Substituíram a ditadura militar pela ditadura midiática, diz Kucinsky

Da Agência Brasil

“Substituíram a ditadura militar pela ditadura midiática, a dominação pelo consenso”, disse hoje o jornalista e escritor Bernardo Kucinski, sob aplausos da plateia que participou da segunda mesa da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip) neste sábado (2).

A irmã e o cunhado de Kucinski foram presos e mortos pela ditadura e seus corpos continuam desaparecidos. Segundo ele, a Comissão Nacional da Verdade não terá resultados concretos, pois os poderosos que apoiaram o golpe de 64 continuam no poder.

“E as Forças Armadas não se reciclaram, não condenaram as atrocidades cometidas no passado. A tentativa de desinformar e a guerra psicológica continua em alguns setores militares, continua, ainda que diminuto,” declarou.

Filho de Rubens Paiva, que foi preso, torturado e morto pelos militares em 1971, o escritor Marcelo Rubens Paiva chorou ao ler um texto sobre o sofrimento da mãe e da família pela incerteza do paradeiro do deputado, cujo corpo continua desaparecido. O pai morreu na noite em que a esposa foi presa. Apenas em 1996, foi feito o registro de óbito de Ruben Paiva.

Marcelo foi aplaudido de pé ao lembrar da coragem e determinação da mãe, Eunice Paiva, na luta contra a ditadura. “Mamãe era uma dondoca. De repente, foi presa e saiu de lá muito magra e sozinha. E então começou a peitar a ditadura”, disse. “Passou a fazer parte de vários movimentos, a ser uma voz quase solitária contra a ditadura”. (Leia mais)

CNV: Violação de direitos humanos era política de Estado

Aline Leal – Repórter da Agência Brasil   Edição: Luana Lourenço

O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, disse hoje (23), que o depoimento do ex-delegado da Polícia Civil do Espirito Santo, Cláudio Guerra, tomado nesta tarde, mostrou mais uma vez aos integrantes da comissão que a violação de direitos humanos era uma política de Estado do governo militar.

“Ao longo do tempo, as Forças Armadas quiseram caracterizar as graves violações de direitos humanos como resultado de excesso de algumas pessoas e o depoimento do ex-delegado Cláudio Guerra mostra que não é assim, que era uma política de Estado”, disse Dallari.

Cláudio Guerra foi investigador da Polícia Civil do Espírito Santo e o responsável por dar fim a cadáveres de vítimas torturadas e mortas na Casa da Morte de Petrópolis, local criado pelo regime militar para torturar e assassinar presos políticos. (Leia mais)

Comissão da Verdade ouviu hoje coronel que participou da Operação Sucuri

Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil
Edição: Luana Lourenço

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) ouviu hoje (22) o depoimento do coronel reformado Roberto Amorim Gonçalves. Ele  falou sobre sua participação na Operação Sucuri, que infiltrou militares na área ocupada pela Guerrilha do Araguaia. Gonçalves foi o quinto dos 16 depoentes que a comissão pretende ouvir esta semana sobre violações de direitos humanos no período da ditadura militar.

Após o depoimento, o ex-ministro da Justiça, José Carlos Dias, integrante da CNV, classificou como “um pouco arrogante” a postura de Gonçalves, que “parece manter a mentalidade dos anos de chumbo”. Segundo Dias, ao ser perguntado se a população na região do Araguaia não gostava da presença de militares, Gonçalves respondeu: “Por que alguém vai ter alguma coisa contra um militar neste país?”.

Segundo Dias, o depoente se recusou a utilizar a palavra “guerrilheiros”, a quem chamou apenas de “terroristas” durante a oitiva. O coronel disse que moradores relatavam casos de “justiçamento”, assassinatos de moradores, por parte desses “terroristas”, mas não soube dizer nenhum nome ou especificar nenhum caso.

Gonçalves confirmou que agentes militares foram infiltrados na região, se passando por posseiros, e que recebia informações de alguns desses informantes sobre as atividades no local. Além de atuar durante a Guerrilha do Araguaia, ele também trabalhou no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Defesa Interna (DOI-Codi) em Brasília, com o codinome “Fabrício”, mas negou ter participado de qualquer violação a direitos humanos.

Amanhã (23) serão ouvidas mais três pessoas. Uma delas é Cláudio Guerra, investigador da Polícia Civil do Espírito Santo, ligado ao Esquadrão da Morte, e que atuou em operações com agentes da repressão no Rio de Janeiro. Antes, às 9h, membros da CNV vão se encontrar com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), Ideli Salvatti. A pauta do encontro deve ser a análise dos restos mortais do ex-presidente João Goulart.

Na próxima semana, serão ouvidos 26 depoentes no Rio de Janeiro. Além dos 25 já previstos, a CNV pretende ouvir o general José Antônio Nogueira Belham. O depoimento dele estava marcado para esta semana, em Brasília, mas foi transferido para o Rio de Janeiro.

Sarney pegou o beco

Agora é definitivo: José Sarney não é candidato à reeleição.
O anúncio, desta vez oficial, foi feito por ele mesmo hoje à noite na convenção conjunta do PMDB/PDT/PP. Porém deixou claro que  desiste da candidatura mas não sai da vida pública. Sobre isso o senador João Capiberibe (PSB) disse no twitter: ” Sarney é o político redondo, não tem lado para atritar, rola sempre atraído pela gravidade do poder.”

José Sarney é senador pelo Amapá desde 1991. Rejeitado no Maranhão quando saiu da presidência da República, Sarney procurou o Amapá e foi aceito pelo PMDB local com uma articulação do ex-governador Jorge Nova da Costa, que havia sido nomeado por ele quando presidente da República para governar o então Território Federal do Amapá.
Prometendo que o Amapá ia ter força no Senado, Sarney foi o mais votado em 1990, nas primeiras eleições gerais no estado.
Em 1998 reelegeu-se para mais oito anos de mandato com relativa facilidade.
Em 2006, sua reeleição não foi fácil. Para derrotar a estreante Cristina Almeida (PSB),  teve que passar quase todo o período de campanha no Amapá (foi a época que ele mais ficou no Estado), caminhar sob sol escaldante,  engolir poeira nos bairros de periferia, visitar baixadas,   andar em pontes, tentar dançar marabaixo e  amordaçar a imprensa, movendo mais de cem processos contra jornalistas.

Sarney confirma que não é candidato

Em nota distribuída agora há pouco à imprensa, o senador José Sarney  – através de sua assessoria – confirma que não vai disputar a reeleição para o Senado. Ele diz que  está  na hora de “parar um pouco com esse ritmo de vida pública” que consumiu quase 60 anos de sua vida e afastou-o muito do convívio familiar.”

Leia a nota:

“Nota à Imprensa

 O senador José Sarney (PMDB-AP) manifestou-se, agora há pouco, a respeito do episódio ocorrido nesta segunda-feira (23) em Macapá, por ocasião do evento do programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, em que foi hostilizado por militantes partidários de declarada oposição a ele.

Era esperado que isso pudesse ocorrer, diz, primeiro pelo acirramento do pleito eleitoral que se avizinha, segundo, pela própria mobilização feita com esse propósito, fato este do conhecimento de todos. Sarney diz ter sido convidado pessoalmente pela amiga e aliada Dilma Rousseff, presidente do Brasil e entusiasta do programa de habitação popular iniciado ainda na gestão de Luís Inácio Lula da Silva, outro companheiro de sua estima. Sarney foi, mais uma vez, diplomático, seguiu o protocolo que o evento exigia, para prestigiar a amiga Dilma e os amapaenses beneficiados pelo programa.

Diz também ter recebido no evento – como ocorre por onde quer que vá no país e fora dele – o carinho e a consideração de brasileiros que reconhecem a importância de seu papel na condução do país à redemocratização. “Lá mesmo, na festa da presidente Dilma, muitas pessoas aplaudiram, espontaneamente, a minha presença e a ajuda que tenho dado ao Brasil e ao Estado”, acrescenta o ex-presidente.

O senador, de 84 anos, também confirmou aquilo que seus amigos mais próximos e os aliados em Macapá foram comunicados na semana passada, de que não vai disputar a reeleição para o Senado em outubro próximo. “Essa decisão já estava tomada, comuniquei isso ao meu partido na semana passada. Entendo que é chegada a hora de parar um pouco com esse ritmo de vida pública que consumiu quase 60 anos de minha vida e afastou-me muito do convívio familiar”, declarou.

Sarney tem acompanhado de perto as idas e vindas da esposa, Dona Marly, aos hospitais em repedidas cirurgias e lentos processos de recuperação, em casa, como ocorre atualmente.

Ele confirma presença na Convenção do PMDB na próxima sexta-feira, dia 27. E diz também que irá participar das eleições deste ano, não como candidato, mas ajudando de todas as formas, ao inúmeros amigos e aliados que estarão na disputa. Também será a ocasião para se dirigir aos correligionários e simpatizantes, bem como aos cidadãos e cidadãs de bem do Amapá, a quem nutre “profunda gratidão”.

Macapá-AP, 23 de junho de 2014.

Cleber Barbosa
Jornalista/Colaborador do Gabinete do Senador José Sarney”

Sarney desiste de tentar reeleição

O senador José Sarney (PMDB-AP) desistiu da candidatura à reeleição. É o que informa o jornalista Luiz Melo, amigo pessoal de Sarney, em sua fanpage no Facebook.
Leia:
É definitivo.
Sarney não vai mais disputar o Senado, me disse pelo telefone, hoje.
Tem pesquisas recentes que o credenciam a mais um mandato, mas levou em conta estado de saúde e pedido da família (dona Marly).
Foi Dilma quem primeiro ficou sabendo, em Brasília, antes do embarque pra Macapá, hoje.
Me falou que vem à convenção do PMDB na sexta, 27, quando leva decisão à boca do palco.

Sem exercer nenhuma influência, deixa por conta do partido indicação do candidato peemedebista pro Senado, em outubro.
Também não vai interferir junto a Lula sobre com quem o Petê deva ou não coligar, mesmo admitindo fazer torcida pra que venha a ser com PDT e PMDB.
(Leia mais)

Hoje em Macapá, Sarney viveu momentos constrangedores diante da presidente Dilma Rousseff  quando foi vaiado por milhares de pessoas na inauguração do Conjunto Habitacional Macapaba.
As vaias repercutiram na imprensa nacional.

Eleito senador pelo Amapá em 1990 e reeleito em 1998 e 2006, Sarney inaugurou  a censura aos blogs em 2006 e fica na história como o político que em campanha eleitoral mais censurou a imprensa amapaense.
Em 2006, última vez que disputou e ganhou mais um mandato de oito anos, ele moveu mais de cem ações contra jornalistas e blogueiros amapaenses.

Luciana Genro será a candidata do PSOL a presidente

Em nota à imprensa, a direção nacional do PSOL diz que a desistência de Randolfe Rodrigues “estaria vinculada à necessidade de construir uma alternativa política contra o retorno das forças conservadoras no estado do Amapá”.
Diz ainda que  “sua opção representa um prejuízo na construção de uma alternativa de esquerda nestas eleições. Nossa tarefa é apresentar um programa de mudanças sociais reivindicada pelo povo brasileiro que ocupou as ruas em junho passado, cujas demandas não encontram guarida nas candidaturas dos partidos da ordem” e informa que  o nome da ex-deputada federal Luciana Genro deverá ser aprovado como candidata a presidência da República na Convenção Nacional marcada para os dias 21 e 22 em Brasília.
“O PSOL manterá a campanha no mesmo rumo que vínhamos trilhando e permitirá ao povo brasileiro o direito de escolher uma real alternativa de esquerda e socialista nestas eleições”, diz a nota.

Randolfe sai da disputa presidencial para cuidar do Amapá

O senador Randolfe Rodrigues anunciou no fim da tarde que sai da disputa pela presidência da República. Na carta que enviou agora há pouco aos militantes do PSOL e à direção nacional do partido,  ele ressalta que sai da disputa presidencial se dedicar e cuidar mais do seu estado, o Amapá.

“Saio da pré-campanha presidencial para retomar em plenitude minhas tarefas como Senador e a importante função de representante do Amapá, empenhando-me em melhorar cada vez mais as condições de vida do meu povo e a qualidade da política em meu estado.”

No inicio desta semana, em entrevista a jornais e emissoras de rádio em Macapá, o senador já sinalizava isso quando disse que os interesses do Amapá estavam acima de sua candidatura a presidente.

Leia a carta que ele acabou de enviar aos militantes e a direção nacional do PSOL:

Aos Militantes do Psol 
À Direção do Partido

O Brasil vive uma grave ofensiva conservadora. Cada vez mais forças sociais unificadas em torno de personalidades e discursos estão empenhadas em fazer retroceder direitos e colocar o Brasil na via expressa do neoliberalismo, agora com um viés abertamente de direita, sem o verniz social-democrata de antes.

As forças sociais progressistas, divididas em diferentes plataformas e organizações, sem uma liderança comum e agregadora e sem uma compreensão compartilhada do contexto e das tarefas necessárias para fazer o Brasil avançar, mostram-se frágeis frente ao avanço conservador. A sociedade se divide entre a justa indignação pela ampliação de conquistas e uma agenda de demandas difusas à procura de uma bandeira que as unifique.

A atual Presidente da República se demonstrou incapaz de estar à altura da tarefa de unificar o país em torno de uma proposta de avanços sociais combinados com desenvolvimento econômico, ousadia na conquista dos direitos civis, reforma urbana nas cidades, ganhar corações e mentes da nação brasileira e recuperar a credibilidade do país diante do mundo.
A candidatura de Aécio Neves se tornou herdeira da pauta conservadora, alijada do poder desde a saída de Fernando Henrique, o que o tornou incapaz de apresentar ao país nada mais do que as proposições oposicionistas requentadas do passado. É um novo ecoando as velhas propostas elitistas, incapazes de responder aos novos dilemas nacionais e de alçar a condição de amálgama nacional que o momento exige.

A candidatura de Eduardo Campos, que despontava como terceira via em uma disputa tencionada entre PT e PSDB, frustra o país, mostrando-se claudicante em palavras e atos contraditórios em declarações cada vez mais desencontradas, não dando à população a segurança necessária para ser identificada como uma efetiva quebra na bipolarização entre petistas e tucanos.
Num contexto de acirrado debate não em torno de ideias, mas em torno de vitupérios e acusações mútuas cumulativas, o país se prepara para uma campanha eleitoral sem líderes e sem ideias.

Percebendo o vazio, a nação vai se sentindo órfã, e essa orfandade vai aprofundando um sentimento de abandono que dá acolhida ao desespero e com ele, a propostas de corte fascista, como da pena de morte, panaceia direitista para a violência, que se alastra não apenas na falta de políticas públicas voltadas a minimizar o choque de interesses entre ricos e pobres, mas sobretudo na falta de autoridade, que não é dada pelas armas e pelos blindados do choque que violenta os jovens que protestam por direitos nas ruas, mas pela condução moral e intelectual que só uma liderança legítima pode oferecer a nação brasileira.

Lamentavelmente o ódio e a intolerância estão se tornando a matéria prima na caça ao voto em 2014. Por que isso acontece? Porque falta ao processo eleitoral lideranças capazes de falarem nome da nação, e falta à esquerda a capacidade de se renovar e estar a altura das tarefas que o Brasil exige.
A leitura incorreta do sentimento das massas e da indignação que explodiu nas jornadas de junho de 2013, levou a esquerda programática a acreditar que estávamos diante de uma “avenida de oportunidades”. É necessário neste momento ter humildade para fazer a autocrítica. Os modelos tradicionais da política estão em cheque, como também estão em cheque as direções, partidos e movimentos que não conseguiram se atualizar e abriram espaço para a pauta conservadora.

O Psol tem que estar a altura dos seus grandes desafios. Acredito que a principal figura de nosso partido neste momento, o Deputado Estadual Marcelo Freixo, deveria assumir a responsabilidade de liderar um processo de renovação da política brasileira em 2014.

Saio da pré-campanha presidencial para retomar em plenitude minhas tarefas como Senador e a importante função de representante do Amapá, empenhando-me em melhorar cada vez mais as condições de vida do meu povo e a qualidade da política em meu estado.

Quero agradecer o carinho de militantes que defenderam a nossa candidatura durante o 3º. Congresso Nacional do Psol no último 1º de dezembro em Luziânia em Goiás, e da mesma forma agradecer o esforço de companheiros por todo o país na construção não somente desta candidatura, mas também no sonho de uma sociedade livre, democrática e socialista.
Agradeço de igual forma a companheira Luciana Genro e acredito que se for à vontade do Partido a definição do nome dela como candidata, ela estará a altura do ponto de vista intelectual, político e moral. E para isso contará com o meu engajamento. Desejo à Luciana, minha companheira destes últimos meses, uma boa luta.
Tenho Fé e Esperança no Psol e no seu Destino! Acredito em um partido que esteja à altura do Brasil e do desafio geracional de construir uma esquerda para as novas gerações neste século XXI.

Senador Randolfe Rodrigues

Randolfe Rodrigues, do PSOL, desiste da candidatura a presidente da República

Leia a carta que ele acabou de enviar aos militantes e a direção nacional do PSOL:

Aos Militantes do Psol 
À Direção do Partido

O Brasil vive uma grave ofensiva conservadora. Cada vez mais forças sociais unificadas em torno de personalidades e discursos estão empenhadas em fazer retroceder direitos e colocar o Brasil na via expressa do neoliberalismo, agora com um viés abertamente de direita, sem o verniz social-democrata de antes.

As forças sociais progressistas, divididas em diferentes plataformas e organizações, sem uma liderança comum e agregadora e sem uma compreensão compartilhada do contexto e das tarefas necessárias para fazer o Brasil avançar, mostram-se frágeis frente ao avanço conservador. A sociedade se divide entre a justa indignação pela ampliação de conquistas e uma agenda de demandas difusas à procura de uma bandeira que as unifique.

A atual Presidente da República se demonstrou incapaz de estar à altura da tarefa de unificar o país em torno de uma proposta de avanços sociais combinados com desenvolvimento econômico, ousadia na conquista dos direitos civis, reforma urbana nas cidades, ganhar corações e mentes da nação brasileira e recuperar a credibilidade do país diante do mundo.
A candidatura de Aécio Neves se tornou herdeira da pauta conservadora, alijada do poder desde a saída de Fernando Henrique, o que o tornou incapaz de apresentar ao país nada mais do que as proposições oposicionistas requentadas do passado. É um novo ecoando as velhas propostas elitistas, incapazes de responder aos novos dilemas nacionais e de alçar a condição de amálgama nacional que o momento exige.

A candidatura de Eduardo Campos, que despontava como terceira via em uma disputa tencionada entre PT e PSDB, frustra o país, mostrando-se claudicante em palavras e atos contraditórios em declarações cada vez mais desencontradas, não dando à população a segurança necessária para ser identificada como uma efetiva quebra na bipolarização entre petistas e tucanos.
Num contexto de acirrado debate não em torno de ideias, mas em torno de vitupérios e acusações mútuas cumulativas, o país se prepara para uma campanha eleitoral sem líderes e sem ideias.

Percebendo o vazio, a nação vai se sentindo órfã, e essa orfandade vai aprofundando um sentimento de abandono que dá acolhida ao desespero e com ele, a propostas de corte fascista, como da pena de morte, panaceia direitista para a violência, que se alastra não apenas na falta de políticas públicas voltadas a minimizar o choque de interesses entre ricos e pobres, mas sobretudo na falta de autoridade, que não é dada pelas armas e pelos blindados do choque que violenta os jovens que protestam por direitos nas ruas, mas pela condução moral e intelectual que só uma liderança legítima pode oferecer a nação brasileira.

Lamentavelmente o ódio e a intolerância estão se tornando a matéria prima na caça ao voto em 2014. Por que isso acontece? Porque falta ao processo eleitoral lideranças capazes de falarem nome da nação, e falta à esquerda a capacidade de se renovar e estar a altura das tarefas que o Brasil exige.
A leitura incorreta do sentimento das massas e da indignação que explodiu nas jornadas de junho de 2013, levou a esquerda programática a acreditar que estávamos diante de uma “avenida de oportunidades”. É necessário neste momento ter humildade para fazer a autocrítica. Os modelos tradicionais da política estão em cheque, como também estão em cheque as direções, partidos e movimentos que não conseguiram se atualizar e abriram espaço para a pauta conservadora.

O Psol tem que estar a altura dos seus grandes desafios. Acredito que a principal figura de nosso partido neste momento, o Deputado Estadual Marcelo Freixo, deveria assumir a responsabilidade de liderar um processo de renovação da política brasileira em 2014.

Saio da pré-campanha presidencial para retomar em plenitude minhas tarefas como Senador e a importante função de representante do Amapá, empenhando-me em melhorar cada vez mais as condições de vida do meu povo e a qualidade da política em meu estado.

Quero agradecer o carinho de militantes que defenderam a nossa candidatura durante o 3º. Congresso Nacional do Psol no último 1º de dezembro em Luziânia em Goiás, e da mesma forma agradecer o esforço de companheiros por todo o país na construção não somente desta candidatura, mas também no sonho de uma sociedade livre, democrática e socialista.
Agradeço de igual forma a companheira Luciana Genro e acredito que se for à vontade do Partido a definição do nome dela como candidata, ela estará a altura do ponto de vista intelectual, político e moral. E para isso contará com o meu engajamento. Desejo à Luciana, minha companheira destes últimos meses, uma boa luta.
Tenho Fé e Esperança no Psol e no seu Destino! Acredito em um partido que esteja à altura do Brasil e do desafio geracional de construir uma esquerda para as novas gerações neste século XXI.

Senador Randolfe Rodrigues