Chá da tarde

PLATÔNICO
Obdias Araújo

Eu te desejo
Te dispo
imagino
te vejo
te visto novamente
e te desejo.
Nem sei porque
mas te desejo
Não existe motivo
: não morro
não vivo
não bebo
nem como
às expensas de ti
mas te desejo
Te amo
Te como com unhas e dentes
com olhos e mentes
e cada vez mais
dia após dia
eu te desejo
(Do livro Praça Pinga Poesia & Mágoa)

Chá da tarde

RELICÁRIO
José Queiroz Pastana

Um sonho antigo me tornou emotivo
Colocou o meu coração num relicário
Entregou a felicidade de forma inocente
Prometeu gostar de mim altivamente.

Renunciou à vaidade a bela Senhora
Afagado fingimento em dolorido temor
De vossa lembrança branda e suave
Estampado no rosto o mal de vos amar.

Deixei o mundo p’ra trás, agora é você
Por vós morro de amor o tempo todo
O desejo libertino dos teus belos olhos
Causa dentro de mim um grande frisson.

Desolado por causa da vossa ausência
Sei que não mereço tamanha angústia
Os meus olhos brilham esperançosos
Quando da alegria se tiver vosso amor.

(Extraído da coletânea Poetas na Linha Imaginária)

Chá da tarde

CARTA
Arthur Nery Marinho

Esperei por você. Você não veio.
Eu fiquei triste, mas não disse nada.
É que o silêncio é bom. Boca calada
é prudência e não quer dizer receio.

Aprendi a ser só. A tudo alheio
não procuro saber se a madrugada
de amanhã surgirá embraseada,
ou se terá um horizonte feio.

Sou hoje aquele que no fim da tarde
se vai embora, sem nenhum alarde
e quase sempre caminhando a esmo.

E se alguém me pergunta onde é que moro,
prego mentira e de vergonha coro,
pois não moro nem dentro de mim mesmo.
(Do livro Sermão de Mágoa)

Chá da tarde

Meu conto, meu canto
Raquel Braga

Ainda vou te contar um conto
de encantamento
que te encha tanto
de contentamento
que também hás de querer contar.

Ainda vou te cantar um canto
de acalanto
que tanto te encante
que te tire desse canto
pra também cantar.

(Extraído da coletânea Poetas na Linha Imaginária)

Chá da tarde

NOTÍVAGO URBANO
Manoel Bispo Corrêa

Tateando as paredes da noite
em busca do elo perdido
os dedos do homem anonimado
tocam partituras de silêncios
na impossibilidade previsível
de contar em seus limites
tamanho desconforto e solidão.
(Do livro Canto dos meus cantares)

Foi assim o Dia da Poesia em Macapá

Pelo terceiro ano consecutivo o Movimento Poesia na Boca da Noite comemora o Dia Nacional da Poesia transformando Macapá na capital da poesia.
No Centro, na Zona Sul e na Zona Norte, o Movimento enfeitou praças e árvores com poesias, montou varais nas paradas de ônibus, “esqueceu” livros em bancos de praças, pontos de ônibus e de táxis, distribuiu  seis mil pergaminhos com poesias, mais de dois mil origamis com versos, 10 kg de chocolates poéticos e  1.400 corações com trechos de poesia.

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A ação do Movimento começou na quinta-feira à noitinha e varou a madrugada, com os integrantes enfeitando as praças com origamis, montando varais nas paradas de ônibus, pendurando poemas nas vitrines de lojas e “esquecendo” livros.
E durante todo o dia de hoje, 14, os integrantes do Movimento – que são poetas e amantes da poesia -percorreram quase toda a cidade distribuindo origamis, corações e chocolates poéticos;  livros e pergaminhos; e declamando.
Foram mais de 24 horas de ação poética nas ruas, praças, postos de saúde, terminal rodoviário, repartições públicas, mercados, mercearias entre outros lugares, tanto do Centro como dos bairros mais afastados.
Mais uma vez foi gratificante sentir a alegria de quem recebe uma poesia, ouvir as pessoas dizerem que é disso (amor, carinho, lirismo) que o mundo precisa.

aa1Enquanto esperavam os ônibus as pessoas liam poesia

aa3O sorriso cheio de felicidade da mulher que recebeu um origami poético, o interesse de  crianças pela poesia no Araxá são tão gratificantes

aa4Nas ruas, praças e repartições públicas os integrantes do Movimento distribuindo origamis, chocolates, pergaminhos e corações poéticos e livros

Integrantes do Movimento Poesia na Boca da Noite que participaram da ação: Fernanda Gomes, Cris Assunção, Alcinéa Cavalcante, Andreza Gil, Raquel Braga, Julinha, Valdici Fernandes, Aquila, Azafe, Aiury, Lucas, Gilberto Alves, Carlécio, Rosemary, Simone, Márcia, Suellen, Mirlene Rodrigues, Raule e Mariléia Maciel.

(Fotos: Mariléia Maciel, Mirlene Rodrigues, Raule Assunção, Alcinéa Cavalcante e Andreza Gil)

A ação foi tão bonita que mereceu destaque nos principais veículos de comunicação do Amapá, como TV Amapá, os três jornais diários (Diário do Amapá, aGazeta e Jornal do Dia), TV Band, e os mais conceituados sites e blogs como o G1, Repiquete, Blogs do Elton Tavares e Anderson Caladrini, Extra Amapá, Amazônia Rádio Web, entre outros.

Semana da poesia

Sexta-feira, 14 de março, é o Dia Nacional da Poesia e o Movimento Poesia na Boca da Noite convida todos os poetas e amantes da poesia para fazer de Macapá, mais uma vez,  a capital da poesia.
Vamos, todos juntos, espalhar poesia, ternura, amor e lirismo em todos os cantos da cidade.
Que tal enfeitar árvores do seu bairro com poesia? Que tal fazer um pequeno varal no seu local de trabalho, na parada de ônibus perto da sua casa, na sua escola? Que tal “esquecer” um livro de poesia na parada de ônibus ou em qualquer outro lugar?  Já imaginou quantas pessoas terão acesso à poesia se você fizer isso? Levando poesia você estará levando amor e ternura pra tanta gente. E há tanta gente precisando disso.

Desde que foi criado, o Movimento Poesia na Boca da Noite, em parceria com este blog, tem feito um grande trabalho de descoberta de talentos,  valorização e divulgação da literatura amapaense, incentivo à leitura, distribuiçao de livros e poemas e em datas como esta transformado Macapá na capital da poesia.

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Poetas na madrugada “plantando poesias” na cidade pro dia nascer feliz em 2012

Em 2012 foram mais de 24 horas de poesia na cidade. Na noite do dia 13 e toda a madrugada do dia 14, o Movimento pendurou poesias nas árvores, nas praças, paradas de ônibus, deixou caixinhas de poesias e livros em bancos de praças e paradas de ônibus. Pela manhã, uma tenda foi montada na Praça Barão do Rio Branco onde poetas e amantes da poesia de todas as idades declamaram, distribuíram livros e pergaminhos poéticos até às 21h.

 

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O sucesso de 2012 repetiu-se em 2013

Em 2013 durante a madrugada o Movimento pendurou poesias nas árvores, nos portões de centenas de casas e “esqueceu” livros em paradas de ônibus.
Pela manhã, com o sol dourando o dia, os integrantes do Movimento se concentraram na Praça Veiga Cabral. Lá, distribuíram mais de 500 poemas e 250 origamis com poesias e 80 livros.
O povo que passou pela praça parou para ler e ouvir poesia e parabenizou o Movimento pela iniciativa. Era gente de todas as idades, profissões e classes sociais.

Este ano, 2014, o Movimento inicia quinta-feira à tarde sua programação em comemoração ao Dia da Poesia. A programação se estende até a noite de sexta-feira. E você, querido leitor, pode fazer parte deste grandioso movimento. Quer dar sugestões, divulgar sua poesia, declamar, distribuir poemas, falar de literatura, fazer de Macapá mais uma vez a capital da poesia? É simples. Deixe seu contato na caixinha de comentários deste blog ou mande um email para os integrantes do movimento.

Chá da tarde

PERFEITO
Rocha Filho Poeta Ribeirinho
A beleza está nos olhos de quem a vê,
Nunca num porte físico ou na plástica.
A arte de ver e perceber a beleza,
Assim como reproduzi-la é um dom,
Que vem do berço com o indivíduo,
E que se desenvolve com o tempo,
Quem busca sempre a encontra,
Pois a beleza vive sempre a viajar
No espaço de um olhar para outro,
Não se encontra em lugar nenhum,
Pois a beleza está em todo lugar,
Em tudo que há e que se possa ver,
Das telas e pincéis, maravilhosos,
Nas mãos do meu amigo Wagner,
As letras de cada texto, delicioso,
Regado pela poeta Alcinéa Cavalcante,
Até por onde alcançam aquelas lentes
Encantadas por Camila Karina Ferreira,
Estes que desbravam a beleza incurável,
Desta terra das bacabas tucujuara,
E que ainda contaminam estes olhos,
Falo usando aquele dito popular
– “Que a terra ainda há de comer” –
Deste humilde poeta um tanto ribeirinho
Que lhes é fã… Incondicional.