Bendita Chuva
Milton Sapiranga Barbosa
Manhã de sábado chuvosa, fiquei impossibilitado de pegar a bike e sair pedalando pela beira rio, apreciando a beleza do rio amazonas, com destino a banca do Dorimar, para comprar jornais e encontrar amigos de infância, que quando não estão por lá, estão no bar da praça ou a sombra do jambeiro em frente à casa do João Silva.
Sem poder sair o jeito foi pegar o controle remoto e procurar um canal da via Embratel que estivesse apresentando um bom programa.
Nos canais de esportes só matérias repetidas. Uma, com o Vágner Love, já passou bem umas 5 vezes. De repente aparece na tela um aviso que a rede TeleCine estaria com seus canais abertos, sem custo algum, até o dia 20 do mês em curso.
Não relutei um instante sequer e fui direto no Tele Cine Premium. Nada de bom. Fui acionando o botão do controle até chegar ao Tele Cine Cult.
Aí meus olhos brilharam e o coração bateu aceleradamente. Lá estavam Yul Brinner, James Coburn, Charles Bronson, Steve Mc Quem, os principais atores do filme The Magnificente Seven, título original, mas que para nós brasileiros ficou sendo Os Sete Homens de Ouros.
O filme era tão bom que assistir 3 vezes e sem gastar um tostão, pois casais que não queriam enfrentar a enorme fila que passava da casa do Agostinho Souza, pediam para comprar três ingressos, dois pra eles e um, lógico, para este que vos escreve. Terminado o filme na TV, me veio à lembrança de uma leva de filmes de grandes bilheterias exibidos nas telas do Cine Territorial, dos barracões dos padres, da Capelinha de N.S. de Fátima, da Prelazia, depois Cine João XIII e da paróquia do Trem, depois Cine Paroquial e do Cine Macapá. Filmes que tenho certeza, muitos dos que lerem esta crônica, vão lembrar e viajar no avião da saudade, como aconteceu comigo, senão vejamos: Os Perigos de Nyoka(a Rainha das Selvas), um seriado que lotava os barracões que vibravam e torciam quando ela aparecia para salvar alguém. Adorei assistir: Marcado Pela Sarjeta (com Paul Newman e Sal Mineo), que narrava a trajetória de um homem de origem pobre, que passou pela prisão e se tornou um dos maiores pugilistas de todos os tempos: Rocky Graziano. Lembram dos filmes, Acorrentados, Ao mestre Com Carinho, Sementes da Violência, todos estrelados por Sidney Poltier (primeiro negro a ganhar um Oscar)?
E os filmes do mestre Alfred Hitchcock: Um Corpo que Cai, Psicose, Os pássaros e Janela Indiscreta. Os longas metragens exibidos nos Cines Macapá e João XXIII, como os épicos Ben Hur, Manto Sagrado, Os Canhões de Navarone, Cleópatra- A Rainha do Egito, Spartacus, A ponte do Rio Kwai, Os Dez Mandamentos, Lawrence da Arábia e por aí vai. Lembrei do filme que marcou a estréia do Cine Macapá; Ladrão de Casaca.
E o musical A Noviça Rebelde, com a incomparável Julie Andrews que ano passado completou 45 anos de seu lançamento . Lembrei dos grandes filmes de faroestes como: Rastro de Ódio, O Último Pistoleiro, Dólar Furado, A Conquista do Oeste, No Tempo das Diligências. E os filmes com a dupla Oscarito e Grande Otelo, os reis das chanchadas, que fizeram milhões de pessoas rirem com suas trapalhadas em: Aviso aos Navegantes, Cacareco Vem Aí, De Vento e Popa, Matar ou Correr, uma sátira do bang bang Matar ou Morrer. E o baiano, meu xará (Milton)- Zé Trindade, em Marido de Mulher Boa, Mulheres a Vista, Genival é de Morte. E o caipira Mazzaropi, que não fazia filme sobre o Brasil, mas sim para o Brasil inteiro rir; Jeca Contra o Capeta, As Aventuras de Pedro Malasarte.
É meus amigos, ainda me lembro de grandes filmes da época de ouro do cinema, antes do advento da ielevisão e agora dos filmes em DVDs, piratas ou não.
No domingo, 20/02, quando encerrou a gratuidade da Rede Telecine, ainda fui presenteado com as exibições dos filmes: O Meninão com Jerry Lewis e Dean Martin: O Destino do Poseidon com Ernest Borgnine e Glória Feita de Sangue com o meu ator preferido; Kirk Douglas. Ainda faltou citar muitos filmes famosos, com Cantinflas, John Wayne, Burt Lancaster, Charlton Hestone outros grandes artistas. Mas isso deixo para vocês trabalharem um pouco a memória.
Obrigado meu Deus. Saudade não mata, mas estou morrendo de saudade das domingueiras nos cinemas da nossa velha e querida Macapá, de trocar revistas com a molecada, de comprar ingressos para casais que detestavam filas e receber uns trocados e as vezes até ter o ingresso pago por eles. De dar aquela esticadinha até o Macapá Hotel para apreciar a beleza do rio Amazonas, degustando um bauru com flip guaraná e em depois dar um passei no trapiche para fechar mais um domingo feliz em minha vida.. Bons Tempos.