Não há Vagas – Ferreira Gullar

Não há Vagas
Ferreira Gullar

O preço do feijão
não cabe no poema.
O preço do arroz
não cabe no poema.
Não cabem
no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila
seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
— porque o poema,
senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.

  • 1963 – As vésperas do golpe de 1964, que, como sempre, fez o povo sofrer as consequências, Gullar externou o sofrimento daquele momento vivido.
    A partir do plano real, consolidado entre os anos de 2003 até 2014, a economia e, por conseguinte, a vida do povo, apresentava-se, aparentemente, estabilizada. O período em que melhorava, a cada dia, a qualidade de vida de todos nós. Ledo engano!!!!!!
    2015 – Inicia-se o processo que levaria ao golpe parlamentar de 2016. Aí desandou tudo novamente. Começou com “a ponte pro futuro” e continua “navegando a deriva sem comando”. Enfim, chega-se a 2022 e parte do povo consegue sobreviver, mesmo perdendo parcela significativa da sua qualidade de vida.
    É hora de resgatarmos o que tivemos de melhor. “a nossa arma é o voto”. Vamos deixar os “interesses pessoais” de lado e pensar nos “interesses coletivos”. Pois unidos é que somos fortes. Não precisamos de oratória e promessas de aproveitadores. Precisamos, sim, de governos engajados na melhoria da qualidade vida de todos nós.

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