Palavras Cruzadas

A formação de leitores

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Débora Borralho

Não é fácil formar leitores, todos sabem. Quando um adolescente não encontra em casa o estímulo necessário para gostar da leitura e da literatura, resta apenas ao professor fazê-lo. Certo?

Errado. Cabe a cada cidadão consciente do seu papel social (seja família, escola, amigo ou ídolo) semear entre os próximos a vontade de ler e deste modo, formar uma rede de leitores. É uma batalha árdua, mas não impossível. Quantas vezes não tomamos conhecimento de pessoas altamente letradas e que encontraram nos pais analfabetos o desejo incessante de ler? Leitura é oportunidade.

Um número X de títulos para ler em um número X de meses valendo X pontos. Nada mais enfadonho… leitura obrigatória! Quando o tiro sai pela culatra, é necessário assumir o erro e reparar os estragos. Muitos criam aversão aos livros por conta da ditadura da leitura.

Para o teórico Antônio Candido, a literatura tem uma função social que visa auxiliar na identificação do leitor e de seu universo vivencial representados na obra literária. E ele afirma que “nos livros estão registrados toda a consciência da humanidade e é através deles que tornamo-nos humanos mais conscientes”. Obrigar alguém a ler é forjar uma identidade!

Sou avessa à teoria de que os jovens de hoje não leem e não escrevem. Para mim, escrevem mais do que antes e leem mais do que nunca. Quando não estão escrevendo ou lendo algo nas redes sociais, estão agarrados nos best-sellers viciantes que carregam consigo para todos os lados. Esse é o X da questão que realmente importa. Eles são conhecedores do prazer que a leitura é capaz de proporcionar, resta a quem tem perspicácia canalizar este interesse e aos poucos ir fornecendo outras leituras.

É necessário preparar a terra, plantar a semente, cuidar do broto, podar alguns galhos e regar constantemente para poder esperar os primeiros frutos, só não esqueça que a planta respira sozinha!

(Débora Borralho é neuropsicopedagoga, professora de Português e acadêmica de Direito. Escreve toda segunda-feira neste blog a coluna “Palavras Cruzadas”)

  • Verdade absoluta, a leitura não deve ser forçada, antes estimulada. Como dizia um poeta… “Ler me faz sorrir… sorrir me faz te amar!”

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