Para não esquecer Bonfim Salgado

Tributo a um “velho jornalista”
Por José Machado*
É difícil mensurar o sentimento de vazio, quando perdemos um amigo. Foi assim quando soubemos de sua passagem para o plano superior.
Um apaixonado pela vida, cheio de otimismo, perseverança, e fazia questão de compartilhar essas virtudes com os que viviam ao seu redor. Para ele, viver era ver e participar. De sorriso largo, era atencioso com qualquer pessoa e todos o admiravam pelo jeito cordial e prestativo. Por isso, era muito querido.

Em função de minha atividade como Cerimonialista, e por ‘fina ironia ‘concedeu-me um título de nobreza e tratava-me como Dom Machado. Aliás o Feijão (ex-deputado) ainda o faz.

O saudoso “velho jornalista” Bonfim Salgado
Com ele, tudo era sempre engraçado e divertido, sem beirar a irresponsabilidade. Até nas situações mais sérias e preocupantes, buscava pensar a crítica irônica do humor risível mesmo onde havia tensão.
Um pequeno criador de bovinos do Curiau, que já havia perdido várias reses para uma onça, após várias incursões pelos órgãos ambientalistas sem que apresentassem solução, o procurou à emissora onde tínhamos(equipe) do Jornal Meio Ambiente um programa domingueiro.
Após contar sua história, enfatizou que a Promotora o instruiu a fazer uma foto da onça, para anexar ao processo. Após sonoras gargalhadas, fez o seguinte comentário:
-Dona onça, sua reputação está feia com ranhuras do tamanho de suas patas, faça uma bela pose para sair bem na foto, para enviarmos à promotora!
O objetivo era promover o riso, a mais antiga e ainda a mais terrível forma de crítica. Só ele dá alma e luz à “Santa Ironia”.
No dia seguinte, recebeu uma notificação para prestar esclarecimentos na Promotoria.
Sua inteligência facilitava o diálogo com desenvoltura sobre qualquer assunto, que se refletia em seus ensaios, artigos e palestras. Mas isso nunca fez dele um homem orgulhoso, pernóstico ou afetado.
Assim como os grandes mestres, foi um exemplo de humildade e tinha verdadeira mania de agradar a todos. Era admirável nessas demonstrações. Como todo humano era falhanço, mas suas virtudes superavam seus defeitos.
Bonfim participava de saraus de poesia. Na foto, Bonfim declamando, os poetas e escritores César Bernardo de Souza e Alcinéa Cavalcante e o professor Antônio Munhoz, em 2011

Ele tinha o dom da palavra, fez da vida poesia com rimas e imagens. Poeta, escritor e militante da Literatura.

Do exílio voluntário ao Rio de Janeiro onde morou 17 anos, aproveitou para graduar-se em Comércio Exterior. Mas foi no jornalismo onde se encontrou.
Trabalhador do conhecimento, o ‘velho jornalista’, se destacou pela capacidade de transformar informações em valores para a vida.
Costumava dizer “Sou um milionário, um milionário sem dinheiro, um milionário de assuntos e nada mais”.
Foi embora o indivíduo culto. Fica a lembrança, e a saudade do homem apaixonado pela família e pelos amigos. Sua perda gerou comoção entre os colegas-, as lembranças felizes que ele deixou são frutos do bom relacionamento.
Sua partida súbita, sem despedida em 12 de março de 2012 nos deixou entristecidos. Mas suas histórias e memórias jamais serão esquecidas.
O Flâneur, seguiu em nuvens brancas, que o levaram ao descanso eterno. Tomara que o Paraíso não seja mera fantasia. Assim, o viajante divertidamente,continuará escrevendo,declamando suas poesias e tomando os sorvetes de baunilha que tanto adorava em taças da Eternidade…
*José Machado é jornalista, radialista e cronista
  • Bela homenagem, Bonfim deixou boas lembranças. Costumava falar que eu fica melhor sem óculos rss.

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