Uma crônica de Alcy Araújo

PARA MEUS FILHOS
Alcy Araújo Cavalcante
(1924-1989)


Escrevo para meus filhos. Para dizer que é tempo de esperança entre tantas desesperanças e que há, no coração grisalho, a certeza de que me realizei em vocês, em cada nascimento de vocês, em cada Natal de vocês.

Poderia dizer outras palavras, alinhar outras expressões. Mas acho que dizendo que me realizei em vocês, estou dizendo o melhor que vem do meu dentro, do que sou, do que amo como pai e como homem, cargueado pelas vivências cotidianas e relativas.
Desejo que vocês e todos que tomarem conhecimento desta crônica fiquem sabendo que eu os amo, porque vocês estão em mim, nas minhas horas nuas, nos meus instantes mais íntimos, nas coisas que mais me pertencem, como me pertencem as mágoas que plantei como um lavrador de angústias.
Estamos mudando e eu não vou garimpar palavras, nem costurar termos estabelecidos, nem concretar um poema. Não que vocês não mereçam. É que tenho medo de não ser transparente, não existir à luz equatorial, não exibir suficientemente esta alegria de curtir vocês em cada vereda por onde passam meus pés nus e pesados como barcos que buscam o fundo do mar, do grande mar absoluto.
Gostaria de construir nesta página o meu sonho, o destino de cada um. E vocês teriam as mais belas profissões, como as de santos, poetas, sacerdotes, pintores… mas quem sou eu, além de um pai, para construir destinos?
Todavia, eu ergo as mãos plenas de carinho e acaricio a cabeça de cada um, num gesto de bênção. Deus os abençoe, pelo muito que consegui ser como poeta e como homem sofrido. Feliz Natal para vocês…

Poesia na Boca da Noite ontem

Foi lindo e emocionante o Movimento Poesia na Boca da Noite na calçada do casal  escritor César Bernardo e Consolação.
Estendemos o Pano da Poesia na calçada, montamos um varal com pergaminhos poéticos no muro  e declamamos desde às 17h até por volta das 20h. Quem passava parava para ouvir ou ler poesia e saía de lá encantado com tanta beleza.
Uma pequena feira de livros foi montada e vários exemplares de autores amapaenses foram vendidos por preços populares, houve também troca de livros entre poetas.
De Minas Gerais, o poeta Jaime Tijolin veio mais uma vez participar do Boca da Noite.
E todo mundo declamou, contou histórias, Zaide Soledade falou da sua infância em meio a poesia no Pará, Munhoz declamou Drummond e Cecília Meireles, Raule Assunção recitou, tocou violão e cantou.
As crianças, como sempre, encantaram com seus belos poemas.

Um brinde à poesia

 

Hoje tem poesia no Marco Zero, biblioteca Elcy Lacerda e Franco Amapaense

Poesia na Boca da Noite no bairro Marco Zero
O Movimento Poesia na Boca da Noite vai hoje ao bairro Marzo Zero. A partir das 17h poetas e amantes da poesia estarão reunidos na Rua Marola Gato (aquela que passa atrás do escritório da Unimed), falando e declamando poesias e autografando livros.
Será na calçada da casa do escritor César Bernardo. Vai ser uma grande festa literária,uma verdadeira confraternização entre poetas, escritores e amantes da literatura. Um belo varal está sendo montado, brindes  natalinos com poesias serão distribuídos e vários livros estarão à venda por preço popular para que o maior número de pessoas tenha acesso à literatura produzida no Amapá. E livro é sempre um excelente presente de Natal.

Então está combinado: 17h a gente se encontra lá na rua Marola Gato, 621. Leve seu livro, seu fanzine, sua poesia, sua ternura e seu lirismo e vamos viver juntos momentos mágicos e inesquecíveis.
Esta é a segunda vez que o Movimento reúne na calçada da casa do César Bernardo. A primeira foi em janeiro de 2011, três semanas após o movimento ter sido criado
Poesia na Boca da Noite em janeiro do ano passado na calçada da casa do César

Paulo Tarso lança livro na Biblioteca Elcy Lacerda
Poeta, escritor e professor Paulo Tarso lança nesta sexta-feira, 7, às 19h30 na Biblioteca Elcy Lacerda seu sétimo livro de poesias: “Os silêncios da eternidade“. São setenta  poemas escritos entre os anos de 1996 e 2012,  que falam de sua infância, as lembranças da adolescência e os dilemas e reflexões que são inerentes ao ser humano. E é um ótimo presente de Natal.

Pena & Pergaminho no Centro Franco Amapaense
O grupo Pena & Pergaminho, formado por jovens e talentosos poetas e escritores,  faz seu último encontro do ano hoje, a partir das 19h, no Centro Cultural Franco-Amapaense e convida os amantes da boa leitura para esse encontro que está sendo preparado com muito carinho.

 

O leitor no banco da praça

Ontem enquanto muitos circulavam de um lado para o outro na pracinha da Casa do Artesão, este jovem estava tão concentrado na leitura que não resisti e fotografei. Fotografei de longe para não perturbá-lo.
Mas fiquei curiosa para saber o que ele lia. Sou assim, não posso ver ninguém com um livro na mão que já quero saber qual é. Então, discretamente, passei por ele. E para minha alegria, o  que o jovem lia tão concentrado era o meu livro de poemas e crônicas “Paisagem Antiga“, lançado em agosto na Bienal Internacional do Livro em São Paulo

“Os silêncios da eternidade”

Poeta, escritor e professor Paulo Tarso lança na próxima sexta-feira, 7, às 19h30 na Biblioteca Elcy Lacerda seu sétimo livro de poesias: “Os silêncios da eternidade“. São setenta  poemas escritos entre os anos de 1996 e 2012,  que falam de sua infância, as lembranças da adolescência e os dilemas e reflexões que são inerentes ao ser humano.

Na obra também consta um resumo biográfico, relação das obras publicadas e participações em antologias e uma  entrevista que aborda todos os aspectos da vida literária do autor e sua militância nos movimentos culturais do Amapá e que serve de guia para estudantes e professores que desejam conhecer um pouco mais sobre a produção literária no Amapá e seus principais representantes.

Chá da tarde

SINA
Rocha Filho, poeta ribeirinho

Desliza ao sol a lentas remadas a fiel esperança,
Preparam-se os olhos que há muito espreitam tão linda visão,
Que aflui a beleza quais ervas num campo recém revirado
E brota a tristeza da noite tão escura e escondida de lua,
Dum chão encharcado por prantos regados, que o tempo guardou,
Aí descobre no tédio, melhor companheiro no corpo que fica.

Ontem na Boca da Noite

Poetas e amantes da poesia estiveram reunidos mais uma vez ontem – como acontece quase todas as sextas –  para declamar, ler e conversar sobre poesia e poetas na boca da noite.
Tendo como cenário a bicentenária Fortaleza de São José e acariciados pela brisa que soprava do maior rio do mundo dezenas de poetas e amantes de poesia viveram momentos maravilhosos.

A participação do grande poeta Obdias Araújo (autor dos livros Apologia e Praça Pinga Poesia e Mágoa) foi um presente para todos. Obdias contou passagens de sua vida e falou de sua convivência com Alcy Araújo, Fernando Canto, Eimar Tavares, dentre outros grandes nomes do Pará e Amapá

Homenageando a semana da consciência negra Luiz Pingarilho recitou Navio Negreiro, de Castro Alves

Poesia na Boca da Noite

Poetas e amantes da poesia estarão reunidos amanhã, sexta-feira, à beira do mais belo rio do mundo – o Amazonas – para dizer, recitar, falar poesia. É o Movimento Poesia na Boca da Noite que mais uma vez vai pintar de lirismo e ternura o entorno da Fortaleza de São José defronte do Banco do Brasil.

Lá será estendido o Pano da Poesia e um varal com os mais belos poemas de autores locais e nacionais. Haverá também sessão de autógrafos dos escritores Cléo Araújo (Dicionário de Amapês), Alcinéa Cavalcante (Paisagem Antiga e Estrela Azul), Rostan Martins (Alô alô Amazonia) e os poetas mirins do Movimento Poesia na Boca da Noite estarão autografando a coletânea Poesia na Boca da Noite. Todos os livros que serão autografados amanhã estão com preços populares para permitir que mais e mais pessoas tenham acesso a leitura. Estarão à venda também as coletâneas “Cronistas do Meio do Mundo”, “Poetas do Meio do Mundo” e “Contistas do Meio do Mundo”. Cada livro será vendido por apenas 10 reais. E cá pra nós, livro  é um excelente presente de Natal. Né não?

Você, leitor do blog, é nosso convidado especial. Vá lá, a partir das 17h, leve uma poesia sua ou de seu poeta preferido para ler, declamar ou enfeitar o varal. Deite e role no Pano da Poesia, recebendo a brisa do nosso majestoso rio, vendo a lua surgir linda como nunca, curtindo o brilho das estrelas e lendo e ouvindo poesias que iluminam a alma e alegram o coração.

Ah, e se você tiver livros e fanzines pode levar para expor ou vender.

Um poema de Raimundo Donato

O VELHO PAU FURADO
Raimundo Donato dos Santos

Ei-lo que vai
Meio desajeitado,
Andar capenga
De um porrete armado.
Entre risos e apupos
Qual som de mil trabucos
É a voz da garotada
Ressoando ao lado:
“Pau furado”, “pau furado”.

Sua história é vaga,
Não existem lampejos,
Misto de heroísmo
Ou de bravura.
Apenas deixa clara
A desventura
De quem trajeta
Num profundo abismo.

Velho,
Alquebrado,
Sem qualquer vexame.
Tal qual equilibrista
Sobre o arame,
Assim ele vai
Desafiando a morte.

Um dia foi jovem,
Intrépido,
Risonho.
Nunca pensou
Que a vida fosse um sonho
Cheia de lutas,
Guerras,
Pesadelos.

Ontem,
Ao tombar
Seu corpo maltratado,
Triste,
Cansado,
Anônimo,
Doente.
Partiu levando
“O velho pau furado”
A mágoa de ser negro
E de ser gente.

(Donato dos Santos – Poeta amapaense, professor de várias gerações no antigo GM – hoje aposentado e morando no Rio de Janeiro)