Segredo
Álvaro da Cunha
O verso é apenas uma forma
pálida e imprecisa.
Não diz do intraduzível sentimento,
da realidade latente e obsessiva,
do espírito intangível,
irrevelado e esquivo que há em mim.
Ninguém se iluda:
Sou um misto de êxtase e desordem.
Conheço o receio da palavra
e a indecisão do gesto.
Dos apetites rudes,
clamorosos,
do meu corpo,
da volúpia sofrida e revoltada,
do meu sensualismo pela vida,
da ternura que anda em minha alma,
eu não direi nada.
O Verso é apenas uma forma
pálida e imprecisa.
1 Comentário para "Segredo – Álvaro da Cunha"
Álvaro da Cunha, Alcy Araujo, Arhur Nery Martinho, Aloisio da Cunha, Ivo Torres,
– apesar do tempo decorrido continuam poetas através de seus dizeres.