5 dicas rápidas sobre harmonização de vinho e comida

5 dicas rápidas sobre harmonização de vinho e comida
Renato Salviano

Oi pessoal, tudo bem? Desde que comecei a trabalhar com vinhos percebi que uma das maiores dúvidas que as pessoas tem é sobre harmonização de comida e vinho. E a dúvida é super válida, tendo em vista que uma harmonização desastrosa pode destruir uma refeição por completo!

Maaaaas, transformar uma simples refeição em uma experiência enogastronômica é super possível se você levar em conta algumas regras básicas de harmonização.

Hoje separei 5 dicas rápidas e práticas para você colocar em prática e não correr o risco de errar na hora de harmonizar.

1-Jamais misture vinho e comida na boca: Ponha a comida, mastigue, engula totalmente e só depois tome seu vinho. A ideia da harmonização não é criar um terceiro gosto juntando comida e vinho na boca, mas sim que cada um se destaque em seu devido momento, não se sobrepondo nem sumindo frente ao outro; você deve sentir em plenitude a comida e depois em plenitude o vinho!

2-A harmonização ideal para queijos são os vinhos brancos: lembre-se da relação de peso: vinhos e comida tem que ter pesos iguais. Neste caso, embora gordurosos, a maioria dos queijos não são tão pesados para bater de frente com tintos. Salvo alguns tipos, que comportam harmonização com o vinho tinto (queijos de cura, por exemplo), procure sempre harmonizar com o vinho branco. MAS, se estivermos falando de uma tábua de queijos, charcutarias e antepastos, a situação pode ser diferente e o vinho tinto passa a ser bem vindo!

3-Cuidado com a relação entre sal, álcool e taninos: evite usar vinhos muito alcoólicos e tânicos com comidas mais salgadas. Álcool e tanino potencializam o efeito do sal na comida, deixando-a com a sensação de mais salgada; o sal, por sua vez, potencializa o efeito do álcool e do tanino, deixando o vinho com sensação mais alcoólica e tânica;

4-Cuidado com vinho e pimenta: assim como o sal, a pimenta vai potencializar álcool e tanino e vice versa. Para comidas apimentadas, dê preferência por vinhos menos alcoólicos e tânicos, com maior acidez e mais frutados;

5-É possível harmonizar bacalhau com vinho tinto: dica para a Páscoa, hein?! Dê preferência por um tinto mais leve, frutado, pouco alcoólico e pouco tânico, afinal o bacalhau é uma proteína branca que foi dessalgada, então devemos levar em consideração a relação sal-álcool-tanino das dicas anteriores bem como a questão de peso entre comida e vinho. Aposte em um Pinot noir: baixo corpo, ótima acidez (para ajudar na untuosidade do prato) poucos taninos e geralmente não muito alcoólico ou até mesmo em um Merlot, desde que seja jovem e sem passagem por madeira.

Gostou das dicas? Conta pra mim qual sua harmonização de comida&vinho favorita!

Você pode entrar em contato comigo pelo Twitter @RenatoSalviano ou pelos Instagrams @RenatoSalviano e @BoutiqueVinhoeCia. Vai ser muito legal tirar suas dúvidas e conhecer suas experiências. Até semana que vem!

8 mentiras que te contaram sobre o mundo dos vinhos – Renato Salviano

8 mentiras que te contaram sobre o mundo dos vinhos
Renato Salviano

Hoje é 1º de abril, o famoso DIA DA MENTIRA, e como em todo lugar, no mundo dos vinhos também temos umas “fake news” conhecidas e que precisam ser desmentidas não só hoje, mas todos os dias.

Separei, dentre diversas mentiras, 8 que são muito comuns e que todo bebedor de vinho, iniciante ou não, já ouviu – e até acreditou. Vamos lá?

1- VINHO PODE SER FEITO DE QUALQUER FRUTA: como TUDO em nosso país, também temos legislação para tratar sobre o vinho! De acordo com a Lei nº 7.678/1988, em seu Art. 3º: Vinho é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto simples de uva sã, fresca e madura. Hoje no mercado há vários produtos que utilizam o nome vinho mas que são feitos de fermentados de outras frutas. Embora sejam interessantes e tenham qualidade, todavia, vinho de verdade é somente aquele feito a partir de uvas!

2- VINHO COM VEDAÇÃO DE ROSCA NÃO PRESTA: puro preconceito! Atravessamos uma crise ambiental sem precedentes, e é preciso levar em consideração que a rolha de cortiça é feita de árvores. Portanto, cada vez mais veremos a utilização de vedação por screw cap, ou rosca. Isso não significa que o produto seja de menor qualidade, muito pelo contrário.

3- VINHO BRASILEIRO É MAIS CARO: o Brasil sofre com uma carga tributária monstruosa, porém assim como em qualquer outro país produtor de vinho, temos aqueles baratos (de entrada) e mais caros (ícones das vinícolas). Tenho certeza que em uma degustação às cegas, muitos vinhos nacionais vão dar baile em argentinos e chilenos que a maioria dos bebedores endeusam, e o preço pode ser beeem mais em conta!

4- QUANTO MAIS VELHO, MELHOR: balela! A grande maioria dos vinhos é feita para ser consumida em até 5 anos, o que chamamos de vinhos jovens ou para consumo imediato. Posso te garantir que menos de 10% dos vinhos elaborados no mundo suportam guarda de mais de 10 anos. Portanto, a grande maioria é feita para ser consumida rápida, e não vai melhorar ou ganhar com a idade, pelo contrário!

5- QUANTO MAIOR O % ALCOÓLICO, MELHOR: a qualidade de um vinho é medida por diversos fatores, não só álcool: leva-se em consideração complexidade, intensidade, tipicidade, equilíbrio entre os componentes e persistência. Como você pode ver, a qualidade vai muito além do alto teor alcoólico. Basta observar que muitos dos melhores e mais caros vinhos do mundo não possuem muito grande graduação de álcool.

6- VINHO ROSÉ É PARA MULHER: já passou da hora de achar que vinho rosé é vinho para mulheres. Primeiro que vinho de mulher é aquele que ela quiser; segundo, que vinhos rosés podem ser complexos e muito bem elaborados, agradando a todos os gêneros. Chega de achar que um tipo de vinho é específico para um determinado público.

7- OS MELHORES VINHOS ESTÃO NAS MAIORES E MAIS PESADAS GARRAFAS: posso falar? Na maioria das vezes isso é uma jogada de marketing para que você pense exatamente isso é pague a mais pelo produto. É inegável que garrafas mais pesadas são mais caras e, portanto deixam o produto final com um custo maior. Porém, isso não significa que o vinho terá muita qualidade. No mercado, tem muito vinho de 150 reais bem melhor que alguns de garrafa pesada vendidos a 500 reais. Fique atento!

8- VINHO NÃO É BEBIDA PARA O DIA A DIA: essa é uma das maiores mentiras. Muito além de uma bebida para ocasiões especiais, vinho pode ser bebido a qualquer momento: uma tarde ensolarada, um dia chuvoso, no meio da semana com uma pizza despretensiosa. Basta você saber escolher o vinho certo! E nisso, eu posso e quero te ajudar!

E você? Já caiu em alguma dessas mentiras? Conhece outras? Me conta!!

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Sommelier Renato Salviano ministra o curso “Vinho para iniciantes” dia 26 em Macapá

O sommelier Renato Salviano e a loja Boutique Vinho & Cia lançam hoje o curso Vinho para iniciantes: da escolha do rótulo à harmonização do vinho.

O curso será o primeiro de uma agenda de cursos e iniciativas no mundo do vinho, organizado pelo profissional e divulgado nos próximos meses e conta com apoio de empresários de vários segmentos do estado.

Renato Salviano é sommelier pela Associação de Sommeliers do Rio Grande do Sul e possui certificação pela Wine & Spirit Education Trust – WSET, instituição britânica com renome na educação do mundo dos vinhos há anos.

É a primeira vez que um profissional do Amapá, com certificação, ministra cursos com essa temática para os próprios amapaenses. Até hoje, todos os cursos com esse tema foram ofertados por profissionais vindos de outros estados, pois não contávamos com nenhum sommelier “tucujú”.

De acordo com Renato, seu projeto visa facilitar o mundo dos vinhos para quem está iniciando ou já conhece um pouco, mas quer aprender mais, de maneira correta e descomplicada. Segundo o sommelier, a internet está cheia de ótimos profissionais e com conteúdo, mas de maneira desorganizada e com linguagem não muito simples, o que acaba dificultando o aprendizado e afastando pessoas do mundo dos vinhos.

O primeiro curso ocorrerá na cidade de Macapá, dia 26/03.
Confira abaixo mais informações e como se inscrever, ou clique no https://wa.me/5596981464774

A influência do La Niña nos vinhos brasileiros

A influência do La Niña nos vinhos brasileiros
Renato Salviano

Recentemente foi divulgado na mídia que produtores brasileiros estão bem animados com algo um tanto inusitado: o fenômeno climático La Niña e as consequências que ele pode trazer para os vinhos da safra de 2022.

O La Niña é um evento climático natural que tem início no oceano Pacífico, em especial nas áreas próximo da Linha do Equador. Consiste no resfriamento anormal das águas superficiais do oceano Pacífico. Os efeitos do La Niña são sentidos em diversas localidades, como é o caso do Brasil. No país, há um aumento no volume de chuvas no Norte e Nordeste, bem como secas e temperaturas muito elevadas na região Sul.

Este ano o fenômeno foi bem sentido na região sul do país, principal produtora de uvas viníferas do Brasil, trazendo um calor acima do normal e longas estiagens na época de amadurecimento e colheita das uvas.

Em entrevista ao portal Neofeed, o professor doutor de enologia da Universidade Federal do Pampa, Marcos Gabbardo, disse que o clima seco chegou a levar muitas videiras jovens a morte. Porém, as que sobraram mostram uma boa concentração organoléptica, com potencial para vinhos mais fortes, em um estilo que está sendo chamado pelos produtores como mais “uruguaio”, proporcionando aos vinhos brasileiros da safra de 2022 maior corpo, estrutura e teor alcoólico.

Importante mencionar que vinhos de climas mais quentes costumam ser potentes, possuir teor alcoólico maior e concentração de aromas de frutas vermelhas e negras em estágio mais maduro, perdendo um pouco daquele “frescor”. Esse estilo, por sinal, agrada muito o paladar dos consumidores de vinhos tintos secos do Brasil, que bebem aos montes os vinhos uruguaios e argentinos, que geralmente apresentam essas características.                              Vinhos de clima quente: mais encorpados e alcoólicos

Como já citei em outras colunas, o terroir vai definir o estilo do vinho. Terroir é a junção entre clima, solo e mão do homem, e quando um desses pilares se modifica, o vinho também será diferente, mesmo que de uma mesma uva e mesma videira.

É por isso que se faz muito importante experimentar o mesmo vinho de safras diferentes. Sempre ouço de clientes a seguinte frase: “eu já tomei esse ano passado, deve ser a mesma coisa”, mas garanto: NÃO É! Este vinho pode mudar completamente de um ano para o outro, aportando características totalmente distintas daquelas que você percebeu na safra anterior.

Por isso, sempre que tomar um vinho mais especial, faça suas anotações e considerações em um bloquinho de notas, e quando tomar ele novamente, em safra distinta, compare as anotações atuais com as passadas. Você perceberá a diferença!

E lembre-se: se você tiver dúvidas de qual vinho escolher, eu estou aqui para te proporcionar experiências e te ajudar a celebrar a vida!

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Até semana que vem!

Vinhos – Reservado, reserva e gran reserva: Qual a diferença?

Reservado, reserva e gran reserva: Qual a diferença?
Renato Salviano

Uma das maiores dificuldades no mundo dos vinhos é escolher qual rótulo levar para casa. Procura-se sempre escolher a melhor opção, aliada ao preço e gosto pessoal. Quando estamos iniciando, algumas informações contidas nos rótulos das garrafas acabam nos induzindo a escolher determinado vinho. Afinal, quem nunca viu um vinho RESERVA e pensou: se é reserva, então deve ser bom, vou levar! Mas a verdade é bem diferente.

Hoje decidi falar sobre a diferença entre reservado, reserva e gran reserva. Primeiramente é preciso ter a seguinte noção: essas expressões nada tem a ver com qualidade do vinho. Explico melhor a seguir.                         Rótulo pode enganar: saber a real diferença é necessário!

Cada país possui sua legislação em relação às normas que disciplinam a produção de seus vinhos, portanto, cada nação determinará o que será o vinho lá produzido. Como estamos no Brasil e creio que a maioria de nós compra vinho aqui, então trabalharemos hoje levando em consideração a legislação brasileira.

A utilização dos termos reservado, reserva e gran reserva está diretamente ligada à quantidade de tempo em que esse vinho ficou amadurecendo, seja em barricas de madeira ou na garrafa, bem como sua graduação alcoólica. Daí a importância de entender que estes termos não significam qualidade.

Embora muitos mercados e vinícolas queiram induzir o consumidor a acreditar que reservado, reserva e gran reserva significa qualidade, essa não é a verdade. Nos últimos anos houve uma enxurrada de vinhos chilenos em nosso mercado. E para chamar a atenção do consumidor local, as vinícolas do Chile decidiram trazer para cá um termo chamado RESERVADO, o que virou uma febre e vendeu (e vende) litros e litros de vinho.                   RESERVADO: termo ganhou fama no Brasil graças aos vinhos chilenos

A verdade, porém, é que o vinho RESERVADO não existe no Chile. A legislação chilena disciplina apenas os termos Reserva, Reserva Especial, Reserva Privada e Gran Reserva. Logo, o famoso vinho reservado só existe nos mercados exteriores, como no Brasil.

Em nosso país este assunto passou a ser disciplinado apenas em 2018, com a INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 14, DE 8 DE FEVEREIRO DE 2018, do Ministério da Agricultura. Pensando na fama do termo reservado, houve uma pressão por parte de muitos produtores locais para que a expressão fosse normatizada e assim pudesse ser utilizada também pelas vinícolas nacionais.

Sendo assim, a Instrução Normativa nº 14/2018 traz em seu artigo 30 as especificações, para o nosso país, do que vem a ser um vinho RESERVADO, RESERVA E GRAN RESERVA, qual seja:

RESERVADO: vinho jovem pronto para consumo, com graduação alcoólica mínima de 10 %;
RESERVA: quando o vinho tinto, com graduação alcoólica mínima de 11% passar por um período mínimo de envelhecimento de doze meses, sendo facultada a utilização de recipientes de madeira apropriada; quando o vinho branco ou rosado, com graduação alcoólica mínima de 11%, passar por um período mínimo de envelhecimento de seis meses, sendo facultada a utilização de recipientes de madeira apropriada.
GRAN RESERVA: quando o vinho tinto, com graduação alcoólica mínima de 11%, passar por um período mínimo de envelhecimento de dezoito meses, sendo obrigatória a utilização de recipientes de madeira apropriada de no máximo seiscentos litros de capacidade por no mínimo seis meses; e quando o vinho branco ou rosado, com graduação alcoólica mínima de 11%, passar por um período mínimo de envelhecimento de doze meses, sendo obrigatória a utilização de recipientes de madeira apropriada de no máximo seiscentos litros de capacidade por no mínimo três meses.

Verificamos então que vinhos reservados podem ser qualquer vinho que tenha graduação acima de 10% de álcool, e que esteja pronto para consumo. Assim como os reserva e gran reserva, que precisam ter determinada graduação e passagem por madeira. Como se observa, tais termos não possuem ligação direta com a qualidade.

Todavia, acho importante citar que muitas vinícolas acabam destinando seus melhores produtos para tempo de amadurecimento em barricas de carvalho, e por isso utilizam os termos reserva e gran reserva para agregar valor ao rótulo de maior qualidade. Importante citar mais uma vez que essa nomenclatura muda de país para país, onde cada um possui sua regra específica.

Aprendemos hoje, então, que em nosso país termos como reservado, reserva e gran reserva são disciplinados por uma Instrução Normativa e estão ligados à graduação alcoólica do vinho e tempo de amadurecimento em madeira, podendo ser um produto de qualidade ou não. Sempre digo que a melhor opção é procurar um profissional qualificado para te indicar o melhor rótulo, por isso dê preferência às lojas com sommelier à disposição.

Em dúvida de qual vinho escolher? Quer conhecer mais sobre os tipos de vinhos e qual se encaixa melhor no seu jantar/evento? Você pode entrar em contato comigo pelo Twitter @RenatoSalviano ou pelos Instagrams @RenatoSalviano e @BoutiqueVinhoeCia.
Vai ser muito legal tirar suas dúvidas e conhecer suas experiências.
Até semana que vem!

Os termos técnicos do mundo dos vinhos

Os termos técnicos do mundo dos vinhos
Renato Salviano

Você que acompanha a minha coluna, ou que está iniciando no mundo dos vinhos, deve sempre se perguntar: mas o que significa tanino? E decantação, o que é isso? Hoje, decidi escrever de maneira sucinta e mais clara possível sobre alguns termos técnicos no mundo do vinho, para facilitar o entendimento de quem quer aprender um pouco mais. Vamos lá?

Primeiramente, acho importante diferenciar Sommelier, Enólogo e Enófilo. O SOMMELIER é um profissional que em nosso país possui regulamentação pela Lei nº 12.467/2011. O Art. 1º desta lei dispõe que “Considera-se sommelier, para efeitos desta Lei, aquele que executa o serviço especializado de vinhos em empresas de eventos gastronômicos, hotelaria, restaurantes, supermercados e enotecas e em comissariaria de companhias aéreas e marítimas”. Deste modo, o sommelier é o profissional responsável por criar a carta de vinhos de hotéis, restaurantes, eventos e etc. Além disso, é o responsável pelo armazenamento, contagem de estoque, realizar o serviço de vinhos, e aqui se inclui a limpeza e arrumação de todas as taças, atendimento ao cliente e elaboração de cursos sobre vinhos. SOMMELIER: muito além de provar vinhos, profissão exige desde contagem de estoque ao serviço do vinho

Já o ENÓLOGO, é o responsável por elaborar os vinhos. Geralmente, ele participa de todas as etapas de elaboração, desde a plantação até o engarrafamento e distribuição ao mercado. É o enólogo que vai escolher qual a melhor uva para determinado tipo de solo, e quais uvas usar para se fazer o vinho ao qual ele ou o produtor tem em mente. Sem dúvidas, é o profissional mais importante na produção, porque é de suas ideias e estudos que o vinho nasce e chega em nossas taças com aqueles aromas e sabores que amamos. EDEGAR SCORTEGAGNA: da Vinícola Luiz Argenta, foi eleito melhor enólogo brasileiro em 2020

O ENÓFILO, por sua vez, é aquele amante de vinhos que se dedica ao estudo da área, profissionalmente ou por prazer. Diferente do sommelier ou enólogo, o enófilo não possui formação. Geralmente é uma pessoa que aprendeu através de estudos particulares ou por meio de degustações.

Agora falando do vinho em si, é bem provável que você, ao comprar um vinho, já tenha se deparado com o termo BLEND. Também chamado de ASSEMBLAGE ou CORTE, refere-se ao procedimento de combinar duas ou mais uvas para elaborar um vinho. Um enólogo geralmente decide combinar uvas para que as características de uma complete ou suavize as características de outra. Um blend muito conhecido no mundo dos vinhos é a junção entre as uvas Cabernet Sauvignon e Merlot, gerando vinhos equilibrados e gostosos de se beber. BLEND: junção de uvas serve, dentre outras coisas, para buscar o equilíbrio do vinho

Vinhos muito potentes ou mais antigos costumam ter seus aromas e sabores adormecidos dentro da garrafa. Pense comigo: são anos ali, paradinho dentro da garrafa. Então o que fazer para liberar tudo o que o vinho pode entregar? Neste momento, entra em ação o processo de AERAÇÃO. Aerar significa expor o vinho, de maneira controlada, ao oxigênio. O contato com o oxigênio ajuda a liberar as moléculas de álcool, auxiliando a liberar então os aromas e sabores. Este processo pode ser realizado por uma peça, geralmente em cristal, chamada decanter, que também possui outra função.                          Processo de aeração do vinho: liberar aromas e sabores

Muito além de aerar, a principal função do decanter é a DECANTAÇÃO. Decantar nada mais é do que separar as borras do vinho de sua parte liquida, para que não chegue até a taça de quem vai beber. É um método geralmente necessário para vinhos com muitos anos de guarda, que vão criando detritos. O profissional mais indicado para fazer a decantação é o sommelier, com a ajuda de uma vela e de maneira bem delicada, como se vê na imagem abaixo.               DECANTAÇÃO: com o auxílio de uma vela, visa separar as borras do vinho

Garrafa aberta, vinho aerado ou decantado, vamos beber! E ao ingerir um vinho tinto seco, você sente aquela sensação travosa na boca. Eis os taninos. Cientificamente falando, taninos são polifenóis presentes principalmente na parte externa de diversas plantas. No caso das uvas, presentes em sua casca e sementes. Além da adstringência, os taninos ajudam a conferir corpo e longevidade ao vinho. Algumas uvas como a cabernet sauvignon são muito tânicas, Esse é um dos motivos para comumente encontrarmos blends dela com a Merlot, como vimos acima. Memos tânica, a Merlot ajuda a equilibrar o vinho e o tornar mais macio em boca. Outra maneira de controlar a agressividade dos taninos é o envelhecimento em barricas de carvalho. Presentes em diversas frutas e plantas, os taninos estão presentes nas cascas e sementes das uvas

Mas Renato, agorinha você falou em corpo do vinho. O que é isso? Bem, vamos fazer uma simples analogia: imagine o leite integral, semidesnatado e desnatado. Quanto tomamos um leite integral, ele parece ser mais consistente em nossa boca. O semidesnatado já aparenta ser um pouco mais fraco e o desnatado nos causa a sensação de ser bem fraco e “ralinho”. Com o vinho é a mesma coisa. Corpo nada mais é do que o volume do vinho. Vinhos mais densos apresentam uma textura mais aveludada na boca, diferentes daqueles com baixo corpo. Um tannat, por exemplo, geralmente é um vinho com mais corpo, enquanto a pinot noir tende a apresentar corpo médio para baixo.                    CORPO DO VINHO: sensação de peso que o vinho causa na boca

É importante falar que muitas dessas características são provenientes das uvas e do TERROIR em que foram plantadas. Terroir é uma palavra de origem francesa que tecnicamente falando significa um “conceito que remete a um espaço no qual está se desenvolvendo um conhecimento coletivo das interações entre o ambiente físico e biológico e as práticas enológicas aplicadas, proporcionando características distintas aos produtos originários deste espaço”. Em termos claros, Terroir é a junção entre solo, clima e mão do homem, que transformam aquela região/espaço em lugar único para elaboração de vinhos específicos. Um exemplo de terroir é o do vale dos vinhedos.                       VALE DOS VINHEDOS, exemplo de terroir específico

Sei que é muita informação, e se fosse disponibilizar todas, com riqueza de detalhes, provavelmente esta coluna viraria um e-book! Em breve, teremos a parte 2 desses termos técnicos, para que cada vez mais você entenda com clareza o que está bebendo, e acima de tudo, saiba escolher o que vai beber.

E não esqueça: se surgir uma dúvida, procure sempre o auxílio de um sommelier. Ele é o profissional ideal para indicar o melhor vinho, para a ocasião necessária. Você pode entrar em contato comigo pelo Twitter @RenatoSalviano ou pelos Instagrams @RenatoSalviano e @BoutiqueVinhoeCia. Vai ser muito legal tirar suas dúvidas e conhecer suas experiências.
Até semana que vem!

Todo vinho bom é caro?

Todo vinho bom é caro?
Renato Salviano

Por muito tempo se cultivou o pensamento de que vinho é uma bebida elitista. Não estava totalmente errado, tendo em vista que antigamente, a bebida era degustada principalmente por reis e altos membros da igreja católica, que por sinal em muitas regiões, séculos passados, eram os detentores dos mais nobres vinhedos e elaboravam os vinhos mais caros.

Um exemplo disso são os vinhos de Châteauneuf-du-Pape, Apelação de Origem Controlada (A.O.C.), localizada nos arredores do Vilarejo de Châteauneuf-du-Pape, dentro da Região vitícola do Vale do Rhône, na França.

Em tradução livre, Châteauneuf-du-Pape significa “castelo novo do papa”. O nome faz referência à cidade de Avignon, na França, que passou a ser residência oficial do papa durante o século XIV, momento em que a viticultura local ganhou muita qualidade, para produção de vinhos para o papa e membros do alto clero da igreja. Região possui rótulos reconhecidos e caros. Qualidade remonta de séculos atrás, com produção de vinhos para altos membros da igreja católica

De algumas décadas para cá, no entanto, com o crescimento do consumo de vinho e a expansão da produção no chamado Novo Mundo (SAIBA O QUE É O NOVO MUNDO CLICANDO AQUI), o vinho passou a se popularizar e alcançar todas as camadas sociais, partindo de preços baratíssimos até cifras milionárias.

Daí surge a pergunta: todo vinho bom é caro? Não, e esse é um dos grandes mitos do mundo dos vinhos. Assim como nem todos os vinhos muito caros serão bons. Explico.

Primeiro devemos levar em consideração o gosto de quem está bebendo. Aquelas pessoas iniciantes provavelmente achariam um vinho de dez mil reais estranho, por costumar ser um vinho mais antigo, com aromas terciários e notas nem sempre tão agradáveis ou fáceis de se identificar ao paladar não treinado.                 Romanée-Conti de 1945. Vinho foi leiloado por R$ 2,6 milhões de reais

Segundo, é possível encontrar ótimos vinhos abaixo de 100 reais a garrafa. Sei que para muitos este valor ainda é elevado, mas mesmo na casa dos 50 reais você já encontra vários produtos de qualidade. Toro Loco: fácil de beber, espanhol caiu no gosto dos brasileiros. É sucesso de vendas e custa em torno de R$ 50-60,00 reais a garrafa

O que torna um vinho bom, não é exclusivamente seu preço, sua região ou seu produtor. Devemos levar em conta diversos fatores, como acidez, taninos, álcool, aromas e persistência deste vinho em boca. O EQUILÍBRIO destes itens é que vai tornar o vinho um bom vinho.                     Equilíbrio do vinho: bebida precisa ter harmonia em seus componentes,
para que seja agradável e fácil de beber

Não adianta uma garrafa de vinho custar 500 reais, e possuir um tanino (aquela sensação travosa na boca) exagerado, com baixa acidez e poucos aromas. Este vinho, embora caro, não tem uma qualidade tão boa. Do mesmo modo, um vinho pode custar 100 reais, e ter uma harmonia perfeita entre todos os itens, tornando-se um vinho maravilhoso de se beber e harmonizar.

Portanto, você que quer comprar um bom vinho, procure primeiro lembrar de seu gosto pessoal, dando preferência àqueles que possam agradar seu paladar; segundo, leve em consideração as características desse vinho, isso você encontra geralmente na ficha técnica, disponível na internet (algumas vinícolas já disponibilizam QRCODE no contrarrótulo, para que o cliente saiba todas as características do vinho). Vinícola brasileira Viapiana disponibiliza qrcode no contrarrótulo de todos os seus produtos: link direciona para site com todas as informações sobre o vinho

Mas se ainda assim pintar uma dúvida sobre a qualidade do produto, procure uma loja com sommelier a disposição. Ele é o melhor profissional para te auxiliar, e vai mostrar o vinho perfeito para o seu paladar e que caiba dentro do seu orçamento.
Sou sommelier e você pode entrar em contato comigo pelo Twitter @RenatoSalviano ou pelos Instagrams @RenatoSalviano e @BoutiqueVinhoeCia (minha loja de vinhos no Amapá) . Vai ser muito legal tirar suas dúvidas e conhecer suas experiências.
Até semana que vem!                    O sommelier é o profissional ideal para escolher o vinho perfeito que
mais agrade o seu paladar e também o seu bolso

Você já tomou vinho verde?

Você já tomou vinho verde?
Renato Salviano

O mundo dos vinhos vai muito além do Malbec argentino ou do Carménère chileno. Cada região produtora possui sua peculiaridade e pode produzir vinhos únicos. Quando uma região passa a produzir vinhos especiais e com particularidades, elas podem ganhar uma nomenclatura que chamamos de DENOMINAÇÃO DE ORIGEM, ou simplesmente D.O. (no caso de Portugal, a nomenclatura é D.O.C., que significa Denominação de Origem Controlada, mas que tem o mesmo significado e sentido da D.O.).

Dentre as diversas denominações de origem controlada de Portugal (são 14 ao total), um país produtor do velho mundo (para conhecer a diferença entre velho e novo mundo, verifique a coluna da semana passada clicando aqui ), está a REGIÃO DE VINHOS VERDES.             Todos os vinhos da Região de Vinhos Verdes deve conter um selo igual a este

Demarcada em setembro de 1908, esta região é a maior denominação de origem de Portugal e uma das maiores da Europa, possuindo mais de 24 mil hectares de área plantada e representando cerca de 15% da produção vitícola do país!

O produtor que decide fazer um Vinho Verde deve atender a diversas exigências, dentre elas: estar na região demarcada de Vinhos Verdes, elaborar de vinhos brancos, rosés e tintos dos tipos tranquilo e espumante. Os tranquilos devem ter um volume alcoólico entre 8,5% e 14% e os espumantes entre 10% a 15% de álcool.

Todos os vinhos devem ser elaborados exclusivamente com castas autóctones da região, são elas: as brancas Alvarinho, Arinto, Avesso, Loureiro, Azal, Batoca, Trajadura, e as tintas Vinhão, Alvarelhão, Amaral, Borraçal, Espadeiro, Padeiro, Pedral e Rabo de Anho. Vinhos brancos são os mais importantes da D.O.C., mas também encontramos rosés, tintos e espumantes

Embora tenha VERDE no nome, os vinhos desta denominação nada têm a ver com esta cor. São reconhecidos de lá, na verdade, os vinhos brancos, mas também, como já vimos, podem ser produzidos tintos e rosés. Portanto, sempre que ouvir falar em vinho verde, saiba que esta referência é em relação à denominação de origem, e não a cor do vinho, ok? Especialistas afirmam que o nome VINHOS VERDES vem da grande quantidade de vegetação do local

O mercado de vinhos verdes vem se aquecendo cada vez mais, e hoje já representa quase 70 milhões de euros! São vinhos, em sua maioria, leves, frescos e com acidez bem acentuada, podendo ainda ter um leve frisante. São bem florais e frutados, o que lhes tornam muito gastronômicos, podendo ser harmonizados com diversos tipos de comida.

Por falar em harmonização, dê preferência a pratos da culinária japonesa (sushi), frituras (bolinhos e salgadinhos, por exemplo), frutos do mar, peixe (aqui pode entrar inclusive o bacalhau)                      Muito aromáticos, os vinhos verdes são fáceis de harmonizar

Em dúvida de qual vinho verde escolher? Quer conhecer mais sobre esses e outros rótulos portugueses? Procure uma loja de vinhos com sommelier a disposição! Ele é o profissional ideal para indicar o melhor vinho para a ocasião necessária. Você pode entrar em contato comigo pelo Twitter @RenatoSalviano ou pelos Instagrams @RenatoSalviano e @BoutiqueVinhoeCia. Vai ser muito legal tirar suas dúvidas e conhecer suas experiências.
Até semana que vem!

Conheça o velho e o novo mundo dos vinhos

Conheça o velho e o novo mundo dos vinhos
Renato Salviano

O mundo dos vinhos possui uma infinidade de rótulos, estilos, aromas e sabores. Cada região, vinhedo e espaço de terra produz um vinho diferente, e a cada safra esse vinho de um mesmo espaço pode mudar, a depender do clima, por exemplo.

É impossível precisar quantos rótulos de vinho existem no planeta. Tendo em vista que temos cerca de 10 mil tipos de uvas viníferas, chegar a um número de rótulos é praticamente impossível. Estima-se, no entanto, que só a Itália já tenha produzido mais de 1 milhão de rótulos.

Mas quem adentra nesse mundão infinito costuma se deparar com alguns termos peculiares, como é o caso do NOVO E VELHO mundo dos vinhos. Mas Renato, afinal o que é cada um? E qual a diferença entre eles?

Não é possível dizer ao certo quando o vinho surgiu. Há indícios de que o vinho exista há mais de 7.000 anos, e sua origem mais provável é no Oriente Médio, na região onde hoje se localizam Síria, Líbano e Jordânia. Outro historiadores trazem o egito como berço das primeiras produções. Não se sabe ao certo a origem do vinho, mas vários historiadores acreditam que tenha nascido em países como Síria, Jordânia e Egito

Analisando caroços de uvas, arqueólogos conseguiram descobrir que se produziu vinho num passado muito remoto e que no que no final da Idade da Pedra aconteceu uma transição: de videiras silvestres para as videiras cultivadas. Isso nos mostra uma prova de que nessa época o vinho já começava a ser elaborado de forma proposital.

Todavia, é possível afirmar onde o vinho mais se desenvolveu, e em qual região ele criou as características que nós conhecemos hoje. Chegamos ao Velho mundo!

Países do velho e do novo mundo dos vinhos

O VELHO MUNDO é composto por França, Itália, Espanha, Alemanha e Portugal. Esses países foram responsáveis por desenvolver as técnicas que nos permitiram chegar ao vinho como ele conhecido hoje, e são de lá que saem boa parte dos melhores e mais caros vinhos do mundo!

Vinhedos da Região de Borgonha, na França: vinhos famosos e de alto valor

Já no NOVO MUNDO, temos aqueles países onde a produção de vinho se iniciou a pouco tempo, e ainda vem se desenvolvendo e criando espaço no mercado. Podemos citar aqui o Brasil, Estados Unidos, Argentina, Chile, África do Sul, Austrália e diversos outros. Importante que, embora tenham sem toque na produção, estes países estão sempre buscando no velho mundo as tecnologias e referências, para aperfeiçoar cada vez mais seus rótulos!

Vinhedo no Vale dos vinhedos, no Brasil: vinhos jovens que vem se posicionando no mercado e ganhando cada vez mais qualidade

E quais as suas principais diferenças?

O velho mundo leva muito em consideração o TERROIR e a TRADIÇÃO, de seus vinhedos e seus produtores. Deste modo, os vinhos do Velho Mundo tendem a ser mais estruturados e austeros. São rótulos pensados para amadurecer na garrafa por muitos anos. No Velho Mundo, muitos destacam no rótulos dos vinhos a região de origem e o produtor e não a uva, pois os produtores prezam pela notoriedade das Denominações de Origem (D.O.)

Exemplo de rótulo de Bordeaux: foco no produtor e na região

Essa não é uma regra, mas muitos vinhos do Velho Mundo são produzidos com uma mistura, também chamado de corte ou de assemblage, de duas ou mais variedades de uvas, buscando um maior equilíbrio.

Já os vinhos do NOVO MUNDO, de maneira geral, tendem a ser mais frescos e frutados. São rótulos jovens e fáceis de beber, que não passam por um longo período de amadurecimento em barris de carvalho.

No Novo Mundo, o que está destacado no rótulo das garrafas é a uva que compõe o vinho. Por isso, estamos acostumados a encontrar nas prateleiras vinhos Cabernet Sauvignon, Malbec, Carménère, Chardonnay, Sauvignon Blanc, etc.

Tipo de uva é um dos destaques nos rótulos do novo mundo

A maior parte dos vinhos do Novo Mundo é do estilo varietal, sendo compostos por apenas uma única uva, ou onde uma uva compõe a maior parte do corte.

Claro que aqui, fizemos uma grande generalização. O mundo dos vinhos vai bem além do que a regra permite. E você, já descobriu qual seu estilo de vinho? Prefere a classe e elegância dos franceses ou o frescor e jovialidade de um brasileiro ou chileno?

Em dúvida de qual estilo de vinho tomar? Quer conhecer mais sobre as diferenças de vinhos do novo e velho mundo? Procure uma loja de vinhos com sommelier a disposição! Ele é o profissional ideal para indicar o melhor vinho, para a ocasião necessária. Você pode entrar em contato comigo pelo Twitter @RenatoSalviano ou pelos Instagrams @RenatoSalviano e @BoutiqueVinhoeCia. Vai ser muito legal tirar suas dúvidas e conhecer suas experiências. Até semana que vem!