Os poetas também fazem rir

Esta eu li numa edição da Revista Rumo de outubro de 1959

O poeta Aluízio Cunha – que era funcionário do gabinete do governador do então Território Federal do Amapá – resolveu após vários anos de cogitação, fazer uma granja no bairro do Laguinho.
Acontece que, logo no dia seguinte ao da inauguração, era sábado e seus colegas de trabalho Conceição e Marinho estavam sem dinheiro, doença que consideram das piores para quem sabe aproveitar a vida.
Marinho então, em nome dos dois, dirigiu o seguinte vale ao Aluízio:

Senhor Aluízio Cunha,
mui digno proprietário
duma granja, no Laguinho!
Está faltando dinheiro
tanto para o Conceição
como para o poeta Marinho.
Achamos, por isso mesmo,
que o senhor, que é criador
e está com a vida folgada,
poderá, perfeitamente,
num gesto nobre e louvável,
nos afastar da enrascada.
Como já disse o ditado,
“se no céu vale quem presta,
na terra vale quem tem”.
Mostre então o seu valor,
não nos deixe sem cerveja,
pois sede mata também.

Amar é o lance! – Elton Tavares

Amar é o lance!
Elton Tavares*

Escuto sempre que a vida é simples e somos nós que complicamos. O lance é viver sem frescura, fazer o bem, fazer o certo, cercar-se de gente que realmente importa. O lance é ter vergonha na cara, sem muita conversa ou muito explicar, se fazer feliz.

O lance é ser autêntico, verdadeiro, bom e amoroso. Também respeitado, aguerrido e combativo se preciso. O lance é ser bem humorado, espirituoso e até irônico, se necessário.

O lance é identificar amigos que não só pedem, mas também se dão. O lance é fazer o que gostamos, seja no bar o ou na igreja, tanto faz.

O lance é honrar a família, não toda, só os que lhe aquecem no frio e apoiam quando dá merda. O lance é respeitar os colegas, seja de trabalho, de copo e pessoas em geral.

O lance é puxar a fila, trazer novidade, não ser só mais um. O lance é sentir saudade sem se prender a algo que nunca mais será da mesma forma e seguir em frente.

O lance é usar palavras duras, mas também elogiar e até pedir desculpas. O lance é, se preciso, assumir e confessar erros, bater e apanhar, mas jamais deixar de amar aos seus e a si mesmo. Esse sim é o grande lance!

*Elton Tavares é jornalista, cronista e editor do blog De Rocha!

Retrato em preto e branco

recorteLuiz Melo, Gilberto Semblano e os saudosos jornalistas Hélio Penafort e Jorge Hernani

Mesmo em momentos de descontração, como num papo molhado, o jornalista Luiz Melo não larga a caneta e o bloquinho de papel. A foto está publicada numa edição de 1997 do jornal Diário do Amapá.
Registro feito pelo saudoso repórter fotográfico Samuel Silva.

Globo compra a parte da Folha no Valor Econômico

O Grupo Globo comprou a parte da Folha no Valor Econômico.
O anúncio foi feito ontem com um curto comunicado onde os dois grupos – Globo e Folha – informam sem detalhes o fim da sociedade que iniciou em maio de 2000.

Eis a íntegra do comunicado:

“Os Grupos Globo e Folha, sócios na empresa Valor Econômico S.A., responsável pela edição do jornal Valor Econômico, informam que negociaram a venda integral da participação do Grupo Folha na referida empresa ao Grupo Globo. O fechamento da negociação está sujeito à aprovação do CADE, na forma da legislação pertinente.”

Elton Tavares, por que escreves?

“Escrevo para não deixar meus pensamentos parados” (Elton Tavares)

Os motivos de eu escrever…
Elton Tavares*

Escrevo ao longo dos últimos 12 anos. Sete deles para este site, que já foi um blog. Sempre tento me ater a verdade. Redigir textos onde dados e fatos me levam. Com exceção de sandices, devaneios e contos, que são escritos mágicos para mim. Pois ficção exercita a criatividade.

Um dia, há alguns anos, me perguntaram: “Elton, porque você perde tempo com esse papo de blog. Porque não faz algo útil com o tempo gasto nessa página de besteiras”. Neste instante, consegui evitar um surto psicótico e palavrões a esmo para o meu questionador.

Aí expliquei para o pateta porque escrevo. Escrevo porque amo a noite, futebol, samba, rock and roll, minha família, meus amigos e amo ser eu (com todos os defeitos e chatices), não necessariamente nesta ordem, claro. No meu caso, leituras alternativas tornam o dia menos tedioso. Principalmente quando tais escritos são sobre cultura em geral.

Gosto de usar um senso de humor cortante nos meus textos para este site, assim como muita nostalgia, sentimentalismo barato (que pra mim é caro), transformar relatos em memória da minha cidade, do meu estado. Vez ou outra, até fazer velhas piadas com novos idiotas, ser um tanto antipático, chato ou adorável encrenqueiro. E sempre amoroso com minhas pessoas do coração. Sim, gosto disso.

Certa vez, li a frase: “escrever não é desistir de falar, é empurrar o silêncio para fora”, do poeta Fabrício Carpinejar. É esse o papo mesmo, escrever é uma válvula de escape, vicia e extravasa.

Escrevo até sobre o que finjo que acredito. Sabem aquelas pequenas porções de ilusão e mentiras sinceras de que o Cazuza falou? Pois é. Às vezes, detritos do cotidiano, grandeza desprezada, coisas bobas que parecem socos na cara, é bem por aí.

Mas gosto muito mais de escrever sobre o amor, sobre atitudes legais, sobre manifestações públicas de afeto e sobre pessoas admiráveis. Falar ou escrever sobre positividade é tão melhor.

Antes redigia um texto ou mais por dia e com muita facilidade. Agora, a falta de tempo e os períodos de entressafra de inspiração tornam os autorais mais raros. Quem dera fosse só querer e baixasse o espírito de Rui Barbosa, Charles Bukowski, Mario Quintana, Drummond ou o meu amigo Fernando Canto, e eu começasse a redigir como um gênio. Seria firmeza. Acreditem, um dia lançarei um livro de crônicas e contos.

Em tempo, escrevo para não deixar meus pensamentos parados. Queria poder escrever como Carlos Drummond de Andrade, que disse: “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos ,na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.”

Como não dá, sigo rabiscando minhas certezas, achismos, incertezas, chatices, amor, entre outro tantão de coisas que vivem neste meu universo particular que gosto de expor aqui. E fim de papo.

*Elton Tavares é jornalista, cronista e edita o site De Rocha!

A emoção do jornalista Evandro Luiz

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Considerado um dos melhores repórteres do Amapá, pioneiro no jornalismo televisivo, Evandro Luiz foi homenageado ontem pelo Memorial Amapá com a comenda Notável Edificador do Amapá.
Emocionado – e muito aplaudido – Evandro recebeu a comenda das mãos da colega jornalista Graça Penafort.
Uma homenagem mais do que justa a esse grande cidadão que, além de jornalista e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas, foi também sargento da Polícia Militar e craque no futebol jogando pelo São José, Ypiranga e Santana.

Em 70 anos pela segunda vez uma mulher é eleita presidente da Fenaj

Em 70 anos, pela segunda vez uma mulher vai presidir a Federação Nacional dos Jornalistas. A mineira Maria José Braga, atual vice-presidente, foi eleita presidente semana passada. Ela tomará posse durante o Congresso Nacional dos Jornalistas que será realizado no período de 25 a 28 de agosto em Goiânia.

Dos 31 sindicatos filiados à Fenaj apenas o do Amapá não participou da eleição. Esta é a primeira vez que o Amapá não participa desde que filiou-se. A presidente do Sindjor-AP, Denyse Quintas, disse ao blog que o Amapá ficou fora porque “o material da Fenaj não chegou em tempo hábil”.

Em todo o país, exceto no Amapá, apenas 3.997 jornalistas compareceram às urnas.Os números baixos — para uma categoria profissional que reúne, em nosso país, dezenas de milhares de trabalhadores em atividade — refletem os níveis reduzidos de filiação aos sindicatos da categoria, agravados pelas demissões em massa ocorridas nos últimos anos. Além disso, ajudam a explicar a situação de fragilidade do movimento sindical dos jornalistas frente a um segmento patronal predatório – e muito influente do ponto de vista político- , constituído pelo oligopólio da mídia e por monopólios regionais e locais”, diz o jornalista Pedro Pomar, do Movimento Luta Fenaj, criado em 2004 pela oposição de esquerda. 

Maria José foi eleita com 58,51% dos votos. A oposição – que apresentou como candidato Jonas Valente – teve 39,28%.Este foi o melhor resultado obtido nas duas últimas décadas pela oposição, cuja votação tem crescido a cada pleito: de apenas 24% em 2007, subiu para 32% em 2010, alcançando 36% em 2013″, ressalta Pedro Pomar.  Para Jonas Valente “o resultado mostrou que há uma parcela expressiva da categoria com sede de mudança”. Segundo ele, a chapa vencedora não apresentou propostas concretas para sair do imobilismo que vem marcando a Fenaj. “Seguiremos participando dos fóruns do movimento, propondo e cobrando que nossa federação responda efetivamente às demandas da categoria”, assegurou.

Maria José Braga  é a segunda mulher eleita presidente da Fenaj. A primeira foi Elisabeth Villela da Costa (2001-2004). Beth, como é conhecida, faz parte dessa nova diretoria. Ela ocupará o cargo de secretária-geral.

A FENAJ foi fundada em 20 de setembro de 1946.