Recessão americana cada vez mais evidente? Quais os impactos disso?

Recessão americana cada vez mais evidente? Quais os impactos disso?
Leandro Távora

Ao contrário do que previam os analistas, o resultado do PIB do segundo semestre dos EUA deixou a desejar, com encolhimento de 0,9% ante previsão de alta de 0,4%, o resultado foi novamente negativo pelo 2º semestre consecutivo, o que leva o país a entrar na chamada “recessão técnica”. A economia dos Estados Unidos da América é a maior do mundo, por isso, um temor de recessão no país era visto e aguardado com muita cautela por todos.

Quando se avalia um cenário de recessão, não basta olhar apenas para o resultado do Produto Interno Bruto de um país, mas sim, para outros indicadores, os EUA têm uma taxa de desemprego que atualmente está em 3,6%, com contínua geração de empregos e aumento de salários, como um país onde quase não há desempregados pode estar vivendo um ambiente de recessão? Isso é o que torna ainda mais complexa a situação dos EUA.

Primeiramente, cabe esclarecer, que uma recessão econômica é uma fase de retração geral na economia, ou seja, durante um período há quedas nos níveis de produção, queda na renda familiar e do nível de investimentos, aumento do desemprego e da capacidade ociosa e principalmente por uma queda generalizada no consumo – que é o motor do PIB americano, geralmente impactado por uma forte inflação, como no caso dos EUA, que não vê inflação neste nível pelo menos há 40 anos.

Os dados que foram divulgados pelo Departamento de Comércio dos EUA, na última quinta-feira, também mostram que houve queda nos gastos do governo, ou seja, menos investimentos, principalmente no setor imobiliário, um dos mais importantes da economia americana, só nele os investimentos desabaram 14%, uma clara consequência do aumento da taxa de juros pelo FED (juros altos inibem o crédito).

Alguns números levam a crer que o país ainda não entrará numa recessão no próximo resultado do PIB, pois o setor de serviços e a criação de empregos seguem servindo como base de sustentação para a economia americana.

Mas, se de fato se concretizar uma recessão americana, quais os impactos disso para o Brasil e para o mundo? A engrenagem da economia americana está diretamente ligada e impactada pelo globo inteiro. Os impactos para Europa seriam ainda maiores, pois em virtude da guerra no Leste Europeu, ela sofre com os riscos relacionados ao fornecimento de energia oriunda da Rússia, que em virtude das sanções sofridas, retalha ao diminuir o envio.

No âmbito brasileiro, o fator principal a ser observado é o preço das commodities, pois certamente uma recessão americana não é bem-vinda e não é ela especificamente que nos prejudica, mas sim um ambiente de negócios mais hostil ao redor do mundo.

Ainda que uma recessão da maior economia do mundo seja péssima para os países emergentes, o Brasil poderia sofrer menos impacto, haja vista que nosso maior importador de commodities é a China, mas vale lembrar, que ela passa por contínuos lockdowns com a política de COVID-19 0, o que freia o consumo local e trava as cadeias de suprimento e logística.

É óbvio que uma recessão americana afetaria como um todo a cadeia de produção mundial e pressionaria ainda mais as inflações ao redor do mundo, mas na visão de especialistas, a economia do Brasil dependerá muito mais de fatores domésticos, como as eleições que estão previstas para outubro deste ano. Aguardemos os próximos números para entender melhor que rumo a economia mundial e principalmente a brasileira, tomará.

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