Os invisíveis – Evandro Luiz

Os invisíveis
Evandro Luiz

O Rapaz, com aparência de 23 anos de idade, vinha da corrida matinal. Entrou pelo portão principal do prédio e foi direto para o elevador. E o seu Manuel Almeida, nascido no Município de Caicó — Região do Seridó, no Rio Grande do Norte, trabalha há vinte anos no mesmo local. Fechou o portão, com a mesma leveza de quem sabe o seu ofício.

A empregada doméstica, dona Maria da Conceição, nordestina do Ceará, diariamente passava por ali, e sempre encontrava Manuel Almeida, mas já não o via há quase uma semana. Quando perguntava por Manuel, a resposta era sempre a mesma: Ninguém sabe, ninguém viu.

Mas, de repente… um ser invisível a olhos nus e com uma força apocalíptica, parou o mundo com poder letal. Como por vingança aos insignificantes, colocou desempregados, moradores de rua, catadores de lixo, índios e tantos outros a terem os cuidados de quem tem visibilidade.

Mesmo a contragosto dos poderosos de plantão, os invisíveis têm agora conta bancária e até ‘CPF’.

O inimigo invisível é implacável! Para ele, não tem limites e nem fronteira. Por onde passa, há muito choro e ranger de dentes, além de mostrar a fragilidade do ser humano.

E por onde anda Manuel de Almeida, do Sertão de Caicó? Ninguém sabe, ninguém viu. Talvez esteja na terra em que nasceu. Lá ele é amigo do Rei, tem a mulher que quer, na cama que escolher. Ali não era feliz.

Ou quem sabe tenha virado estatística, também vítima do invisível?!

  • Parabéns ao “Velha Guarda”. Vou esperar pelos próximos textos do Evando Luiz, o repórter que sabe o que diz…

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