Um poema de Leao Moyses Zagury

Pediram

Leao Moyses Zagury

Pediram um poema com pronomes marcados?!

?
Pediram.
O que é isso?
Novas formas contestando,
surpreendo por não entrar num universo antigo,
ultrapassado.
Poema com Ó maiúsculo
nascendo
gritando,
procurando,
aparecendo
vagarosamente.
Maternidade alvoroçada
com a inusitada reviravolta!
Poema à vista!
Lá vem ele,
sujo,cheio de erros,
aparecendo
numa aurora marcada pela esperança.
Berra,
espreguiça.
Enfim!

Às margens do rio

jaciÀs margens do rio
Jaci Rocha

Trago as mãos ásperas
Do sal das lágrimas
Que já verti.
Sem ti, saudade virou poesia
Verbo que chega e fica
E não pede mais permissão…
 
 Remo a canoa da vida
De um jeito manso e macio
Guiada por teu olhar
Na outra margem do rio…
Mas, ainda é agosto
e as marés rasas 
não dizem como atravessar!
A tênue fronteira da vida
Não se enternece para o amor!
(Quem sabe, no cair do próximo luar…)
 
Roda a estação…
Roda, rosa-louca do tempo!
… e porque  me geraste de amor
Eu te envio flores com meu pensamento!
(Para ler outras belas poesias de Jaci Rocha clique aqui)

Poeta em destaque

poeta

Paulista de Sorocaba, Hamilton Antunes (foto) começou a escrever poesias há cerca de sete anos, quando veio para o Amapá. Mas guardava seus versos a sete chaves. Aos poucos foi permitindo que alguns amigos lessem. Apesar dos comentários positivos, não pensava em publicar suas poesias até conhecer a escritora Jô Araújo, que leu seu material e fez uma análise crítica a respeito de sua obra incentivando-o a reunir seus poemas num livro, trabalho que está em fase de conclusão sob a orientação de Jô Araújo e com o apoio da ALIEAP- Associação Literária do Amapá.

Hamilton Antunes, filho de Heitor Antunes e Ester Antunes, nasceu em 23 de março de 1955, em Sorocaba (SP), é advogado e professor universitário, com mestrado em filosofia do direito. Chegou a cursar doutorado na Universidad de Burgos, Espanha, que por conta de imprevistos não concluiu.

Dentre tantas belas poesias de Hamilton, destaco esta:

Ela era poesia
Ela era poesia

e ele não conseguia ver
via apenas
letras frias
em versos a arder

Seu corpo era chama
que ardia sem queimar
a chamar odes e rimas
que exprima seu flamejar

Ela era sua cativa
criativa que o cativou
mas faltava iniciativa
na sua atitude passiva
que traduza o inspirar

E assim não houve leitura
dessa doce criatura
pois ele não estava à altura
de compreender as juras
de prazer daquela poesia.

Poeta em destaque

jo

Maria José Araújo Souza, adotou o nome literário de Jô Araújo, nasceu em Macapá no dia 19 de outubro de 1965 e desde garotinha destacava-se na escola declamando poemas. Aos dez anos começou a escrever pequenos textos poéticos que já eram utilizados nos eventos escolares. Não demorou muito para que esses poemas fossem publicados em jornais locais.

Jô Araújo morou algum tempo em Belém e publicou vários trabalhos, e participou com êxito de diversos  concursos literários.

Dona de um estilo muito pessoal, costuma enveredar com mestria pelos caminhos de um lirismo amoroso que tornam seus textos dignos de atenção, como pode ser observado em seu Livro de Poemas “Pedra Fundamental”  lançado na Grande Noite Lítero-Musical em julho de 1997.

Economista de formação, também atua na área da construção, pois, é técnica em edificações, porém, seu sangue pulsa mais forte quando se depara construindo um novo poema, daqueles que chegam de mansinho implorando para existir. Como este:

Polinização
Senti teu amor salivando
o céu da minha boca
Seiva quente dentro de mim
escorregando
me deixando louca…

Se os verbos ficaram aprisionados
os gestos apaixonados
romperam meus lírios
num ciclone de delírios

Mãos nas mãos…
Contra teu peito
meus seios comprimidos
e então não houve verbos
só gemidos

Foi então, que nos unimos
de fato e de direito
e nossos corações feito sinos
repicaram dentro do peito.

E como um vulcão
pleno,  borbulhante em erupção
explodimos em lavas liquefeitas…
prazer absoluto
momento impoluto
em que  polinizas minha flor
com o pólem do teu amor.

O novo livro de José Pastana

pastana

“Em Poemas e um Amor, o escritor amapaense José Queiroz Pastana traz à tona seu próprio mundo interior, traduzindo, brilhantemente, as sensações do seu eu-lírico.
Nessa viagem, o poeta parece ora transitar entre o simbolismo, a partir do momento em que se distancia das preocupações do mundo real e aproxima-se do mundo mágico ao brincar com os efeitos sonoros produzidos pelas palavras. Assim, faz com que seus poemas soem como uma bela música aos nossos ouvidos. Ora parece transitar pelo modernismo, quando incorpora aos seus poemas elementos do cotidiano.
Nessa obra, as palavras transcendem o significado, buscam uma nova significação dentro de cada leitor, apelam para a totalização de nossa percepção. Isso porque, na simplicidade de seus versos, o poeta nos leva a refletir sobre nós mesmos, sobre nossos amores, sobre nossa relação com o outro e com o Meio Ambiente, num prazeroso ato de releitura de nossas vidas.
Mara Sílvia Jucá Acácio
Profª Mestra em Linguística UEPA”

O livro está à venda no site da Editora Ar aqui

Um poema de Manoel Bispo

bispo1

Origami
Manoel Bispo

Pássaro azul, de papel mil vezes redobrado
por mãos de fadas no artesanal e terno invento
pássaro de planuras leves e canto quebrado
ave-arte, cujo voo paira no vagar do intento.

Quantos planos afloram entre as dobraduras
legiões de ângulos rasos como se escondidos
nos ninhos feitos dessas mesmas linhas puras
que a geometria acha nos seus elos perdidos.

Dobrar até a bela formatura sair do abstrato
e o imaginário coração de pássaro disparar
como dispara o coração de Goya no retrato

E, se faltar alguma dobra na ave dita e feita
que não seja o caso de medir ou comparar
posto que é ponto sabido: não há dobra perfeita!