Inflação e seus efeitos no bolso do cidadão

Inflação e seus efeitos no bolso do cidadão
Leandro Távora

Você com toda certeza, notou que nos últimos tempos o preço dos bens de consumo tiveram uma subida vertiginosa. Gasolina, energia elétrica, carne, gás de cozinha, itens básicos de 1ª necessidade, entre outros, tiveram uma elevação de preço foram do comum e isso se dá por conta de um fenômeno chamado inflação.

A inflação amedronta o Brasil desde o regime militar. Nos anos da ditadura, a inflação brasileira girava em média quase 70% a.a. Teve seu ápice entre os anos de 1989 a 1994, nos governos Sarney e Itamar Franco, chegando a registrar um pico de mais de 2700% em 1993, anos em que algumas medidas como até o congelamento de preços foram adotadas para tentar conter a hiperinflação no país (hiperinflação se dá quando os números começam a superar os 50%).

Após 7 planos econômicos, a inflação foi devidamente controlada em 1994 com a chegada do Plano Real, que institua o Real R$ como moeda corrente do país e que é utilizada até hoje. A inflação não necessariamente é um mau elemento, mas de maneira controlada, ela é necessária entre nós para que haja um controle do consumo desenfreado. Ela é medida por diversos índices “que a compõe” sendo o principal deles o IPCA, indicador esse que teve a variação de janeiro divulgada hoje pelo IBGE, ela avançou 0,54% e acumula alta de 10,38% nos últimos 12 meses, apesar de mostrar sinais de desaceleração, é a maior registrada desde 2016, tanto é, que na segunda-feira o Boletim Focus fez a 4ª revisão do ano, e jogou para cima a meta de inflação para o ano de 2022. Ou seja, pelo visto, teremos mais tempo de preços altos no Brasil e ainda mais alta na taxa de juros.

Pelo que já percebi, quando o assunto é inflação, os economistas divergem quanto ao fato gerador e as suas consequências. Como mero investidor, estudante e expectador da economia, tentarei explicar de maneira sucinta esse fenômeno que afeta o dia a dia da população.

Na minha concepção, a inflação é o aumento da oferta monetária pelos controladores fiduciários, ou seja, a grosso modo, quem tem o poder da caneta aumenta a impressão de dinheiro. Em virtude da pandemia, essa expansão monetária foi inevitável, os governos de quase todos países que podiam, concederam as suas nações, auxílios para tentar conter os danos causados nas economias pela pandemia. Diante desse cenário, com juros baixos por quase todo o mundo, inclusive no Brasil, o consumo cresceu substancialmente. O problema é que quando há uma escalada dessa magnitude na demanda, é certo que a oferta não subirá da mesma forma, com a escassez de produtos, o resultado é óbvio, aumento de preços.

De maneira objetiva, se você há 1 ano tinha R$ 1.000,00 reais guardados debaixo do colchão ou na conta corrente e com uma inflação acumulada de 10% nos últimos 12 meses, nominalmente hoje você ainda tem os mesmos R$ 1.000,00, mas com poder de compra de apenas R$ 900,00, pois a inflação desse período corroeu seu dinheiro. Diante disso, eis a importância dos investimentos, que no atual cenário, é primeiramente proteger seu dinheiro contra a inflação e assegurar, pelo menos, que o seu poder de compra se mantenha estável.

O Brasil por ter uma moeda fraca, desvalorizada perante o dólar e ser um país emergente, sofre ainda mais os impactos do aumento de preços. É por isso que tornou-se mais vantajoso exportar. Quem em sã consciência abdicaria de ter receita em dólar operando a custos altíssimos em reais? O problema é que para conter essa escalada, o Brasil precisa das reformas estruturais que não saem, de uma política monetária firme, de corte de custos e aqui leia-se “privilégios” e consequentemente de respeito ao teto de gastos, o que gera confiança na economia interna e atrai investidores estrangeiros que ingressarão com investimentos atrelados ao dólar. O problema não é só no Brasil, os EUA, por exemplo, acostumados a injetar US$ 120 bilhões/mês na economia americana para conter os danos da pandemia, se viu em um índice inflacionário que não era registrado há 40 anos. Estamos em ano de eleição, logo, a política tende a ter ações consideradas como “populistas”, o que provavelmente, acarretará em mais inflação.

*Leandro é empresário, pecuarista e investidor, formado em Direito pela Estácio Seama com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas.
Ele escreve toda quarta-feira neste site sobre economia, investimentos e negócios.

Twitter: @leandrotavora
Instagram: @leandrotavora

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