O governador que mandava prender jornalistas

Terêncio Porto foi o governador (novembro/1962 a maio/1964)  do então Território Federal do Amapá que mais perseguia jornalistas.
Certa vez mandou prender até meu pai Alcy Araújo Cavalcante e quase que apanha de bolsa da minha mãe. Com medo da bolsada de minha mãe, Terêncio desistiu de prender meu pai.
Mas, deixa eu contar um caso que aconteceu com o Amaury Farias.
Aborrecido com uma notícia sobre o secretário-geral publicada na Folha do Povo, Terêncio entrou feito um furacão no gabinete do chefe de polícia
Charone a minha vinda aqui é para autorizar a prisão do Amaury Farias e mandá-lo direto para uma das celas da Fortaleza.
Governador, uma prisão só pode ser realizada se houver uma motivo justo. Se não for assim, o Amaury entra na Justiça e perderemos a ação lá, disse Charone.
– Mas há um motivo justo, Charone. Saiu uma notícia na Folha do Povo contra o secretário-geral e a esposa dele está em prantos suplicando a punição do responsável.
– Mas, governador, esse não é um motivo justo. E outra coisa: agora a esposa do secretário está chorando mas se a gente prender o Amaury quem vai chorar é a professora Deusolina (esposa do Amaury). Não vou prender.

Charone foi exonerado. Seu substituto também não acatou a ordem do governador.

(Deusolina Sales Farias, primeira esposa de Amaury, foi professora, fundadora da Associação dos Professores do Amapá (APA) e sua primeira presidente, foi também a primeira mulher eleita para a Câmara de Vereadores de Macapá.)

  • Comentei esta história com o Charone, diretor de Operação da Eletronorte e filho do tenente Charone, que confirmou com uma correção.Diante da recusa em prender o Amaury o governador simplesmente ordenou a prisão do Charone. Ele era criança e lembra do seu pai sendo levado preso para a Fortaleza.

  • Sera que na tal surra que o PERY levou, afetou a língua, a Cea estar em processo de doação e o homem não fala nada. É mano, gato escaldado tem medo de água fria.

  • O título ficaria melhor: “Um dos governadores que mandava prender”. Quem não se lembra da surra quase mortal que os vereadores de Macapá Pery Arquelau e Luis Banha levaram ? (…) o restante da história deixa aos comentários !
    Que Deus nos livre !

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