O que espero do evento de inauguração da Banda Larga no AP?

O que eu espero do evento de inauguração da Banda Larga no Amapá?
*Rafael Pontes Lima,  mestre em Tecnologia da Informação

 Todo projeto de grande repercussão técnica, acadêmica e/ou política, atrai apaixonados pelo tema, e em alguns casos, dada a relevância do objeto a ser pesquisado, torna o debate acalorado. Hoje, a relevância do evento de “Inauguração da Banda Larga no Amapá” trouxe à tona a paixão e envolvimento da população amapaense, que anseia por um direito social que há tempos vem sendo sonhado. Antes de 2013-2014 o máximo que poderíamos falar sobre Banda Larga, seria uma referência a largura do nosso Rio Amazonas às margens da orla macapaense.
O projeto apresentado pelo Governo do Estado do Amapá além de bem intencionado, tem forte justificativa técnica e social. É fato que a dificuldade de acesso à internet no estado do Amapá é grande. Portanto, essa diversidade impõe à sociedade a exclusão social e tecnológica, restringindo o acesso de qualidade para que usuários naveguem na rede mundial de computadores, empresas ficam limitadas para investir na gestão da informação e no marketing digital, entre outros entraves, que promovem um atraso no desenvolvimento econômico, social e tecnológico no estado do Amapá.
Porém, para um projeto de tal envergadura e impacto no desenvolvimento do estado do Amapá, boa intenção e justifica social não é o suficiente. Trago alguns aspectos, que usarei de forma didática para explanar detalhes do projeto da Empresa Oi.
Tomo como referência o Linhão de Tucuruí, no qual a sustentação dos cabos de fibra ótica é feita por torres de até 300 metros de altura, para interligar os 1.811 quilômetros de extensão pelo meio da Amazônia. Tal altura, como bem ilustra a foto abaixo ultrapassa a copa das mais altas árvores do percurso que segue o cabeamento.
Busquei comparar o Projeto do Linhão de Tucuruí com a estrutura utilizada pela Empresa Oi para sustentar os cerca de 450 quilômetros de seu cabeamento de fibra ótica, compreendido entre o município de Calçoene, passando pelo município do Oiapoque até Cayenne na Guiana Francesa. Conforme ilustram as fotos abaixo, a Empresa Oi adotou o uso de postes comuns de distribuição e iluminação, com altura entre 6 e 12 metros, que em muitas trechos do referido percurso, sequer ultrapassam a copa das árvores, com o risco eminente de ruptura do cabo.
 
 Outro aspecto a ser destacado tecnicamente é a questão da redundância. Didaticamente falando, cabe a pergunta: Caso uma árvore caia e provoque o rompimento da Fibra Ótica, qual o tempo para recuperar o serviço e qual será a estratégia para acessar os mais remotos locais de acesso à fibra ótica, estabelecidos para o projeto?
Sobre a expressão que intitula o evento “Inauguração da Banda Larga”, que remete ao ineditismo do projeto, opino que os provedores de internet que utilizam frequência de Rádio e o Linhão de Tucurí, já oferecem o produto mercadologicamente denominado Banda Larga.
Portanto, considerando a importância do evento que ocorrerá no próximo dia 17/03, exponho o que de fato eu espero do evento. Que apresente à população amapaense explanações e respostas concretas que mostrem como o GEA propõe utilizar o potencial deste projeto para o desenvolvimento do estado do Amapá.
Listei algumas questões que considero importantes que sejam respondidas pelo GEA/PRODAP, pela Empresa Oi e por Políticos do Estado do Amapá:
Pergunto ao GEA:
1. Onde está o Plano Diretor ou o Planejamento Estratégico de Tecnologia da Informação do PRODAP/GEA para a gestão 2010-2014?
2. Quais os projetos para uso da Banda Larga estão previstos pelo GEA?
3. Qual o plano de capacitação dos profissionais de TI que atuam no PRODAP para que possam potencializar o uso da Banda Larga?
4. O GEA, antes de optar pela Empresa Oi como parceira no Projeto, ouviu outros provedores de internet do estado do Amapá?
5. Quantos empregos diretos a Empresa Oi possibilitará para o estado do Amapá?
 
Pergunto a Empresa Oi:
 1.      Por que a Empresa Oi demorou tanto tempo e precisou de tanto incentivo para implantar o projeto de Banda Larga no Amapá, considerando que já utiliza recursos públicos do BNDES?
2.      Quais as iniciativas da Empresa Oi de cunho social para com o projeto no Amapá?
3.      Quais os preços e serviços agregados como TV a cabo e capacidade de banda para atender grandes demandas como a da Unifap de 1 Gbps?
4.      Qual o plano de ação que a Empresa Oi irá adotar para manter o cabeamento de fibra ótica ativo?
Pergunto aos Políticos do Amapá:
 1. Ao invés de querer ser pai do projeto, como os Deputados e Senadores planejaram suas emendas parlamentares para potencializar o uso da Banda Larga no Amapá?
 2. Como os postulantes ao GEA analisam o projeto de Banda Larga e quais as metas que pretendem apresentar para a gestão 2015-2018?
Tenho certeza que se o Governador Camilo Capiberibe ou o presidente do Prodap Alipio Jr, tiverem acesso à estas perguntas, poderão respondê-las. E estarei presente no evento por ouvir as respostas.
Sobre a tão cobiçada paternidade da Banda Larga, opino que este projeto não possui um Pai. Penso que os elogios sim, devem ser destinados ao Alipio Jr pela coragem e compromisso com o projeto proposto pelo GEA desde o inicio da sua gestão à frente do PRODAP em 2010.
 Como cidadão deixo aqui meu relato e a certeza que o Amapá é um estado em pleno desenvolvimento, com potencial para se tornar referência em Tecnologia da Informação. Cabe aos gestores ações que priorizem a técnica, em detrimento a resultados que só se sustentam pelo convencimento midiático.
Como professor, cumpro meu papel de estimular o debate e de apresentar argumentos que possam subsidiar a compreensão do tema em questão. Espero que colegas profissionais da área de Tecnologia da Informação, usuários de internet e interessados pelo tema possam contribuir com o debate.

E você leitor, o que espera o evento de Inauguração da Banda Larga?

Quais suas expectativas para desenvolvimento do Amapá com os inúmeros projetos que podem ser potencializados com uma internet de melhor qualidade?

*Rafael Pontes Lima  é Mestre em Tecnologia da Informação  e professor do Curso de Ciências da Computação e Diretor do Departamento de Informática da Universidade Federal do Amapá. Mantem o blog Amapá Tecnologia, onde socializa seus estudos sobre as tecnologias e sua aplicação em áreas como Educação, Gestão de TIC, Engenharia de Software, Governo Eletrônico e Inclusão Digital.
  • Parabéns ao Alípio e todos que trabalharam para que essa realidade chegasse aqui no nosso Estado. Banda larga a um preço justo e que todos possam pagar. Muitos outros serviços podem vir com essa tecnologia via fibra óptica. E tudo o que vier para contemplar o povo é sempre bem vindo. Acho só que esse lado politiqueiro, de quem é o pai da criança, é inútil. Até porque quem for usar vai ter que pagar para usar. Dai dizer que é obra do Governo? Para o Governo já pagamos os nossos impostos e não deveríamos pagar por esse serviço, se fosse o caso. Como políticos, vale para todos, inclusive para todos os que estavam reunidos ontem posando de pais, a força política é importante para que as coisas aconteçam. Aos que se preocuparam para que isso fosse alcançado, parabéns, o povo do Amapá agradece.

  • Com a BL o Amapá vai caminhar e gerar empregos para nossos jovens.
    Creio que agora o Alipio Jr. (Gestor do PRODAP), vai conseguir dormir sossegado.
    Já estou até imaginando uma cirurgia no HCAL sendo orientada via internet pelos Profissionais de outros Estados. Isso sim, vale a pena.
    Bom dia para todos!

  • Espero transparência com o uso dos recursos públicos por parte de TODOS OS PODERES, a desculpa de muitos gestores que gostam de esconder o que fazem com o nosso dinheiro é de que a internet não é (ou era) boa e não suporta a quantidade de informações.
    Agora a desculpa esfarrapada acabou, quero todas as informações, os editais, os empenhos, os contratos, os extratos bancários, as cópias digitalizadas das notas fiscais. Quero os decretos, as portarias, os nomes dos funcionários (especialmente os fantasmas), suas cargas horárias, as nomeações, o ponto eletrônico biométrico e a implantação do Diário Oficial On Line.
    E antes que alguém, algum poder, instituição ou Ong que recebe dinheiro público, diga que já faz isso, eu antecipo meu veredito: É MENTIRA!!
    No máximo o que temos são alguns engôdos, firulas e fantasias de transparência, por aqui a transparência está tão longe quanto o término da pavimentação da BR 156.

  • Penso que a Banda Larga já estava a funcionar no estado há alguns anos, trazido pelos provedores de internet do estado através de antenas via rádio, porém com péssima qualidade. Entretanto o questionamento a respeito da fibra trazida pela oi é justamente a redundância. Há alguns meses o cabo da fibra foi cortado em um trecho próximo de Calçoene. E os técnicos levaram um tempo considerável para reparar a fibra, haja vista não haver redundância. Então se por algum evento natural, essa fibra se romper, até pelo fato da altura que a fibra se encontra, quanto tempo os usuários ficaram sem serviço até a fibra ser recuperada?? Um dos meus questionamentos é esse… vamos ver no desenrolar dos meses… espero sinceramente que haja um plano de redundância nessa fibra, senão… já viu!!!

  • Desde 2011 venho acompanhando essa série chamada banda larga. Pela minha espera e por ter feito análises da Oi, fico de pé atrás em relação de seus serviços. Mas, como única presença de serviço por fibra ótica vou contratar. Espero que a PNBL tire o limite de tráfego.

  • Eu vejo com um norte para um avanço (a longo prazo) tecnológico no Estado do Amapá. Porém, como é de praxe no nosso estado, esse projeto vem com um bebê de proveta, onde a paternidade poderá ser questionável por qualquer um.
    Sou tecnólogo em Redes de Computadores, e desde a minha época acadêmica ansiávamos por este dia.
    Espero que o GEA, não estagne esse projeto como é comum por aqui, pois BL não é um simples capricho para a sociedade amapaense, trata-se de desenvolvimento, e quando digo isso, tenho fundamentos com os quais meus caros colegas irão concordar. A BL além do acesso a internet em alta velocidade, abre um leque de opções desenvolvedoras para o Estado, que vai da entrada de grandes empresas até o turismo do Estado.

  • Só espero que a qualidade dos blogs de Macapá melhorem com a banda larga, fazendo o bom uso da informação e da imparcialidade.

    • Blog não é empresa de comunicação. É página pessoal.
      Interessante é que só no Amapá se pensa que blog é empresa de comunicação. Espero que com a chegada da banda larga, as pessoas possam pesquisar mais e aprender a diferença.
      Bom domingo pra você.

    • Ô Marcelo! Que tal pedir imparcialidade a imprensa harmoniosa e a chapa branca. Afinal este blog é pessoal e a dona publica o quer ou lhe interessa, ainda assim, pra mim é mais imparcial que qualquer empresa de comunicação do estado tucujú. E vê se aprende a diferença!

  • Tenho um questionamento, será que com a chegada da banda larga a qualidade dos blogs que fazem da informação um mal uso do que todo jornalista tem em suas veias que é a imparcialidade e contraste de informação.

    • Marcelo, em um blog se expõe opiniões de seu fundador, (pelo menos eu concordo inteiramente com esse blog).
      Mas se vc quer puxar saco do Governo do Estado do Amapá vá por favor ao lançamento da banda larga, e lá grite, bata palmas, chore pelo seu querido Governador! vamos ver se ele venha a se importar com vc depois das eleições…

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