Um poema de Mario Quintana

O Auto-retrato
Mario Quintana

No retrato que me faço
– traço a traço –
Às vezes me pinto nuvem
Às vezes me pinto árvore…

Às vezes me pinto coisas
De que nem há mais lembrança…

E desta lida, em que busco
– pouco a pouco –
Minha eterna semelhança

No final, o que restará?
Um desenho de criança
Corrigido por um louco!

Sem Mandamentos

Sem Mandamentos
(Osvaldo Montenegro)

Hoje eu quero a rua cheia de sorrisos francos
de rostos serenos, de palavras soltas,
eu quero a rua toda parecendo louca
com gente gritando e se abraçando ao sol.
Hoje eu quero ver a bola da criança livre
quero ver os sonhos todos nas janelas
quero ver vocês andando por aí.
Hoje eu vou pedir desculpas pelo que eu não disse
eu até desculpo o que você falou
eu quero ver meu coração no seu sorriso
e no olho da tarde a primeira luz.
Hoje eu quero que os boêmios gritem bem mais alto
eu quero um carnaval no engarrafamento
e que dez mil estrelas vão riscando o céu
buscando a sua casa no amanhecer.
Hoje eu vou fazer barulho pela madrugada
rasgar a noite escura como um lampião
eu vou fazer serenata na sua calçada
eu vou fazer misérias no seu coração.
Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua
para escrever a música sem pretensão
eu quero que as buzinas toquem flauta doce
e que triunfe a força da imaginação.

Homenagem do poeta Juraci Siqueira a Paulinho Fontelles

VAI, GUERREIRO!
Antonio Juraci Siqueira

Quando um poeta cessa a voz,
parece que, por encanto,
fica vibrando entre nós
os acordes do seu canto!

Paulinho Fontelles sai
desta vida e entra na História.
Foi encontrar com seu pai
no reino da eterna glória!

Entre lágrimas componho
este pensamento eterno:
– Vai-se o homem, fica o sonho
de um mundo justo e fraterno.

A tua imagem contemplo
e, ao contemplar, me comovo
rogando que o teu exemplo
sirva de farol ao povo!

Vai guerreiro! Hoje se encerra
a tua humana missão
de lutar aqui na terra
por paz, justiça e união.

Drummond

Minha poesia é cheia de imperfeições. Se eu fosse crítico, apontaria muitos defeitos. Não vou apontar. Deixo para os outros. Minha obra é pública. (Carlos Drummond)

De Maiakovski

Eu não forneço nenhuma regra para que uma pessoa se torne poeta e escreva versos. E, em geral, tais regras não existem. Chama-se poeta justamente o homem que cria estas regras poéticas. (Maiakovski)