Esta eu li numa edição da Revista Rumo de outubro de 1959
O poeta Aluízio Cunha – que era funcionário do gabinete do governador do então Território Federal do Amapá – resolveu após vários anos de cogitação, fazer uma granja no bairro do Laguinho.
Acontece que, logo no dia seguinte ao da inauguração, era sábado e seus colegas de trabalho Conceição e Marinho estavam sem dinheiro, doença que consideram das piores para quem sabe aproveitar a vida.
Marinho então, em nome dos dois, dirigiu o seguinte vale ao Aluízio:
Senhor Aluízio Cunha,
mui digno proprietário
duma granja, no Laguinho!
Está faltando dinheiro
tanto para o Conceição
como para o poeta Marinho.
Achamos, por isso mesmo,
que o senhor, que é criador
e está com a vida folgada,
poderá, perfeitamente,
num gesto nobre e louvável,
nos afastar da enrascada.
Como já disse o ditado,
“se no céu vale quem presta,
na terra vale quem tem”.
Mostre então o seu valor,
não nos deixe sem cerveja,
pois sede mata também.
2 Comentários para "Os poetas também fazem rir"
Amei “Os poetas também fazem rir”! Uma passada na história do Amapá com gotas pitorescas de humor. Parabéns, Alcinéa! Teu blog sempre trazendo essas delícias pra gente.
DO AMAPÁ AO XAXADO
Desculpe, há um intruso no Ceará!
Caboclo marabaixo e gaiato.
Em plena terra de Luiz Gonzaga,
Desafia o Cearense no xaxado!
Não sei de onde veio à ideia,
Dos passos de xaxado dançar!
Compadre Lampião, lá de cima disse,
Esse cabra podia no meu bando entrar!
Disse-lhe então Maria Bonita,
Cuidado, não se iluda Virgulino Lampião!
Esse cabra não é daqui e só dança marabaixo,
Não é do Sertão; está de passagem, é lá do Mazagão.
Compadre Lampião meio desconsertado,
Disse a São Pedro; aprendi e sei que não tombo.
No tempo que corria na caatinga do sertão,
Desse cabra tirava uma tira do lombo!
São Pedro retrucou e lhe disse baixinho,
Já esqueceste que aqui há preces e afago?!
Esse cabra que queres tirar uma tira do lombo,
É protegido e é lá da terra de São Tiago!
João Aires da Silva
Beberibe/CE
14.12.2013