Agronegócio faz crescer desmatamento no Amapá

Engenheiro florestal Alcione Cavalcante

Do jornal Diário do Amapá

Agronegócio faz crescer desmatamento no Amapá, diz engenheiro florestal

O engenheiro florestal e ambientalista Alcione Cavalcante lançou um alerta, na manhã desta terça-feira, 21, sobre a possibilidade do Amapá perder, em pouco tempo, a posição do estado mais preservado do país, em termos ecológicos e ambientais.

Setenta por cento da cobertura vegetal da unidade federativa amapaense ainda continuam intactos. Até há bem pouco tempo Amazonas e Acre horizontalizavam com o Amapá, na preservação das suas florestas.

Hoje, apenas o estado amapaense continua razoavelmente firme com a sua cobertura vegetal grandemente preservada. Amazonas e Acre praticamente sucumbiram, a exemplo do que antes já fizeram Pará, Rondônia e Roraima.

Alcione Cavalcante falou no programa LuizMeloEntrevista (Rádio Diário FM 90,9) a propósito desta terça-feira, 21 de março, ser Dia do Engenheiro Florestal. No início de sua fala, ele registrou que o Brasil tem uma relação complicada com as suas florestas, desde a Colônia, passando pelo Império e agora na República.

‘O Brasil já conseguiu exterminar a Mata Atlântica, e agora trabalha fortemente para acabar com a Amazônia”, acusou, alertando que no caso do Amapá, se providências não forem logo tomadas, o desmatamento poderá ‘descobrir’ o estado.

Alcione lembrou que um espelho da ameaça que paira sobre o estado, em termos ecológicos e ambientais, é a tentativa que já se fez para desconstituir a Floresta do Amapá (Flota), unidade de conservação ambiental, como parte de um processo relativamente expressivo de apropriação de áreas naturais conservadas.

O engenheiro observou que o agronegócio vem tendo uma chegada muito forte no Amapá, ao ponto de já alterar sobremaneira o controle de preservação da cobertura florestal do estado.

Alcione mostrou que de 2005 a 2013 foram desmatados 4,5 mil  quilômetros quadrados na Amazônia, e que somente em 2015 e 2016 cerca de oito mil quilômetros quadrados de floresta acabaram no chão.

O ambientalista ainda alertou que a crise econômica e política pela qual o Brasil passa tem provocado uma redução no monitoramento e controle das políticas públicas relativas ao desmatamento.

Alcione observa que o governo federal também sinaliza com algumas situações de redução das unidades de conservação, pelo menos no Pará, dando anistia ao responsáveis por desmatamentos feitos no estado até 2008.

O ambientalista registrou, na entrevista pelo Dia do Engenheiro Florestal, que o desmatamento da Amazônia também estaria sendo incentivado pela proposta ora discutida no Congresso Nacional para liberar terras para estrangeiros no Brasil. Segundo ele, isso já criou alguns movimentos de especulação e grilagem no Amapá, assim como em toda a região amazônica.

  • Excelente reportagem do Alcione grande conhecedor de floresta e meio ambiente deixou suas contribuições na antiga CEMA (com “C” mesmo), só fazendo correção que o dia do engenheiro florestal é dia 12 de julho.

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