Conto de Ray Cunha é selecionado para a coletânea Prêmio Off Flip 2022

O escritor amapaense Ray Cunha participa da coletânea de minicontos PRÊMIO OFF FLIP 2022 com NUA. Natural de Macapá/AP, autor de vários livros de poesias e romance, ele vive há muitos anos em Brasília, onde exerce as profissões de jornalista e terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa.

Segue-se a íntegra de NUA:

“Ela nasceu para o esplendor, no seu mundo azul. Desde que nasceu, acompanho seu embelezamento, seus banhos de sol, sua nudez cada vez mais esplendorosa, entregue à brisa, às borboletas, aos beija-flores. Namoro-a em todas as oportunidades. Consciente de que não vivem muito procuro apreciá-la em todos os momentos que posso. Ela não me dá importância, é claro, pois só se importam com o sol, mas deixa que cuide dela. Desconfio que saiba dos meus sentimentos, pois, quando a olho, torna-se ainda mais esplendorosa. Comecei a preparar-me para quando ela se for, e procuro me convencer de que elas ainda me proporcionarão um sem número de emoções. Mas esta é tão divina! Era apenas um tímido botão. Agora, madura, desnudou-se completamente. Sempre que a vejo é como se fosse a primeira vez no abismo do coração, e chego mesmo até a sentir o terremoto do primeiro beijo, dependendo do estado de espírito em que me encontro, por isso, ela nunca murchará na minha lembrança, pois os sentimentos verdadeiros não murcham nunca. Só eu sei o quanto as amo, como sou apaixonado por tudo o que é delas. Acredito, com fé, que elas são portais para a dimensão de Deus, misteriosamente inexpugnáveis na sua fragilidade, e eternas na sua fugacidade. Quando penso que essa rosa colombiana vermelha nasceu no meu jardim vibro de alegria, pois, ao namorá-la, sinto a luz pousar ao meu lado, para montá-la, como se monta o azul, tão azul que sangra.”

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