Na hora do festival de samba-enredo faltou um intérprete.
Que fazer?
“Procura rápido alguém de outra escola que possa quebrar o nosso galho”, disse o diretor de bateria.
Rapidinho o problema foi resolvido. Um dos intérpretes de outra escola aceitou dar uma força. Mas não conhecia o samba, a única coisa que tinha tempo de decorar era o refrão.
– Vamos lá, companheiro. Me passa aí o refrão, disse o quebra-galho para o oficial.
Este começa a cantar “água enganada chegou, deixa jorrar ….”
O quebra-galho anotou num maço de cigarros, mas achou estranho.
“Repete aí, parceiro, o refrão.” E o oficial: “água enganada chegou …”
– Égua do samba estranho, pensou o quebra-galho.
Quando estava subindo no palco, recebeu um papel com a letra do samba. Procurou logo o refrão e lá estava escrito “água encanada chegou…”
– Parceiro, tu tá me ensinando errado. Num é água enganada, é água encanada, disse ao oficial.
– Hummm … tá não … só se for no teu bairro, porque no meu é só promessa e enganação,até hoje a água num jorrou por lá, respondeu o oficial.
(Do livro “Sambou…”, de Alcinéa Cavalcante e Rostan Martins)