Trechos de uma entrevista que Xexeo concedeu à Associação Brasileira de Imprensa
ABI Online — Você já reparou que escreve muito sobre o passado, sobre coisas que já foram? Isso é saudosismo?
Xexéo — Isso é idade, né? Quanto mais eu vivo, mais passado eu tenho. Hoje mesmo escrevi uma coluna inteira sobre o assunto. Muitas vezes isso ocorre porque você percebe que certas coisas vão se perdendo e dá uma vontade de que elas permaneçam. Meu contato maior é com as redações, muito maior até do que com a vida real. As pessoas mais novas são muito desinformadas sobre o que já aconteceu. É muito comum você falar de determinado acontecimento ou personalidade e o mais jovem retrucar: “Ah, mais isso foi antes de eu nascer.” Como se o mundo começasse no dia em que a gente nasce! Então, quando escrevo, eu sinto essa vontade de mostrar como as coisas eram e aconteciam. Acho que a nostalgia é essa sensação de achar que “aquele tempo” era melhor do que esse. É claro que a nossa juventude é sempre melhor do que a maturidade. A infância é, de certa forma, idealizada e tudo o que a cerca parece melhor também. Mas eu tenho consciência de que não é bem assim. Só quero deixar registrado.
ABI Online — Você já escreveu a coluna dos seus sonhos?
Xexéo — É capaz. Foram tantas que já devo ter feito a dos meus sonhos e também a pior de todos os tempos. Na verdade, não tenho nenhum projeto de escrever uma coluna determinada e não me acho um cronista. Não sei o que sou quando escrevo naquele espaço ali. Mas, de vez em quando, eu me aproximo da crônica. Quanto mais isso acontece — e ainda é raro — mais eu gosto. Supero um obstáculo, meu trabalho é melhor, fica mais literário e atinge as pessoas de modo mais sofisticado do que simples comentários ou opiniões sobre um assunto. Quando isso acontece, estou mais perto dos meus sonhos.
ABI Online — E se você fosse professor universitário de um curso de Jornalismo, o que ensinaria a seus alunos?
Xexéo — O jornalista tem de ter duas qualidades básicas. Uma é a curiosidade; acho que é possível ensinar isso. A outra é a humildade, pois esta é uma profissão que — talvez por ser associada a essa história de quarto poder — permite que você se ache melhor que os outros, tenha o nariz empinado e se sinta com o rei na barriga. Isto acaba prejudicando o trabalho. A gente detém, ou consegue, a informação por uma única razão: não porque é mais inteligente, mais bonito ou mais gostoso, mas porque sabe que tem a função de dividi-la com a sociedade. É preciso ter humildade o tempo todo para saber que você é só o “cavalo” dessa história, que não é melhor do que ninguém porque sabe antes das coisas. Eu tentaria passar isso.
A entrevista completa você lê aqui