Embrapa Amapá comemora 39 anos com evento interativo

A Embrapa Amapá completa 39 anos de atividades nesta quinta-feira, 13/08, gerando tecnologias para atender os diferentes segmentos do setor agropecuário do Amapá e Estuário Amazônico (ponto de encontro entre o rio e o mar, entre os estados do Amapá e Pará). Em tempos de teletrabalho, devido à prevenção de contágio ao coronavírus, a comemoração será especial e interativa: fatos marcantes do passado e presente, e projeções para o futuro serão mostrados na live a partir das 17 horas desta quinta-feira, 13/08, pelo canal da Embrapa no Youtube (www.embrapa.br/youtube), com a participação do presidente da Embrapa, Celso Moretti. O público em geral poderá participar por meio do chat da transmissão.

Sediada em Macapá (AP), esta unidade de pesquisa tem foco em tecnologias, serviços e recomendações em aquicultura e pesca, recursos florestais, proteção de plantas e agricultura sustentável. O portfólio de pesquisa inclui espécies como tambaqui, pirarucu, tracajás, camarão-da-amazônia, cipó-titica, pau-mulato, castanha, açaí, banana, mosca-da-carambola, soja, milho e feijão, mandioca, café, entre outros. Boa parte geram ativos tecnológicos para subsidiar ações de agricultura sem queima e combate ao desmatamento no Amapá.

Também investe em projetos vinculados ao conceito da bioeconomia (www.embrapa.br/tema-bioeconomia/sobre-o-tema), um modelo de produção industrial baseado no uso de recursos biológicos. “Geramos resultados que certamente vão fortalecer a bioeconomia regional a médio e longo prazos, neste processo vemos os agroextrativistas como protagonistas. Já temos diversas publicações atestando o quanto estes grupos contribuem com a Embrapa, sobretudo os castanheiros da região sul do Amapá”, destacou o chefe-geral da Embrapa Amapá, Nagib Melém.

A Embrapa Amapá está alinhada ao esforço de gerar dados para contribuir com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), que é a Agenda 2030 compactuada pela Organização das Nações Unidas (ONU) voltada para erradicação da pobreza e proteção do planeta. O desafio é conciliar produtividade em escala de segurança alimentar, ao mesmo tempo assegurando um ambiente de fauna e flora com impactos reduzidos.

Políticas Públicas – Entre as pesquisas que geram dados e informações para políticas públicas estão o Zoneamento Ecológico-Econômico do Amapá (ZEE-AP), o Sistema Bragantino (tecnologia desenvolvida pela Embrapa do Pará e adaptada ao Amapá); e o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (para milho, feijão-caupi e soja). Também tem contribuição relevante para a atualização da lei do manejo da cipó-titica, um produto florestal não-madeireiro de expressiva importância econômica, ambiental e social para o Amapá; a instalação de fossa sépticas biodigestoras em comunidades ribeirinhas do Estuário Amazônico (Afuá/PA) e boas práticas de fabricação de açaí em batedeiras visando garantir um alimento seguro.

Parcerias estratégicas

Os diversos parceiros da Embrapa são reconhecidos como co-protagonistas dos esforços visando o desenvolvimento sustentável, a exemplo dos órgãos dos governos federais, estaduais, municipais, instituições de ensino, agências de fomento, veículos e profissionais da imprensa, e programas como o Fundo Amazônia, que atualmente financia 19 projetos da Embrapa na Amazônia Legal.

“Parcerias são fundamentais para a Embrapa, e nosso maior exemplo estratégico é com a extensão rural. No caso do Amapá, o Instituto Estadual de Desenvolvimento Rural (Rurap) é muito relevante para que as tecnologias geradas por meio das pesquisas cheguem ao produtor. Outro papel importante da extensão rural é que ajuda a Embrapa na prospecção de demandas para a pesquisa”, destacou Nagib Melém.

Outro aliado da Embrapa Amapá é o Sebrae, por meio de cooperação técnica e financeira para promover o acesso a inovações tecnológicas no beneficiamento do açaí e de frutíferas diversas como abacaxi, banana, cupuaçu, além de hortaliças e mandioca. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) também se configura nas parcerias para viabilizar projetos inovadores, a exemplo da Escola do Açaí a ser instalada no município de Santana, para oferecer capacitação a batedores de açaí, estudantes, e outros elos desta cadeia produtiva.

O chefe-geral da Embrapa Amapá destaca ainda, como relevantes as instituições da Rede Integrada de Pesquisa do Estado do Amapá (Ripap), formada por tradicionais parceiros como o Instituto Estadual de Pesquisas Científicas e Tecnológicas (Iepa), a Universidade Federal do Amapá (Unifap), a Universidade do Estado do Amapá (Ueap), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFAP), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá (Faefap), entre outros. “Com o Iepa executamos atualmente o Zoneamento Ecológico-Econômico do Amapá, além de um histórico de esforços conjuntos para gerar dados na agricultura e proteção de plantas”.

Nagib Melém destaca ainda deputados e senadores da bancada federal do Amapá que destinam recursos de emendas parlamentares ao Orçamento Geral da União em benefício da Embrapa Amapá. Como exemplo os laboratórios de aquicultura e pesca, e transferência de tecnologias para indígenas de Oiapoque (Janete Capiberibe); instalação do gerador de energia elétrica (Roberto Góes); equipamentos para Escolas Famílias Rurais (Fátima Pelaes); reforma do Campo Experimental de Fazendinha, suporte computacional para toda a Embrapa, transferência de tecnologias para mandioca (Davi Alcolumbre); capacitação para fabricação de matapis (Aline Gurgel); transferência de tecnologias para mandioca e banana (Cabuçu Borges); fossas sépticas biodigestoras para comunidades ribeirinhas (Camilo Capiberibe); tanques escavados para cultivo de peixes e tracajás, e projeto ambiental na área do Igarapé da Fortaleza (João Alberto Capiberibe); infraestrutura de laboratórios (Jurandil Juarez); infraestrutura do Campo do Cerrado (Marcos Reátegui); infraestrutura de laboratórios (Papaléo Paes – in memoriam); pesquisa e transferência de tecnologias em aquicultura e pesca (Professora Marcivânia); e sistema de irrigação do Campo do Cerrado (Luiz Carlos).

Começou como núcleo da Embrapa do Pará

A Embrapa Amapá é uma das 43 Unidades Descentralizadas da Embrapa. Começou a funcionar em 1980 como Núcleo de Pesquisa Agropecuária do Amapá, vinculado à Embrapa Amazônia Oriental (Pará). “Esta unidade, desde sua origem, contou com a participação de muitos colegas do Pará, e hoje é uma unidade madura e desenvolve ao longo dos anos importante trabalhos para nossa região. Mais do que colegas de trabalho, tenho muitos amigos na Embrapa Amapá e desejo que tenhamos muitos outros aniversários para comemorar, esta grande unidade parceira que faz muito para a pesquisa amazônica. Que possamos cada vez mais desenvolver projetos em conjunto, tenho certeza que a parceria fortalece cada vez mais que alcancemos resultados importantes para nossa região”, afirmou o chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Adriano Venturieri.

Os primeiros trabalhos de pesquisa geraram e adaptaram tecnologias de baixo custo para culturas alimentares, culturas permanentes, pecuária e indicações a respeito da utilização racional dos recursos naturais disponíveis no estado. Foi importante o apoio do Governo do Território Federal do Amapá, ao proporcionar as condições que permitiram que os objetivos fossem alcançados de forma satisfatória.

O êxito no trabalho serviu de incentivo para a diretoria da Embrapa desvincular o Núcleo da Embrapa do Pará e dar autonomia à equipe do Amapá criando a Unidade de Execução de Pesquisa de Âmbito Territorial de Macapá (UEPAT de Macapá). Com a transformação do Território em Estado do Amapá, em 13 de agosto de 1991, passou a ser chamado de Centro de Pesquisa Agroflorestal do Amapá (Embrapa Amapá), atendendo as necessidades de pesquisa, inovação e tecnologias do recém-criado estado do Amapá, incluindo as relações de fronteiras na bacia Amazônica do País.

 

Formação

Com amplas áreas de campos experimentais (dois em Macapá e um em Mazagão) as atividades são realizadas por pesquisadores, analistas, técnicos e assistentes, além de bolsistas e estagiários vinculados a projetos das áreas técnicas e administrativa. Entre os acadêmicos que têm a careira pontuada por trabalhos vinculados a carteira de projetos da Embrapa Amapá está Danielle Miranda de Souza Rodrigues, mestre em Biodiversidade Tropical. O primeiro contato foi em 2009, para cumprir estágio curricular do curso de Engenharia Florestal pela Ueap, supervisionada pelos pesquisadores Silas Mochuitti (in memoriam) Marcelino Carneiro Guedes. Após o estágio, continuou orientanda de Marcelino Guedes para dar seguimento ao Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), desenvolvendo pesquisa em Sistemas Agroflorestais (SAFs) em áreas de várzea do estuário amazônico. Concluiu a graduação em 2011, e em 2019 tornou-se mestre em Biodiversidade Tropical orientada por Mochiutti com pesquisa relacionada à diversidade de açaizais em áreas de várzea do estuário amazônico.

Ela recorda que um dos eventos técnico-científicos que marcou sua vida profissional foi o seminário do projeto Florestam. Quando interagiu com a comunidade ribeirinha, técnicos e pesquisadores de diversas instituições. “A Embrapa Amapá me concedeu a oportunidade de atuar profissionalmente com pesquisadores que tenho profunda admiração e respeito e que são referências nas pesquisas relacionadas à minha área de atuação. Também conquistei muitos amigos que hoje fazem parte da minha vida. Sou grata a Embrapa por todos esses anos de parceria, aprendizado e crescimento profissional”.

(Texto: Dulcivânia Freitas/Embrapa Amapá)

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