Um poema de Luiz Jorge Ferreira

Reflexo
Luiz Jorge Ferreira

Vamos passar no Ontem
Vista sua calça Jeans, a mais desbotada, aquela com que você se sentou várias vezes na calçada, para falarmos de um amanhã, que hoje, Ontem já é.

Noutro dia uma chuva fininha ensopou meus olhos, enquanto uma saudade sua tomou minhas mãos e levou-me ao quintal onde sob o voo desajeitado dos Zangões que atabalhoadamente circularam o Sol.

Minh ‘alma sentada jogava cartas com o espelho.
Os grafites no muro da Igreja sem sons de sino.
Testemunhas são que eu procuro caminhos entre as minhas digitais.
Que enfileiro manhãs e lhes jogo o Sol das lágrimas que sequei chorando por mim.
Sob os passos tortos e ímpares.
No chão os passos que eram sombras, agora são
rumos cicatrizados…
Poderiam me levar ao passado.
Poderiam me fazer dançar Tangos e Fados, inúteis vezes, diversas vezes, em vários recomeços, inumeráveis vezes, ilusionamente só.

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