Chá das cinco

La douce omission (Le 28 mars 2007)
Tiago Quingosta

I
Quando tento esquivar-me as dores vêm maltratar-me
II
Mas o que sobrará dos sonhos dos defuntos?
Nada! Nem a certeza de que morrerão juntos
III
Crescem lírios em meu labirinto
Para esconder o que eu sinto
Omitindo a agonia eu não minto
IV
Infortúnio, goza sobre mim
Vida, você não deveria ser assim
Conflitos concernentes somente a mim
Dores trêmulas, sábias, o meu fim
V
Estou clamando e tremendo
Perdendo tudo o que defendo
Vendo os vermes corroendo
A primavera que vem nascendo
E as alegrias nostálgicas vão fenecendo
VI
Para cada deslumbramento e encanto
Doses maiores de pranto
Apesar de eu lamentar tanto
Não aspirava à vida de um santo
Porém, a quintessência cobriu-me com seu manto
Apesar do lúgubre pássaro sem canto
VII
O pesadelo aqui me devora
Esperança…Sua ausência apavora
Por dentro a pureza chora
E o coração que não tenho agora
Volta só para dizer que vai embora
A solidão chegou em boa hora
E deixou a coragem de viver para fora
VIII
Respeito as minhas nobres dores
Não usarei as mesmas armas que fores
Para cada túmulo onde não jazem flores
Mil vidas, mil arco-íris sem cores
Por ti eu não caí de amores
Eu desabei, como desabam as velhas torres
Nuvens celestiais de dissabores
Só iria para o inferno para sentir teus ardores
IX
Não dá para continuar dormindo
Enterrando as estrelas que vão caindo
Tentar estar sorrindo
É o mesmo que estar a si mesmo traindo
A tempestade vai se esvaindo
Mas restam fragmentos que não estão sumindo
Não é o teu sorriso artificialmente lindo
O que vai manter-me fingindo
Que é verdadeiro o que estou sentido
X
O tempo todo tenho em vão passado
Pensando, sofrendo calado
Remoendo e não deixando os remorsos de lado
Eu só quero ser feliz e também amado
Estou cansado desse sorriso atado
Desse beijo não dado
E o meu mundo não fora mudado
Tenho mantido o orgulho camuflado
Para a tua volta, o meu momento esperado

Meu sonho é sair desse pesadelo para sonhar acordado

Le Gothique Morbidus

  • Ana, alguns dos melhores parabéns sempre ficam por último e para falar a verdade não ligo não. Muito Obrigado! Amo-te muito. Espero que já tenha tomado o Tacacá por mim. Vende-se um muito bom na frente da Casa das Onze Janelas. Beijão.

  • Querido filho “postiço” parabéns…muito lindo, estou lendo tudo o que você publica no Pena & Pergaminho, parabéns (um pouco atrasado) pelo seu aniversário. Estou em Belém, mas ainda não tomei aquele tacacá por você…rsrs. Beijos e te amo muito.

  • LER POEMAS É UM BOM BEM.ESTE POETA CRIA IMAGENS MUITO BONITAS.”QUE SOBRARA DOS SONHOS DOS DEFUNTOS,NADA,NEM A CERTEZA QUE SERÃO ENTERRADOS JUNTOS.E AINDA..ENTERRAR AS ESTRELAS QUE VÃO CAINDO” A CADA VEZ QUE LEIO OBRAS DE POETAS SURGINDO EM UM LUGAR JA POETICO PELA PROPRIA NATUREZA DE AGUAS E
    AGUAS.LEMBRO DA “THENDA” BAR PROXIMO AO COLEGIO AMAPAENSE NA DECADA DE SESSENTA EM QUE OUTROS JOVENS SOB O MEDO DOS JIPES DA POLICIA DECLAMAVAM COISAS MAIS DA BOCA PARA DENTRO QUE DA BOCA PARA FORA.
    MESMO ASSIM ERA O MESMO BELO NASCENDO COMO NASCEU NESTE POEMA.
    LJORGE.

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