Macapá 254 anos – O aeroporto era na FAB

Avenida Fab domingo à tarde

Essa avenida larga, movimentada, tida como a principal de Macapá, por onde passam todos os ônibus e onde ficam escolas, secretarias de governo, hospitais, tribunais, Assembléia Legislativa, Câmara de Vereadores e Prefeitura, foi o primeiro campo de aviação de Macapá. Por isso quando virou avenida recebeu o nome de Avenida FAB (Força Aérea Brasileira). Aí  pousavam todos os aviões que chegavam em Macapá e daí decolavam.

Aeronave  C47 da Cruzeiro do Sul

O José Ribamar Pessoa trabalhou neste aeroporto da avenida Fab. Ele contou ao blog que não havia cerca, muro, nada que impedisse que as pessoas chegassem bem pertinho do avião para receber quem estava chegando ou se despedir de quem estava partindo. “Sobre a multidão que aparece nessa foto informo que naquela época, era permitido a todos receber autoridades, familiares, etc embaixo da aeronave, inclusive também no embarque”, conta.

O poeta Manoel Bispo – que chegou gitinho em Macapá – conta que  quando a molecada ouvia o barulho do avião corria pro “aeroporto” vislumbrando ganhar uma grana pra comprar gibis, picolés e garantir o da matinê do cinema.
É que naquela época não existia táxi em Macapá e quase nenhum carro particular (ônibus nem pensar). A pessoa chegava, descia do avião e ia a pé pra casa. É aí que a molecada entrava. Se aproximava do passageiro e oferecia o serviço: carregar a maleta, do aeroporto até a casa. “O ‘carreto’ mais longo que fiz com uma mala na cabeça foi do aeroporto pro bairro do Trem. A maleta era daquelas de madeira, mas me rendeu um bom dinheirinho, me disse o poeta certa tarde.

Dia desses o Celso Façanha estava lembrando dos seus tempos de moleque e disse que uma vez viu “com esses olhos que a terra há de comer” um avião quase entrar num prédio ali por perto de onde é hoje a Escola Integrada.
Deixemos o Celso contar:
Era um dia de chuva, a pista tava um lamaçal, o avião aterrissou mas não conseguiu parar logo. Foi indo, indo, indo…  e só conseguiu  parar ali perto do GM, quase que entra num prédio onde era o Irda. Quando a porta  abriu  o primeiro passageiro a descer foi o Pernambuco, um açougueiro brabo. Ele desceu reclamando: “Pô, esse cara (piloto) podia ter logo me deixado em casa.”

Minha mãe, a professora Delzuite Cavalcante, contava que, sentada no pátio da nossa casa, via os pousos e decolagens.
Era ali, dizia apontando com o dedo, o campo de aviação e daqui a gente via tudo.”
E minha avó completava: “o avião passava aqui na ilharga.”

 

  • PARA SERMOS MAIS REALISTA, DEVERÍAMOS COLOCAR UMA FOTO DO CANAL FEDORENTO QUE ATRAVESSA NOSSA CIDADE, POIS É TAMBÉM UM CARTÃO POSTAL DA CIDADE DE MACAPÁ, INFELIZMENTE.

  • Apenas uma correçãozinha bem miudinha. Um preciosismo. A aeronave em questão é um DC-3.
    O C-47 é a versão militar. Desnecessário não é? Mas vc sabe como é quando somos apaixonados pelo assunto. Saudade de vocês.

  • Alcinéa, o velho campo de aviação, de saudosa lembrança, onde como estudantes íamos a pé para dar as boas vindas quando chegava alguma autoridade federal ou o
    Cel. Janary Nunes. Também trabalhei na Cruzeiro do Sul em 67 como despachante de vôo. Mas, me detive na foto porque ela registra a despedida e o
    embarque dos restos mortais do então deputado Coaracy Nunes e do Promotor e saudoso Dr. Hildemar Maia, chamado protetor da mulheres, fato ocorrido em
    1958. Lembro que neste ano o carnaval foi suspenso na cidade. Como disse o amigo Adelmo, recordar é viver.Abraços.

  • O aeroporto ficava bem perto de casa , morva na Leopoldo Machado com a Presidente Vargas.
    Ah ! que saudade dai, tanta coisa boa que essa Terra tem, melhor camarão do mundo , rio amazonas , amigos fiéis , povo maravilhoso , que fala pegando, é uma laegira só , ah as coisas ruins agente não lembra, Macapá é tudo de bom!

  • Néa,
    Por esses e outras que o nosso querido e saudoso amigo Jeconias Alves de Araújo, o Piton,ilustre poeta popular e autor de vários sambas de sua Piratas da Batucada, já dizia:
    “Me adescurpe, seu dotô,
    Num guento mais, vo falá:
    Macapá tá deferente,
    Mais que tá bonita, tá!”

  • Assembleia não é mais acetuada! mas partindo de seu renomado site, o qual entro todos os dias, parto do princípio que não foi você quem postou. Sou um assíduo leitor de seu Site. parabéns.

    • Por enquanto as duas formas estão corretas. Embora a reforma tenha entrado em vigor em janeiro de 2009, o prazo oficial é que até 31 de dezembro de 2012 a adaptação seja feita de maneira completa. Até lá as duas formas ficam valendo, inclusive em concursos públicos, exames vestibulares e provas escolares.
      E cá pra nós, o acento deixa a palavra mais charmosa. Uma idéia acentuada e mais bonitinha que uma ideia sem acento. Né não?

  • Ah, Alcinea, que saudades dessa Macapá que não conheci…cheguei ontem de viagem, meu cartão de boas-vindas foi eu presenciar uma tentativa de assalto na rua São José,na ourominas, em plena três horas da tarde…que dó, ver a Macapá de hoje…um abraço para os pioneiros dessa cidade, que hoje vivem à mercê de acontecimentos fora do nosso controle…

  • Alcinea tenho verdadeiro AMOR pelo POVO desta terra, que me recebeu de braços abertos a exatamente 24 anos atrás, passando por dificuldades em Belém do Pará resolvi tentar a sorte em Macapá, acertei em cheio, sou feliz com minha família neste Estado. Trouxe meus 06 irmãos, posteriormente meus pais, dos 06 irmãos 04 são hoje funcionários públicos estaduais concursados, outro empresário bem sucedido, outra no setor privado concluiu recentemente nível superior, etc…..
    Lamento ver que poucos tem a mesma sorte, principalmente por falta de VERDADEIRAS OPORTUNIDADES.
    A falta de gestão é um problema no Brasil, mas se falando de Amapá é um caso grave, vejo que no período de 24 anos muitos municípios do Pará com um pequeno orçamento desenvolveram proporcionalmente 100 vezes mais que a nossa capital (SEM EXAGERO), obras inacabadas pra todo lado, mal conservadas, ruas que a todo tempo são recuperas, não é possível manter um carro limpo em nossa cidade, o desperdício é um problema cultural, não primamos pela qualidade, pela organização, pelo que é melhor, vejo que a baixa estima tomou conta da maioria da população diante de tantos fatos desagradáveis acontecidos.
    Mesmo assim quando fico mais de uma semana fora da Macapá, já quero voltar, por que meus amigos estão aqui, meus filhos nasceram aqui, minha esposa conheci aqui (MINHA ETERNA COMPANHEIRA), minha casa esta em Macapá, meu coração esta em Macapá, feliz daquele que tem o mesmo Amor por Macapá.
    Parabens Macapá.

    • Uma bela declaração de amor por essa terra que é minha de berço. Pena que é desprezada e insegura, mesmo desrespeitada por quem pode fazer alguma coisa para melhorá-la e não faz.Procuro fazer a minha parte, pois acredito que, se cada habitante fizer um pouquinho nossa Macapá pode melhorar.

  • Memórias como essas dão substância à história do cotidiano da cidade. Por isso é tão importante preservar nomes como da Av. FAB, que contém em três letras significados enormes.

  • De uma coisa eu não esqueço: O aeroporto que existia em Macapá (o check-in era numa casinha) quando o avião da Cruzeiro partia, virava um verdadeiro muro das lamentações de tanta choradeira dos parentes de quem viajava. O medo de avião era tao grande, que as pessoas até rezavam quando o avisão partia.
    Néa, que bom ter visto mais uma vez minha saudosa professora Delzuite Cavalcante, o meu contemporâneo Celso Façanha e ter notíci do dono da foto, meu amigo Luiz Pessoa, que teve realmente uma longa passagem, desde gatoto acredito, na firma do S. Zaguri,representante da Cruzeiro do Sul em Macapá-AP. Recordar é viver!

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