Marte? Nem pensar!
Não , meu bem.
Desta vez não vou contigo.
Marte não me seduz.
A água de lá não tem o cheiro do mururé.
Em Marte, meu bem,
não tem flores,
logo não tem beija-flor.
Não tem mangueiras,
logo não tem aquela algazarra de periquitos
que inebria o poeta Fernando Canto.
Não tem praças, música, livros,
papel e caneta.
Não tem poesia nem poetas.
Li no jornal que os habitantes de lá
tem voz metálica
corpo engraçado
e cara esquisita.
São todos verdes, todos idênticos, todos estranhos.
(Alcinéa Cavalcante)