Araguaia

Ex-guerrilheiro vai ajudar a localizar corpos

O Globo

Aos 13 anos, José Wilson Brito foi forçado a virar informante do Exército

A comissão criada pelo governo para localizar e identificar desaparecidos políticos da Guerrilha do Araguaia pretende integrar ao grupo o camponês José Wilson Brito. Eles acreditam que Wilson pode ser útil não apenas na possível indicação de lugares onde guerrilheiros do PCdoB foram sepultados, mas também para dar detalhes das ações do Exército. O novo personagem foi revelado ontem pelo GLOBO. Foi a primeira vez que Wilson falou sobre sua participação na Guerrilha do Araguaia.

Aos 13 anos, ele foi levado para a guerrilha e logo capturado pelos militares. Passou três anos em unidades do Exército. Hoje, vive em Tartarugalzinho, no Amapá, onde é assentado da reforma agrária. Wilson cita nomes de oficiais da época que o mantinham detido e que o usaram como informante, como o coronel Alair de Almeida Pitta, então chefe do Estado Maior das Forças Armadas.

Para Paulo Fonteles Filho, que representa o governo do Pará no grupo que faz as buscas, Wilson, por ter estado tão próximo dos locais onde ocorreram os embates, poderá ajudar a trazer novas informações:

– A presença dele ajudará a esclarecer circunstâncias e indicar novos lugares a serem escavados. Ele surge num momento importante.

O ex-deputado do PCdoB Aldo Arantes, que integra o grupo como observador independente, acha que Wilson poderá passar informações relevantes:

– Com certeza ele pode contribuir para nosso trabalho. Esteve muito próximo e testemunhou o que ocorreu.

O grupo, formado também por geólogos, antropólogos e legistas, retoma hoje o trabalho na região. Será a segunda fase de buscas em locais escolhidos após depoimentos de mateiros e camponeses que serviram como guias dos militares na mata. Wilson disse que, caso fosse procurado, aceitaria colaborar com as informações:

– Considero-me um arquivo vivo de tudo que aconteceu.

Wilson, hoje com 49 anos, conta que testemunhou cenas de tortura contra prisioneiros na base do Incra, utilizada pelos militares como centro de repressão aos que ajudaram os guerrilheiros, em Marabá. Ele se recorda dos camponeses que sofreram nas mãos dos militares.

– Eu vi o Simão mudar de cor de tanta taca (pancada) que levou. O Zé do Luizinho ficou doido, leso, de tanto apanhar por não dizer a verdade.

Nos três anos que passou com os militares, ele gozou de privilégios por colaborar, à força, com o Exército.

Fonte: O Globo

Cristal x São Raimundo

A CBF fez ontem à tarde o sorteio para definir os mandos de campo dos jogos da terceira fase da Série D 2009.

Pelo sorteio, o primeiro jogo entre São Raimundo (PA) e Cristal (AP)  será no estádio Barbalhão, em Santarém, no próximo domingo, dia 30.

Gente que brilha

danyyy

A bela da foto é Dany Cruz.

Amapaense morando há 10 anos em Brasília, Dany trabalha no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), na área de Monitoramento de Projetos de Crédito Fundiário e faz  faculdade de Tecnologia da Informação na UNIP.
Diz que do que mais sente saudade de Macapá são dos  familiares e amigos,  da brisa do rio Amazonas  na Zaguri e do tacacá na frente da Igreja São José.

Ela se mantem informada do que acontece em Macapá visitando diariamente este blog.

Aldeia Povos da Floresta

Continua até sexta-feira, 28,  a IV Aldeia SESC Povos da Floresta, uma intensa programação cultural com teatro adulto (todas as noites a partir das 20h no Teatro das Bacabeiras – ingresso R$3,00); teatro infantil (manhã e tarde no SESC Araxá – gratuito); oficinas e palestras (manhã e tarde na UEAP e SESC Araxá – R$5,00), música ao vivo (todas as noites a partir das 21h no SESC Centro – gratuito) e seminário “O SESC na dinâmica cultural do país” (inscrições na Casa da Cultura – SESC Araxá, UEAP e Teatro das Bacabeiras – noite).

Hoje tem:

Teatro das Bacabeiras
20h – Eu ando, tu andas…Eles observam – CE
21h – Tempo – Grupo Teatral Al Tempos – PB
Teatro Infantil – SESC Araxá
10h – Os magníficos – Trupe show de animação – AP
15h – Açaigool – Grupo Bando de Teatro – AP

SESC Centro
21h – Amado Amâncio e Julia Medeiros

UEAP
18h – Literatura – Haicagem – Uma Pedagogia da sensibilidade (oficina)

Orkuteiro é condenado por racismo

Usuário do orkut é condenado por racismo contra índios
O réu foi denunciado pelo Ministério Público Federal por comentários agressivos contra os povos indígenas. Vai pagar R$ 20 mil em multa e prestar serviço comunitário na Funai

Brasileiro, morador de Belém, Reinaldo A.S.J foi condenado ontem a dois anos e meio de prisão por publicar conteúdo racista contra os índios em uma comunidade do orkut. A denúncia contra ele havia sido feita pelo Ministério Público Federal em 2007 e, durante o processo, ele confessou o crime.

De acordo com a Seção de Comunicação da Justiça Federal no Pará, a sentença é a primeira do gênero no Estado. O juiz Wellington Castro, que julgou o caso, substituiu a pena de prisão por prestação de serviços comunitários à Fundação Nacional do Índio e ao pagamento de R$ 20 mil.

O réu foi denunciado porque fazia parte de uma comunidade no orkut chamada “Índios…Eu consigo viver sem”. Entre várias declarações ofensivas postadas na comunidade por outros usuários, as de Reinaldo puderam ter a autoria identificada por dados que ele próprio publicou no site de relacionamento e também em um fotolog.

O MPF conseguiu as informações depois da quebra de sigilo dos dados telemáticos, assegurada pela Justiça. Descobriu então que o acusado postava as mensagens racistas de dentro da empresa onde trabalhava. “Quero deixar claro que não discuto com índio, mas sobre índios. Esses seres são incapazes e não tem como se responsabilizar por qualquer discussão. Continuo defendendo a política americana em relação aos índios, vamos exterminá-los e depois estudar a sua “linda história neste país promissor”, foi uma das mensagens racistas deixadas pelo réu.

Em defesa do acusado, os advogados alegaram que ele confessou as postagens feitas no orkut, o que indicaria que ele “não dispunha de ânimo, de vontade de promover preconceitos raciais, tanto que humildemente e constrangido por seu gesto infantil, até chorou, pedindo desculpas”.

O juiz levou em consideração a confissão do réu mas afirmou que o susposto desconhecimento sobre a ilegalidade não seria motivo para absolvição . “Se não sabia dessa ilicitude, deveria saber.”

“As consequências do crime são graves por disseminar e incitar ideais de intolerância, desprezo e racismo contra a etnia indígena a um universo indeterminado de pessoas, inclusive crianças e adolescentes, sabidamente, assíduos frequentadores do orkut”, observou o juiz na
sentença

O réu ainda pode recorrer ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O processo tramita com o número 2007.39.00.003581-8

(Texto: Assessoria de Comunicação do MPF-PA)

Parteiras tradicionais

Audiência pública debate inclusão das parteiras tradicionais na saúde pública

As Comissões de Seguridade Social e Família e Legislação Participativa realizam, na quinta-feira, 27, às 9 horas, no plenário 3, Anexo II da Câmara dos Deputados, audiência pública conjunta para tratar da inclusão das parteiras tradicionais no sistema público de saúde.
Dois projetos tramitam na Casa com este objetivo: o PL 7.531/2006, do deputado Henrique Afonso (PT/AC), e o PL 2.145/2007, da deputada Janete Capiberibe (PSB/AP), com teor idêntico ao que a socialista havia apresentado em 2003. As propostas estão alinhadas com ações que o Ministério da Saúde já desenvolve, isoladamente, nas regiões mais carentes e distantes dos grandes centros.
No Brasil, estima-se que sejam 60 mil as parteiras tradicionais que atuam especialmente nas zonas rurais, ribeirinhas, de floresta, agreste, sertão e dentre as populações tradicionais como os quilombolas e indígenas.
(Sizan Luis Esberci, do Gabinete da deputada federal Janete Capiberibe – PSB/AP)

Artigo dominical

Desiste! Desiste!

Dom Pedro José Conti, bispo de Macapá

Como todos os anos o “pau de sebo” foi levantado no meio da praça. Lá em cima tinha alguns prêmios em comida e o mais valioso de todos: um cheque de R$2.000,00. Muito dinheiro para o povo pobre da região. Assim a fila dos concorrentes era cumprida, mas, naquele ano, o pau de sebo era mais alto do que de costume e os organizadores não tinham poupado a gordura. Subir era difícil demais. Um por um, os desafiadores tentaram. Chegavam perto da meta, cansavam, perdiam a coragem e começavam a descer. O povo gritava forte: – Desiste! Desiste ! – Porque se ninguém tivesse alcançado o prêmio, o “pau de sebo” seria derrubado e a comida dividida entre os participantes. O cheque ficaria para o ano seguinte. De repente, um rapazinho quis tentar. Até a metade foi bem, parou um pouco para respirar, e o povo começou a gritar para que desistisse. Porém o rapaz não se deixou intimidar. Com muito esforço, aos poucos, conseguiu chegar até o cume e arrancou o precioso envelope. Foi uma festa! O pai, a mãe e os irmãos abraçaram o vencedor. Um dos curiosos presentes quis saber de onde o rapaz tinha tirado tanta coragem com toda aquela gritaria para que parasse de subir. – Simples – respondeu o pai – Primeiro, meu filho é bom mesmo, segundo: ele é… surdo.
Fácil entender o sentido da história. Há vezes, na vida, que precisamos ouvir bem para agir corretamente, no entanto, em outras não dar ouvido é a nossa força.
Foi o que aconteceu com os seguidores de Jesus, conforme o evangelho deste domingo.
Muitos achavam que Jesus era demais exigente, portanto decidiram abandoná-lo. Essa era a opinião corrente. Aos poucos, as pessoas iam saindo e o grupo estava ficando reduzido. Então Jesus perguntou aos discípulos mais chegados se eles também queriam ir embora. Pedro respondeu por todos: – A quem iremos Senhor? Tu tens palavras de vida eterna.
Sempre temos que tomar decisões na vida, algumas delas são tão importantes que representam uma opção fundamental que pode orientar toda a nossa existência. Uma dessas escolhas diz a respeito da nossa fé. Afinal acreditamos e procuramos viver conseqüentemente a nossa confiança em Deus, ou vamos ficar na dúvida o tempo todo e a vida toda? A pergunta de Jesus, portanto, não vale somente para os que estavam lá naqueles dias; ela ecoa ainda hoje para todos nós. Vamos seguir Jesus por perto ou nos vamos afastar dele de uma vez por todas?
Hoje é comum ouvir falar de desistência, sobretudo, da fé católica. Muitas vezes sou questionado sobre o chamado êxodo da Igreja. Os fiés estariam deixando a Igreja Católica e migrando em massa para outras expressões religiosas. Aqui não é o lugar para entrar nos detalhes das estatísticas e dos estudos a respeito desse fenômeno e a quem, afinal, esses visíveis abandonos atingem. Em geral as pesquisas falam de insatisfação com as instituições, inclusive as religiões mais tradicionais e organizadas. Para muitos, hoje, a escolha de ter uma “fé” é algo exclusivamente individual, desligado de qualquer comunidade. Assim a religiosidade fica confinada na esfera do privado e, por causa dessa mentalidade, acaba sendo, muitas vezes, uma mis tura de muitas crenças mais ao gosto do freguês e da própria utilidade do que seguindo uma motivação lógica rigorosa e coerente. Pode acontecer que pensando acreditar em tantas coisas, idéias e doutrinas, damos ouvido a qualquer um que use e abuse do nome de Deus, e acabamos esvaziando o próprio sentido da fé. Fica uma gororoba sem gosto.
Para os cristãos a fé tem um nome: Jesus Cristo, uma pessoa. Nós podemos mudar doutrinas e idéias amanhã, conforme as conveniências e as modas. Contudo uma pessoa não pode ser mudada segundo os nossos gostos. Ela é o que é. Cabe a nós descobri-la, com os olhos, os ouvidos, mas também com a inteligência e o coração; em nos deixar questionar por ela, como no amor e na amizade, até nos tornarmos íntimos dela. Até confiarmos nela de verdade.
Jesus não mudou as palavras para que os críticos dele não fossem embora. Ao contrário os questionou. O seguimento de Jesus sempre será uma escolha radical. Infelizmente, podemos traí-lo com as nossas infidelidades, mas ele não se deixa adocicar, corromper ou cortar em pedaços, para cada um de nós escolhermos o que mais nos agrada.
Ele continua tendo todo direito de nos perguntar se queremos ir embora. Se dermos ouvidos aos tantos “desiste” e “cai fora”, acabaremos encontrando uma desculpa para justificar a nossa saída. Podemos, porém, passar por surdos, não dando ouvido a críticas, zombarias e olhadas de comiseração. Quem quer alcançar a meta deve continuar com os olhos fixos nela, juntando forças e coragem. Como o menino surdo do pau de sebo. O prêmio vale a pena.