Categoria: Futebol Amapá
Glycerão 65 anos – Ypiranga campeão em 1964
Sapiranga viu no Glycerão
Meu amado amigo Milton Sapiranga Barbosa (foto), jornalista aposentado e um dos grandes repórteres esportivos da época de ouro do futebol amapaense, estava na inauguração do estádio Glycério Marques, há 65 anos.
“Menino pobre, morando vizinho do estádio, distante a apenas quatro quadras e sabendo que festa patrocinada pelo governo, sempre tinha refrigerantes, doces e salgados de montão, eu não poderia ter perdido aquela boca livre. Eu estava lá”, contou.
E de vez em quando conta coisas que viu no Glycerão desde sua inauguração, como essas:
01 – VÍ, num jogo AMAPÁ CLUBE X EXPORTE CLUBE MACAPÁ, clássico vovô do futebol amapaense, que nas décadas de 50 e 60, era aguardado com grande expectativa pelos torcedores dos dois times, o ótimo goleiro do Amapá Clube, Edgar, cruzar os braços e deixar uma bola que lhe fora recuada pelo Armando Pontes, entrar em sua meta. É que eles haviam discutido durante um treino e trocado de mal(como se costuma dizer). Macapá 1 a 0. È, mais depois o Edgar fechou o gol e o Amapá acabou vencendo por 2 a 1. Edgar era tão bom, que num amistoso contra o Paissandu, ele disse ao zagueiro Evandro, que se preparava para cobrar uma penalidade máxima, que defenderia com a cabeça. Evandro mandou um chute fortíssimo, e o Edgar ainda conseguiu resvalar na bola com a cabeça. Dizem, eu entre eles, que Edgar, que depois foi para o Clube do Remo, foi um dos melhores goleiros do futebol amapaense.
02 – VÍ , também por ocasião de outro confronto entre alvinegros e azulinos, o técnico do Macapá, Jomar Tavares, usar de malandragem para poder vencer um jogo em que seu time não conseguia sobrepujar a zaga adversária, formada por Mucuim, Justo e Façanha, com maior destaque para Justo, que em tarde inspirada, barrava todas as pretensões do Leão Azul. Que fez o astuto treinador? Mandou buscar o Falconeri, que não tendo sido convocado para o jogo, estava biritando com os
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Glycerão 65 anos – De hora em hora
O blog comemora os 65 anos do estádio Glycério de Souza Marques publicando nesta quinta-feira de hora em hora a partir das cinco da matina até às 22h fotos de grandes craques do passado, jogos, times e tudo o mais que ajude a contar um pouco da história do Gigante da Favela e do futebol amapaense.
Você, leitor do blog, é convidado a participar desta homenagem, identificando nas fotos os craques, enviando fotos, contando um pouco do sabe ou do que viu no velho Glycerão.
Glycerão 65 anos – Lembra que jogo é esse e quem sãos os craques?
Eles brilharam no Glycerão
Hoje tem festa no Glycerão
O estádio Glycério de Souza Marques, o Glycerão, o Gigante da Favela, completa hoje 65 anos.
Prefeitura de Macapá, Associação dos ex-jogadores e grupo de pagode Perfil do Samba se uniram para comemorar a data com uma programação que começa às 10h e só termina à noite, com muita alegria, recordações, homenagens, reencontro de craques do passado, futebol e samba.
Eis a programação:
10h – Conversa entre amigos (ex-jogadores – décadas 1950, 60, 70 e 80);
13h – Feijoada e churrasco;
15h – Jogo 01: Trem x Santos (SUB-20);
15h40 – Jogo 02: Pagodeiros x Ritmistas das escolas de samba
16h20 – Jogo 03: Trem x Ypiranga (Master)
17h – Jogo 04: Macapá x Santana (Master)
17h40 – Jogo 05: Comel x Secretários municipais (PMM)
18h20 – Jogo 06: São José x Excrete (Master)
19h – Jogo 07: Fazendinha x Acleap (Master)
E durante o dia inteiro tem roda de samba com o grupo Perfil do Samba
Morre o ex-jogador e professor Olivar Tavares
Grande craque do passado e professor Olivar Tavares, 61 anos, faleceu agora há pouco no Hospital de Emergências, em Macapá.
Olivar foi um dos melhores ponta-direita do futebol amapaense nos anos 70. Quase toda sua carreira futebolística foi no Esporte Clube Macapá.
Era meu vizinho, meu amigo e parceiro de caminhadas no final da tarde na rua onde moramos.
Estou triste.
Olivar é o quarto da esquerda para a direita. A foto é de 1975 quando o Macapá sagrou-se campeão do 1º Copão da Amazônia, em Porto Velho (RO)
São José completa 68 anos de fundação
O São José – que já foi um timaço – nasceu no meu querido bairro da Favela. A sede era ali na Leopoldo Machado esquina com a Presidente Vargas.
Depois levaram o Sanjusa para o Laguinho
Como hoje o São José completa 68 anos de fundação, parabenizo seus atletas, ex-atletas, dirigentes e torcida e reproduzo a crônica do Sapiranga publicada neste blog em agosto de 2009.
A Favela no futebol amapaense
Milton Sapiranga Barbosa, especial para o blog
Sim, no tempo do amadorismo de priscas eras, o bairro da Favela tinha dois clubes disputando os campeonatos organizados pela Federação Amapaense de Desportos(FAD).
Um era o São José, do seu Messias, onde jogavam, entre outros, Bulhosa, Pantera, Jurandino (Carudo), Justo, Raminho e Mosquito, cuja sede ficava na esquina da Leopoldo Machado com a Presidente Vargas, mas um acordo entre Messias e Humberto Santos, levou o São José para o bairro do Laguinho.
O outro era o Araguary Esporte Clube, sendo que este não tinha sede, a turma se reunia na casa de um dos atletas, escolhida aleatoriamente. Nesse tempo, Araguary e Fazendinha era o grande clássico da segunda divisão (Santa Cruz, Primavera, Guarany, depois Ypiranga e Santana, sem esquecer o Atlético Latitude Zero, também integraram a segundona da FAD).
Sempre que Araguary e Fazendinha se encontravam o Glicerão ficava apinhado de gente. Mauro, Abiezer, Beto, Barata, Bento, Carneiro, Dioneto, Elionay, Ferramenta, Peteca e Palito (um carvoeiro bom de bola, que chegava sempre em cima da hora para jogar, pois antes precisava desmanchar suas caieiras) e Nolasco, eram alguns dos integrantes do Araguary Futebol Clube. Pelo Fazendinha, destacamos Zezé (um goleiraço), Marinheiro, Flávio Góes, Valdir e seu irmão Papaarroz (um cracaço, que batia penalty de letra) e Estrela.
Eu gostava de estar entre a rapaziada do Araguary para ouvir as histórias das viagens que o time fazia pelo interland amapaense. Nolasco, meu vizinho, era um jogador razoável, mas muito bom para contar histórias e rápido para fazer uma paródia, fosse qual fosse a situação, senão vejamos: certa vez, numa excursão a Mazagão, no tempo em só se chegava ao município por via marítima, Nolasco não foi escalado de saída no time que iria enfrentar a seleção mazaganense. Terminado o primeiro tempo, começa o segundo e o Nolasco no banco de reservas. Jogo já no final do segundo tempo, eis que ele é chamado para substituir um companheiro, ele se negou e saiu-se com essa : “eu fui em Mazagão/ fiquei encabulado/ pois só comi feijão e ainda fui barrado./ quando jogo estava pra terminar / técnico veio me chamar pra entrar lá no gramado/ eu não sou doido e também não sou maluco/ pra entrar lá no gramado e jogar cinco minutos.”
Doutra feita, eles se reuniram e metidos na roupa de domingo, foram a uma festa no bairro do Laguinho (aquela época, já rivalizando com o bairro da Favela, por causa do Marabaixo e do boi bumbá). Todo mundo alinhado, festa animada, muita cocota no salão e eles de fora olhando, pois o porteiro não deixou eles entrarem. Aí o Nolasco criou uma musiquinha, que tinha um trecho que dizia assim: “Fui numa festa lá no Mestre Julião/ deu meia noite o baile vai começar/ se é do Laguinho o porteiro manda entrar/ se é da Favela ele faz voltar”.
O Araguary é do tempo que se dava chagão (jogar a bola por um lado do adversário e correr pelo outro e contiuar a jogada – hoje drible da vaca), do avião ( hoje chapéu, lençol), por baixo da saia ( hoje entre as canetas), do xilique (joelhada forte na coxa do oponente e doía uma barbaridade (hoje chamam tostão). O Araguary e seus integrantes, suas histórias e paródias são lembranças de minha infância feliz viviva no meu querido bairro da Favela.