São José completa 68 anos de fundação

cb_sao_jose-ap-5O São José – que já foi um timaço – nasceu no meu querido bairro da Favela. A sede era ali na Leopoldo Machado esquina com a Presidente Vargas.

Depois levaram o Sanjusa para o Laguinho :cry:

Como hoje o São José completa 68 anos de fundação, parabenizo seus atletas, ex-atletas, dirigentes e torcida e  reproduzo a crônica do Sapiranga publicada neste blog em agosto de 2009.

A Favela no futebol amapaense
Milton Sapiranga Barbosa, especial para o blog

Sim, no tempo do amadorismo de priscas eras, o bairro  da Favela  tinha  dois  clubes  disputando os campeonatos organizados pela Federação Amapaense de Desportos(FAD).

Um era o São José, do seu Messias, onde jogavam, entre outros, Bulhosa, Pantera, Jurandino (Carudo), Justo, Raminho e Mosquito, cuja sede ficava na esquina da Leopoldo Machado com a Presidente Vargas, mas um acordo entre Messias e Humberto Santos, levou o São José  para o bairro do Laguinho.

O outro era o Araguary Esporte Clube, sendo que este não tinha sede, a turma se reunia na casa de um dos atletas, escolhida aleatoriamente. Nesse tempo, Araguary e Fazendinha era o grande clássico da segunda divisão (Santa Cruz, Primavera, Guarany, depois Ypiranga e Santana, sem esquecer o Atlético Latitude Zero, também  integraram a segundona da FAD).

Sempre que Araguary e Fazendinha se encontravam o Glicerão ficava apinhado de gente. Mauro, Abiezer, Beto, Barata, Bento, Carneiro, Dioneto, Elionay, Ferramenta, Peteca e Palito (um carvoeiro bom de bola, que chegava sempre em cima da hora para jogar, pois antes precisava desmanchar suas caieiras)   e  Nolasco, eram alguns  dos integrantes do Araguary Futebol Clube. Pelo Fazendinha, destacamos Zezé (um goleiraço), Marinheiro, Flávio Góes, Valdir  e seu irmão Papaarroz (um cracaço, que batia penalty de letra) e Estrela.

Eu  gostava de estar entre a rapaziada do Araguary para ouvir as  histórias  das viagens que o time fazia pelo interland amapaense. Nolasco,  meu vizinho, era um jogador razoável, mas muito bom para contar histórias e rápido  para  fazer uma paródia, fosse qual fosse a situação, senão vejamos: certa vez, numa excursão a Mazagão, no tempo  em só se chegava ao município por via marítima, Nolasco não  foi  escalado de saída no time que iria  enfrentar a seleção mazaganense. Terminado o primeiro tempo, começa o segundo e o Nolasco no banco de reservas. Jogo já no final do segundo tempo, eis que ele  é chamado  para substituir um companheiro,  ele se negou e saiu-se  com essa : “eu fui  em Mazagão/ fiquei encabulado/ pois só comi feijão e ainda fui barrado./ quando jogo estava pra terminar / técnico veio me chamar pra entrar lá no gramado/ eu não sou doido e também não sou maluco/ pra entrar lá no gramado e jogar  cinco minutos.”

Doutra feita, eles  se reuniram e metidos na roupa de domingo, foram  a  uma  festa    no bairro do Laguinho (aquela época, já rivalizando com o bairro da Favela, por causa do Marabaixo e do boi bumbá). Todo mundo alinhado, festa animada, muita cocota no salão e eles de fora olhando, pois  o porteiro não deixou eles entrarem. Aí o Nolasco criou uma musiquinha, que tinha um trecho que dizia assim: “Fui numa festa lá no Mestre Julião/ deu meia noite o baile vai começar/  se  é  do Laguinho o porteiro manda entrar/ se é da Favela ele faz voltar”.

O  Araguary  é do tempo que se dava chagão (jogar a bola por um lado do adversário e correr pelo outro e contiuar a jogada – hoje drible da vaca), do avião ( hoje chapéu, lençol), por baixo da saia ( hoje entre as canetas), do xilique (joelhada forte na coxa do oponente e doía uma barbaridade (hoje chamam tostão). O Araguary e seus  integrantes, suas histórias e paródias são lembranças de minha infância feliz viviva no meu querido bairro da Favela.

Adeus, meu amigo e grande craque Norberto

Moleque do Formigueiro, grande craque do futebol amapaense, amigo de sorriso largo, contador de histórias e de causos, meu  amigo Norberto Tavares faleceu hoje, aos 62 anos. Doente renal crônico, o coração dele parou de bater, em sua própria casa, quando a manhã chegou molhada de chuva e uma chuva de lágrimas molhou meu rosto quando recebi a triste notícia.
Norberto era meu amigo desde os tempos de adolescência. Sua mulher, Ana Maria, minha amiga desde os tempos de escola. Lembro dele indo buscar a Ana no Colégio Amapaense, no final da aula. E muitas vezes lá vínhamos os três descendo a Favela até a casa da Ana, na Odilardo Silva. De lá pra minha casa eu seguia só e eles ficavam namorando na frente da casa dela.
Na década de 70 Norberto era um dos maiores craques do futebol amapaense e  eu repórter esportiva. Ah, entrevistei-o várias vezes, a entrevista virava papo de amigos, com risos, afetos e alguns “offs”.

beto10Filho do Wenceslau do Espírito Santo, o  “Dezesseis″ – que foi também jogador de futebol -, Noberto iniciou sua carreira futebolística ainda menino no time do Formigueiro. Seu talento, levou-o a grandes clubes como o Amapá e o São José. E, claro, fez parte da Seleção Amapaense. Filho de dona Guíta Preta, famosa dançarina de marabaixo, Norberto herdou dela o amor pelas nossas tradições e foi um dos idealizadores e fundadores da Confraria Tucuju, entidade criada para resgatar, valorizar e estimular a cultura amapaense.
Mesmo doente, Norberto não perdia um evento na Confraria Tucuju – onde era recebido sempre com “tapete vermelho”. Esteve lá no último dia 4 participando do aniversário da cidade.

Sábado, 15, na reinauguração do Zerão foi homenageado pelo governador Camilo Capiberibe junto com outros grandes craques do passado. Os amigos contam que ele estava muito feliz naquele dia no Zerão. Aliás, Norberto – apesar dos sérios problemas de saúde que enfrentava – não vivia se lamentando, se queixando, reclamando da vida.

É esse Norberto, craque, alegre, amigo que guardarei sempre num lugar especial do meu coração.

beto8Norberto faz parte da paisagem da praça Veiga Cabral. Nas manhãs de domingo ele e os amigos se encontravam  na Banca do Dorimar,  para falar  de política, futebol, contar  causos, piadas e histórias e declarar amor por Macapá. Essa foto é de janeiro do ano passado.

beto11No time do Formigueiro ainda menino

OLYMPUS DIGITAL CAMERANorberto e o cronista esportivo João Silva. Fiz essa foto deles ano passado na Praça Veiga Cabral.
João Silva – que sabe tudo de futebol – conta que Norberto ganhou o apelido de “Capeta” devido sua “ligeireza e sede de gol que atazanava a grande área dos adversários”

E agora, terminando este post, vou lá na capela São José (rua Jovino Dinoá c/ Cora de Carvalho) onde o  corpo do grande craque está sendo velado.
O que direi para minha amiga Ana Maria neste momento de profunda dor? Não sei. Talvez não diga nada. Apenas lhe abraçarei com um abraço tão amplo que nele caberão todas as palavras sem necessidade de dizê-las.

O sepultamento será amanhã, às 11h, no Cemitério N.S. da Conceição (Centro).

O primeiro gol no Zerão

SO centroavante Miranda, o Trator, foi o autor do primeiro gol no estádio Zerão. No jogo realizado na inauguração, em outubro de 1990, o Independente Esporte Clube venceu o Trem Desportivo Clube por 1 a 0.
Pelo feito, em 1995 Miranda foi homenageado com uma placa no estádio.

Zerão será reinaugurado amanhã

Com jogos, show de Dudu Nobre, carnaval, homenagens aos craques do passado e muita festa o Governo do Amapá reinaugura amanhã, sábado,  o Estádio Zerão – único no mundo cuja linha que divide os dois campos é a Linha do Equador, o que permite que o pontapé inicial seja dado exatamente no meio do mundo e a bola role de um hemisfério para outro.

O Zerão foi inaugurado em outubro de 1990, no governo Gilton Garcia, com a presença do então presidente Collor de Mello, ministro Arthur Coimbra – o Zico – e outras autoridades do governo federal.

zerao2

Abandonado pelos últimos governos, o Zerão ficou cerca de 10 anos fechado. Telhados, arquibancadas, instalações elétricas foram deterioradas.
Para reformar o Estádio, o governo do estado está investido R$ 12,644 milhões.
A primeira etapa será entregue hoje.
A festa da reinauguração começa às 16h cerimônia oficial; às 17h, tem o jogo preliminar entre as seleções Amapaense e Carioca de Master; às 19h, desfile das escolas de samba pela pista em volta do gramado; e, às 20h, o jogo entre as seleções Amapaense de Profissionais e Brasileira Sub-20. Haverá ainda apresentações das baterias das escolas de samba e show nacional com o cantor Dudu Nobre.

Futebol

Quer ver os craques amapaenses jogando sem ter que pagar ingresso?
Então vai hoje à tarde no Centro de Treinamento do Santos, na Rodovia Duca Serra. Lá, a partir das 16h, as seleções amapaenses de Master e de Profissionais vão treinar com vistas aos confrontos com o Master Carioca e Seleção Brasileira Sub-20, na reinauguração do Zerão marcada para sábado, 15.