu, dormiu, mamou… de vez em quando arregalava os olhinhos como que a prestar mais atenção nos poetas.
Além das poesias dos poetas presentes foram declamados poemas de Osvaldo Simões, César Bernardo e Rostan Martins, que não puderam comparecer ontem (os dois primeiros cuidando da saúde e Rostan viajou para São Paulo, onde faz doutorado) e dos saudosos Alcy Araújo, Álvaro da Cunha, Aluízio Cunha e Arthur Nery Marinho – os primeiros poetas modernistas do Amapá.

Veja como foi:
Pouco antes da 17h poetas e amantes da poesia começam a chegar. Qualquer pessoa – poeta ou não – pode levar poesia e pendurar no varal

O pequeno Joaquim, no colo da mãe Dulcivânia, foi saudado com o poema Universal, de Alcy Araújo, declamado por Cléo Farias de Araújo. Joaquim é o primeiro bebê a participar do Movimento Poesia na Boca da Noite

Professor Antônio Munhoz fala sobre a vida e obra de Tasso da Silveira, o poeta modernista  que dá nome a escola de Realengo (RJ) onde recentemente houve um massacre divulgado no mundo todo. Com a tragédia de Realengo, o poema “Intróito” de Tasso foi um dos mais lembrados. É neste poema que Tasso diz: “Nós temos uma visão clara desta hora//Sabemos que é de tumulto e de incerteza.//E de confusão de valores.//E de vitória do arrivismo.//E de graves ameaças para o homem.”

Janete Lacerda estreou no “Boca da Noite” declamando poemas de seu livro “Nuas”

Alcinéa Cavalcante declama um poema de sua autoria em homenagem ao Munhoz

Fernanda dá show declamando poemas de Deusa Ilário, Alcy, Cléo, Alcinéa, Glória e Arthur Nery Marinho

A noite caiu acendendo mistérios e ninguém arredou pé. Com a lua chegaram por lá Erick Boaventura (excelente declamador), Carla Nobre, Thiago Soeiro, Eliane Albuquerque entre outros poetas e amantes da poesia, mas já não deu para fotografar.

(Fotos: Consolação, Cléo, Alcinéa, Ricardo e Dulcivânia)

  • Nossa! Eu amei estar à boca da noite com pessoas tão sensíveis, falando, cantando, vivendo poesia… Isso é “Boca da Noite”. Já estou mais que preparada para Veiga Cabral, inclusive com um poema recém nascido para o dia das mães que já é domingo. Um beijo a Deusa, a Alcinéia, ao Cleo, ao professor Munhoz, enfim… a essa nova família que ganhei.

  • Que turma boa! Que tarde/noite especial. Muito me orgulha ter parte com voces., muito agradeço que poetas e poesias torçam para que logo possa estar (bem) e de retorno ao grupo.
    Mas, enquanto “descanso” (repouso) carrego pedrinhas como as que juntei abaixo:
    “SAUDAÇÃO À CHUVA.
    César Bernardo de Souza

    Gotas de chuva são lagrimas das nuvens.
    O azul do céu é espelho do mar –
    Imenso espaço prismático de Deus –
    Cúmplice eterno do cálido olhar do sol.
    As nuvens choram do alto: chuvisca aqui, chove acolá!
    Então chuva e vento fazem o mar.
    Um vento que vem de qualquer lugar,
    Balança o rio, assobia e sacode imensidões.
    E vem pra cá, depois da praia.
    Faz poeira, desalinha o firmamento,
    Bravo faz redemoinho, suave se desmancha, alegre canta e rodopia.
    Então, viva a chuva!
    O rio e o mar são ânforas desse pranto.
    Que despenca das nuvens, que escorre no vento,
    Deita-se com a terra e a emprenha de tempo.
    E em seu útero se esconde do sol… e ainda é chuva!
    No entanto, é a água e o calor que acordam a semente da flor.”

    Um abraço a todos/as.

    • Oi Cesar, que lindo poema pariste enquanto repousas! Desejo que logo estejas entre nós, totalmente restabelecido. Além da tarde é para ninar o querido amigo-vizinho. Um abração!!
      ALÉM DA TARDE
      A tarde se vai,
      deixa no espírito criador da vida
      um punhado de sol
      e uma pitada de melancolia.
      Sei que ela não vai embora,
      apenas deita seu dorso
      no peito sagrado do destino inverso.
      Avisto distante, infindáveis rostos,
      indecifráveis melodias,
      mentes abertas e desertas,
      por onde transitam os sonhos.
      Ainda longe vejo uma lagrima
      chorada pela saudade,
      mas além do horizonte
      há quem a transforme em orvalho.
      A tarde tem o sabor de um doce beijo!

  • Sei perfeitamente bem o que estou perdendo mas também sei quanto afeto, oração e votos de pronto restabelecimento recebi da poesia e dos poetas da boca da noite. Muito obrigado!
    Em agradecimento:

    SAUDAÇÃO À CHUVA.
    César Bernardo de Souza

    Gotas de chuva são lagrimas das nuvens.
    O azul do céu é espelho do mar –
    Imenso espaço prismático de Deus –
    Cúmplice eterno do cálido olhar do sol.
    As nuvens choram do alto: chuvisca aqui, chove acolá!
    Então chuva e vento fazem o mar.
    Um vento que vem de qualquer lugar,
    Balança o rio, assobia e sacode imensidões.
    E vem pra cá, depois da praia.
    Faz poeira, desalinha o firmamento,
    Bravo faz redemoinho, suave se desmancha, alegre canta e rodopia.
    Então, viva a chuva!
    O rio e o mar são ânforas desse pranto.
    Que despenca das nuvens, que escorre no vento,
    Deita-se com a terra e a emprenha de tempo.
    E em seu útero se esconde do sol… e ainda é chuva!
    No entanto, é a água e o calor que acordam a semente da flor.

    Daqui uns dias estarei aí.

  • Não tenho habilidade para escrever poemas, crônicas, contos e escritos do gênero, mas sempre fui uma apreciadora de primeira linha dos que têm esse talento, gosto de ler e ouvir belos poemas e tal. E este movimento de poesia na boca da noite é bem oportuno para quem tem o que exibir (belos poemas) e pra quem ama e valoriza poetas de todos os tempos, inclusive os nossos contemporâneos mais experientes e os novatos. Outro aspecto marcante é a forma como o encontro acontece, até mesmo a saudação aos que vão chegando é poética. A dinâmica do encontro é conduzida com sorrisos, gestos performáticos, declamações, um participante vai interagindo com outro, uma coisa linda! Deixo um abraço especial para todos os participantes daquele final de tarde/início de noite especial, com a certeza de que o pequeno Joaquim também ficou embevecido, era só olhar o semblante sereno dele. Parabéns aos idealizadores e apoiadores.

  • PARABÉNS!! A inciativa é muito, muito legal.
    Parabéns Alcinéa pela cobertura. É muito bom ver pela fotografia pessoas, como Você, Cléo, Prof. Munhoz e tantos outros.

    • Meu conspícuo Róbson… não perco a esperança de te ver juntar-se a nós, em nossa city. Traz teus escritos e contribui ainda mais com esta terra que se orgulha de ti.

  • Alcinéa, sempre fico muito feliz de vê o movimento com muitas participações. Imagino como foi muito emocionante.Parabéns para todos aí. Um abraço apertadíssimo ao Cléo, Deusa Ilário e meu querido mestre Munhoz.

    • oi, Rostan. Você faz falta. Tenho certeza que, quando voltares, estarás conosco nessa prazerosa tarefa. Abração!

  • Apesar do vandalismo haver deixado a praça na escuridão, a luz da poesia a iluminou. Parabéns para todos que espalham a poesia pela cidade criando uma nova opção de encontros! Que o bom senso mostre às pessoas que o respeito pelas coisas pessoais ou comuns a todos deve prevalecer. Alcinéa, aqui quase não se vê cercas entre quintais e ninguém pega uma fruta sequer, ou uma flor do quintal do vizinho, nem das praças. Mas tem gente que diz que não devemos comparar Brasil com outros paises. Bobagem! A ciência também trabalha com comparações,inclusive a ciência social. bj

    • Oh, Veneide. Permita responder teu post, com um misto de saudade e esperança, pois lembro dos tempos de Macapá sem muros. A esperança é a de que, como o Brasil copia muita coisa de fora, venha a plagiar a educação dos outros.

  • Estive lá também e vi a beleza do conjunto da obra, quando, sob as bênçãos de Deus, juntaram-se o belo e o possível. Parabéns!

    • Sua presença foi um imenso prazer para nós.
      Na próxima sexta-feira, na Praça Veiga Cabral, contamos com você.
      Abraços

  • À noite, sob as luzes de celulares, prosseguimos com as declamações. A escuridão sumiu, afugentada pela criatividade dos poetas.

  • A poesia…
    Espalha bolinhas de amor por sobre Gaia
    Cria tufões de emoções
    e faz a estrada seguir a cauda de uma estrela
    A poesia…
    Cria perfeição,
    ternura, amores e paixão
    num mundo sem tantos medos.
    A poesia… Gera poesia!

    Foi uma alegria estar com voces em mais uma linda noite, tecendo palavras e soprando ternura sobre a brisa fria da tarde! Nosso rio sorriu mais encantadoramente! Meu carinho a todos/as que fazem da poesia um buquê de emoções. Beijos!

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