Jornalismo Cultural – 10 dicas para iniciantes

Dez dicas para iniciantes
Por Franthiesco Ballerini

Com muita frequência, recebo perguntas de alunos e jornalistas recém-formados sobre o que é mais importante para se tornar um jornalista cultural de referência no Brasil atualmente. É óbvio que não existe uma fórmula para o sucesso – nesta vida o acaso prega mais surpresas que o planejamento, eu mesmo achava que seria jornalista econômico até me convencer de que não sabia fazer conta. Mas dicas são sempre importantes para quem está entrando neste conturbado e sempre mutável mundo do jornalismo. Então aqui vão algumas.

1-Não leia tudo. Seja seletivo com sua leitura. Essa história de que ler até bula de remédio já vale o hábito é bobagem. Há uma avalanche diária de textos, livros, revistas, jornais, sem falar de textinhos e textões de redes sociais pedindo sua atenção. Não há tempo pra tudo isso. Para mim, jornalista cultural deve priorizar os clássicos – Machado de Assis, Dostoievsky, Edgar Allan Poe, Nelson Rodrigues, Charles Dickens, Jean-Paul Sartre, Kafka, sem ter medo de não entendê-los. A prática e o convívio com estes gênios certamente ajudará na sua formação vocabular e no seu raciocínio humanístico.

2-Selecione as bobagens para ler.
Feito o item 1, é fundamental ler bobagens, ou melhor, textos e autores que não se aplicam diretamente a sua formação. Aprendi a ter gosto por leitura, aos 12 anos, lendo a seção Oráculo da Superinteressante. Desde então, sou assinante da revista. Ignorar autores como Paulo Coelho é um grande erro. Não se pode criticar aquilo que não se leu. Paulo Coelho vende, muito. Descubra o porquê.

3-Tenha dois mil anos.
Esses dias eu mostrei duas fotos históricas a uma sala com cem alunos de comunicação: uma do Tancredo Neves ao lado dos médicos, outra de Vladmir Herzog “enforcado” no DOI-Codi. Só dois alunos sabiam do que se tratava. Jornalista cultural precisa ter pelo menos dois mil anos de idade. Conhecer História a fundo, ter uma (Leia mais)

Jornalista Jorge Bastos Moreno morre aos 63 anos

O jornalista Jorge Bastos Moreno, repórter e colunista político do jornal O Globo, morreu na madrugada de hoje (14), aos 63 anos, no Rio de Janeiro. Segundo O Globo, jornal onde trabalhou por 35 anos, ele sofreu um edema agudo de pulmão, decorrente de complicações cardiovasculares, por volta da 1h desta quarta-feira.

Moreno foi o primeiro jornalista a noticiar a escolha do general João Baptista Figueiredo como sucessor do também general Ernesto Geisel na Presidência da República, quando ainda era repórter do Jornal de Brasília.

Ele também teve papel importante com a publicação de informações em 1992 que levaram ao impeachment do então presidente Fernando Collor. Conquistou o Prêmio Esso de Informação Econômica de 1999 com a notícia da queda do então presidente do Banco Central, Gustavo Franco.

Desde o fim da década de 90, mantinha uma coluna política em O Globo e, desde março deste ano, apresentava um programa de entrevistas na rádio CBN.

(Agência Brasil)

Retrato em preto e branco

A foto é dos anos 60. No salão da Piscina Territorial, provavelmente numa manhã de domingo, Baião Caçula, Benedito Andrade, Agostinho Souza, José Maria de Barros, Ruy Campos e Pedro Silveira. Na época todos trabalhavam na Rádio Difusora de Macapá – a ZYE-2.
(Foto: arquivo do jornalista João Silva)

Elton Tavares – um jornalista “de rocha”

Um dia perguntei a ele:
Por que escreves?
A resposta foi curta e direta:
“Escrevo para não deixar meus pensamentos parados”.

E escreve muito, todo dia, toda hora, sobre tudo. É compulsivo. Poderia ser um administrador de empresas. Mas isso não combina com ele. Daí que largou o curso de administração no quinto semestre. Quis ser advogado, mas não passou no vestibular para Direito e foi classificado para Comunicação com habilitação em Jornalismo. Sorte nossa que ganhamos um bom jornalista ético, responsável, cuidadoso com a informação e com a gramática e que joga atua bem em todas as posições: assessorias, redações de jornais e no seu bombado blog, o De Rocha, que é o veículo de comunicação que dá mais visibilidade e maior espaço para os artistas e eventos culturais.

“A melhor coisa, para mostrar meu trabalho e escrever com liberdade,
foi criar o meu blog, o De Rocha”

Polêmico? Sim; às vezes. Autêntico? Sim. Sempre. Amigo? Sim. De rocha, daqueles para os quais os amigos não tem defeitos pois são bênçãos divinas.

Ah, poderia ser rockeiro e estar nos palcos tocando guitarra. Mas não aprendeu a tocar um instrumento, em compensação “batuca muito bem as pretinhas”.

“O jornalismo foi amor à primeira pauta”

Ele escreve crônicas deliciosas, que  chama de “devaneios”. Aliás, já está na hora de reunir esses devaneios em livro e lançar lá no Bar do Índio, onde é comum encontrá-lo rodeado de amigos no fim da tarde quando sai do trampo.

Elton no trampo e fora do trampo

Bati um papo rapidinho com ele, o Elton Tavares,  esses dias. Acompanhe as perguntas e respostas. E se alguma coisa deixou de ser perguntada, pode fazer  sua pergunta na caixa de comentários que ele jura que responde.

Vamos lá:

O que te levou a escolher a profissão de jornalista?
Sempre gostei de cultura, informação e principalmente música. Queria escrever sobre isso, já que nunca aprendi a tocar nada. Além disso, lia blogs de amigos e jornalistas amapaenses como o seu. A gota d´água veio por acaso, quando fiz o vestibular para Direito. Não passei, mas me classifiquei para Comunicação com habilitação em Jornalismo. Aí larguei o quinto semestre de Administração e segui. Foi amor à primeira pauta.

Há quanto tempo?
Estou no jornalismo há 11 anos. Confesso que não imaginava que daria tão certo.

Teve alguma influência? De quem?
Li muita coisa do Nelson Mota, artigos e livros;  Marcelo Rubens Paiva, entre outros grandes jornalistas que são escritores e cronistas no Brasil. Aqui no Amapá sou fã do Bonfim Salgado e dos meus amigos Fernando Canto e Alcinéa Cavalcante.

Onde já trabalhou?
Fui estagiário da Rede Amazônica, passei pelo Portal Amazônia, jornal Correio do Amapá, Assessorias de comunicação do Governo do Estado, Prefeitura de Macapá, TRE-AP e senador Randolfe Rodrigues, onde atuo desde fevereiro deste ano.

Qual a matéria ou fato inesquecível?
Não sei precisar, escrevi textos importantes sobre ministros no Amapá, primeira administração do prefeito Clécio, algumas do senador Randolfe, a inaugurações de obras importantes no meu estado ao longo dos anos e fiz uma série de denúncias no meu site. Não dá pra escolher só uma.

Que matéria/entrevista gostaria de ter feito e ainda não fez?
Quero entrevistar astros de Rock and Roll. Essa linha do jornalismo cultural sempre me fascinou. Gosto muito desse tipo de matéria.

Qual o maior mico que já pagou?
Brigar com amigos por besteira. Discutir por falsas ideologias e tals. Hoje sei bem separar as coisas e respeitar opiniões contrárias, desde que sejam embasadas e não mentiras escritas para ludibriar o leitor.

Uma coisa muito legal dessa profissão é …
A coisa mais legal é você escrever algo que ajude alguém ou um grupo relevante para a sociedade. Outra é  olhares para teu texto e pensar: esse ficou bom. E assim repercutir. Isso sem falar no barato que é reunir com os jornalistas amigos, seja nas pautas da vida ou nos botecos da cidade.

Como é teu dia a dia?
Acordo cedinho, apesar de dormir tarde, atualizo o meu site e saio para trabalhar. Cumpro uma jornada de dois ou três horários, a depender da agenda do dia. Em alguns finais de semana, também trabalho.

Fala um pouco sobre teu bombado blog
O De Rocha nasceu em 2009, ainda como um blog, por incentivo de uma ex-namorada. Me viciei em atualizá-lo, onde divulgo cultura e informes relevantes para o Amapá. Sou compulsivo por mantê-lo sempre atualizado, aprendi em um curso de webjornalismo que fiz, em 2008, em Manaus (AM), que a velocidade da informação e atualizações de uma página eletrônica durante o dia todo, despertam interesse. Deu certo. Em 2014, o blog virou site e já dá frutos, como anunciantes. Me dedico a ele e o resultado são quatro mil acessos ao dia.

Vida de jornalista é…
É uma delícia. Apesar de contratempos e dificuldades, mais diversas no Amapá do que no resto do Brasil, amo essa vida louca do jornalismo. A profissão ainda precisa ser mais respeitada por aqui, mas acredito que bons profissionais (os sérios) possuem seu espaço garantido.

Não me acho e nunca me achei superior a ninguém, muito menos especial. Mas levo a sério esse ofício. Já trabalhei ou sou amigo de ótimos profissionais desta área, com quem aprendi muito e sigo no aprendizado. Assessorei secretarias de Estado e do município, dois governadores, um prefeito, dois desembargadores, um Tribunal e agora um senador. Continuar com espaço e respeito é um prêmio pelo esforço ao longo dos anos. Continuo convivendo com figurões e anônimos, sem deslumbre ou desdém, pois é assim que deve ser. A  gente precisa aplaudir boas práticas, sobretudo culturais e criticar sempre que  necessário. 

Que dicas você daria para quem está começando agora?
Para ser um bom jornalista, além de ler e ter bom relacionamento com os colegas, é preciso ser competente. É a única maneira de você não se tornar um puxa-saco, pois será respeitado pelo trabalho e postura.

O que fazes fora do trampo?
Me divirto (risos). Vou a bares, shows, cinema, restaurantes, casas de amigos e familiares. Também um pouco de leitura para fertilizar o cérebro, que também é diversão.

E  eu acrescento: brinca o carnaval, sai na escola de samba Piratas da Batucada; é o Rei Momo do bloco “Me imprensa que eu te jogo na rede”, viaja pra qualquer lugar do Brasil pra assistir shows de suas bandas de rock preferidas; paparica a sobrinha, a mãe e a avó e não dispensa uma gelada com os amigos no fim de tarde ou comecinho da noite.