Dia de Campo apresenta tecnologias para cultivo comercial da banana no Amapá

As etapas do cultivo da bananeira, desde o plantio até os cuidados na pós-colheita do fruto, serão apresentadas durante o Dia de Campo “Como produzir banana no Estado do Amapá”, a ser realizado na manhã do sábado, 21/10, no lote 50 do Assentamento Munguba, localizado na confluência dos municípios de Porto Grande e Pedra Branca do Amapari (AP). O objetivo é compartilhar técnicas e promover a troca de experiências entre agricultores e técnicos sobre a importância econômica, social e ambiental de tecnologias e práticas sustentáveis no cultivo da bananeira. Promovido pela Embrapa Amapá, Instituto do Desenvolvimento Rural do Estado do Amapá (Rurap), Prefeitura de Pedra Branca e Sebrae, com apoio das Prefeituras de Porto Grande e Serra do Navio e Governo do Estado, o Dia de Campo reunirá agricultores de base familiar dos três municípios, sobretudo os que cultivam ou têm interesse em aprimorar o cultivo da banana com padrão para fins comerciais.

Projeto AgroAmapá

Este Dia de Campo é uma ação do Projeto AgroAmapá (Fortalecimento da Produção Agrícola no Amapá Por Meio da Transferência de Tecnologia), implementado em parceria entre a Embrapa e o Sebrae. O projeto é destinado a agricultores de base familiar e extensionistas que atuam no cultivo de hortaliças, fruticultura e mandioca, nos municípios de Macapá, Santana, Mazagão, Cutias do Araguari, Itaubal, Porto Grande, Pedra Branca e Serra do Navio (AP), oportunizando capacitações em 2017 e 2018. A diretora técnica do Sebrae Amapá, Isana Alencar, destacou que a expectativa é contribuir para a melhoria da competividade das propriedades rurais participantes do projeto AgroAmapá, possibilitando o acesso ao conhecimento especializado. “Que os produtores possam colocar em prática e ampliar a produção. Por isso os parceiros da Embrapa, do Rurap, os nossos parceiros da pesquisa e da extensão, são extremamente importantes neste processo. O Sebrae contribui com a gestão, a ampliação de mercado trazendo um novo olhar para que estas propriedades possam garantir a comercialização e a conquista de novos clientes em relação à fruticultura”, acrescentou Isana Alencar.

O secretário de Agricultura de Pedra Branca, Daniel Silva, atua na mobilização do público e tem a expectativa de reunir em torno de 200 agricultores. “Vemos uma motivação grande nas comunidades, desde as famílias de sete comunidades produtoras da Perimetral, até o pessoal do Assentamento do Munguba”. Ele acrescentou que o município de Pedra Branca possui uma produção expressiva em termos quantitativos, mas precisa melhorar o nível tecnológico tanto do cultivo quanto das etapas de colheita e pós-colheita, “por isso este Dia de Campo é muito importante para ajudar no desenvolvimento da nossa região”.

A programação será composta de quatro estações. Em uma delas, o analista da Embrapa Amapá, Jackson de Araújo dos Santos, vai apresentar os procedimentos de manejo para o cultivo bem-sucedido da bananeira, desde a limpeza da área, seleção de mudas sadias, preparo do solo, adubação e tratos culturais, e informar as cultivares indicadas para o estado do Amapá. A estação sobre o controle combate de pragas em bananais, incluindo de que maneira podem ser identificadas e combatidas, será conduzida pelo pesquisador da Embrapa Amapá, Adilson Lopes e pelo técnico Caio Fregni de Oliveira, do Rurap. As boas práticas de colheita e pós-colheita da banana é o tema da estação a ser apresentada pelo técnico agrícola da Prefeitura de Pedra Branca, Jovane Brazão Fernandes, onde ele vai ressaltar os métodos para garantir maior durabilidade e qualidade do fruto na prateleira. Conversa com o Produtor é a estação onde os produtores José Cordeiro Dias – conhecido como Goiano – e Wagshinton Luiz Toloza Costa farão o relato de suas experiências no cultivo e comercialização da banana produzida nos municípios de Pedra Branca e Itaubal, respectivamente.

O coordenador do Dia de Campo, pesquisador Antonio Claudio Almeida de Carvalho, ressalta que os produtores locais precisam atingir os padrões fitossanitários e de qualidade dos frutos para terem acesso aos mercados atacadista e varejista, os quais adquirem os frutos de estados como Pará, Maranhão, São Paulo e Bahia. “Dispomos de cultivares de bananas resistentes a doenças testadas no Amapá, e de tecnologias para alcançar as exigências do mercado. Temos condições de colocar a banana produzida no Amapá em um patamar mais elevado no mercado de comercialização, é isso que vamos procurar demonstrar aos agricultores”. O técnico do Rurap, Daniel Assis, reiterou que existe um contingente de produtores dedicados ao cultivo da bananeira no Amapá. “A ideia agora é organizar a produção com técnicas adequadas e estimular os produtores. Cada estação será conduzida por pessoas experientes, que vão demonstrar como o cultivo deve ser feito corretamente, explicando todo o passo a passo de acompanhamento da cultura, desde o plantio até a pós-colheita”, explicou Assis. Além do Governo do Estado, por meio do Rurap, também apoiam a realização do Dia de Campo

Produtores e técnicos vão trocar experiências no Dia de Campo   

Uma das referências na produção de banana nos municípios de Porto Grande e Pedra Branca, o agricultor “Goiano“ explica que seu interesse nesta cultura foi despertado em 2009, quando firmou uma parceria com a Embrapa para instalação de uma Unidade Demonstrativa de testes de cultivar de bananeira resistente a doenças, principalmente sigatoka-negra e mal do panamá. “A Unidade Demonstrativa foi montada no meu terreno, com 500 covas. Em 2010 fizemos o primeiro corte. Por minha conta, tratei de abrir mais 600 covas para cultivo da variedade Pacovan Ken e deu certo”, recordou o agricultor.  Ele chegou a vender para atacadistas do Amapá, que por sua vez comercializavam com os supermercados. “Mas no momento não estou conseguindo acessar esse mercado devido à necessidade de melhorar o fruto dentro dos padrões exigidos. Então, este Dia de Campo é importante para trocarmos experiências no sentido de conhecer tecnologias para conseguir vender nosso produto aos atacadistas novamente”, explicou o agricultor, que também investe na criação de suínos e cultivo de feijão, milho, jerimum, laranja, e açaí consorciado com banana. Para José Cordeiro Dias, o produtor precisa de oportunidades. “No meu caso, aconteceu quando a Embrapa levou um projeto para a Escola Família Agrícola da Perimetral Norte. Eu sempre fiz parte da associação de mantenedores e fizemos a parceria para instalar o experimento no nosso terreno”.

O projeto consistiu na transferência de conhecimento aos estudantes das escolas famílias do Amapá, aproximando os conhecimentos e os saberes do agricultor, do estudante e das equipes técnicas, por meio de aulas práticas em produção de mudas frutíferas, plantio sem uso do fogo, manejo florestal de espécies arbóreas de várzea e de uso múltiplo, instalação de unidades demonstrativas de culturas alimentares, apicultura e cursos de irrigação. “O clima do Amapá é favorável ao cultivo da banana, o solo pode ser corrigido no aspecto químico. Porém, o estado importa banana de outros estados, quando pode aumentar sua própria produção a partir da aplicação de tecnologias adequadas e utilização de variedades resistentes a doenças”, observou o agrônomo Jackson de Araújo dos Santos.

(Dulcivânia Freitas – Ascom/Embrapa)

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