A derrota dos mercadores do poder

A derrota dos mercadores do poder
Corrêa Neto

Uma semana depois da vitória do geógrafo Clécio Luis na eleição para a Prefeitura de Macapá, a primeira capital brasileira conquistada, no voto, pelo PSOL, o Brasil ainda não conseguiu alcançar a dimensão dessa conquista, e o significado dela para uma população de pouco mais de quatrocentos mil habitantes que o município possui. Até agora se tem ouvido e lido muito, sobre “violações da ética e dos preceitos partidários”, que teriam sido cometidas com a aceitação de apoios oferecidos por lideranças de partidos como o DEM e o PTB, que acabaram se revelando fundamentais para a vitória de Clécio Luís, na mesma proporção de outras alianças, não tão contestadas. Raramente se tem lido ou ouvido falar acerca das péssimas condições de vida, que colocam a cidade na condição de quinta pior capital brasileira em qualidade de vida, graças aos problemas estruturais que enfrenta, e tantos outros, nem tão graves assim, que uma gestão honesta e competente pode aliviar nos médio e curto prazos. Para quem olha a disputa eleitoral recente pela lente da solidariedade para com o sofrimento da população, a decisão dos dirigentes locais do PSOL foi de uma grandeza extraordinária, mas ganhar a eleição não foi fácil.

Clécio é um homem muito bem preparado, certamente o melhor entre os candidatos na disputa para assumir a Prefeitura de Macapá, mas só isso não seria suficiente. Tinha o apoio de uma das mais gratas revelações da política brasileira nos tempos modernos, o senador Randolfe Rodrigues consagrado uma semana depois do segundo turno, se tornando o grande vitorioso num concurso nacional promovido pelo site Congresso em Foco, mas também isso não bastaria. Nem a vibração da militância, os maus exemplos dados pelos políticos tradicionais, e viciados os empurrariam para longe do controle do poder. A partir disso a campanha eleitoral se transformou em uma guerra entre o PSOL, seus aliados, apoiadores, e uma bilionária bancada de mercadores do poder que tinha na PMM, a última grande oportunidade de manter sob controle um orçamento de R$ 500 milhões, da forma predadora como costumava fazer. Sem o Governo do Estado, e a Assembleia severamente vigiada pelo MPE o alvo era a PMM. Não deu. Uma conjunção de fatores positivos impediu que a orgia com dinheiro público tivesse continuidade.

Pouco antes da eleição, pressionada pelos acontecimentos nacionais, a cúpula da Justiça do Amapá começou a dar sinais de que não seria mais avalista de políticos comprometidos com a corrupção farta, escancarada e impune. O Ministério Público do Estado que há mais de um ano vinha tentando cumprir sua missão constitucional sem conseguir, passou a ter respostas positivas para suas ações. As instituições constituídas para brecar a compra de votos, com apoio, inclusive de militantes de partidos, envolvidos na fiscalização das chamadas cabeças de pontes, nos alagados, conseguiram um índice de eficácia suficiente para evitar a generalização ocorrida em outras eleições. Tanto assim, que mesmo oferecendo R$ 250,00 por um voto no dia da eleição, os mercadores do poder perderam.

Agora guerra acabou. Há uma cidade para ser reconstruída, e quatrocentos mil seres humanos carentes de melhor tratamento, de mais respeito.  Esta não seria a hora de ter certeza de que as necessidades dessa gente estão muito acima de quaisquer outros sentimentos menores?

(Artigo copiado e colado do site do jornalista Corrêa Neto)

  • Que o Amapá precisa vivenciar dias melhores, isso é fato, visto os últimos anos, cujos acontecimentos mancharam a história desse povo.
    Em nota, há que se congraçar que, qualquer administração não depende exclusivamente do seu gestor. A União, o Estado ou o Município tem suas responsabilidades, mas o povo, tem a sua e precisa assumir bem. E pelo menos nessa eleição, já dá mostras de um começo promissor. Indiretamente disse que quer mudanças, estar ansioso, por ver a cidade como uma cidade. Eu particularmente, presenciei notórios momentos, cujo cidadão ao dirigir-se aos centros de saúde para atendimento, não receberem atenção e nem o mínimo de respeito. O nosso trânsito é uma verdadeira aula de violência, vem o natal e o lixo estar enfeitando as calçadas, as nossas escolas precisam oferecer melhores condições aos seus alunos para se pensar num amanhã promissor, nosso transporte ainda é deficiente e as moradas nas ressacas são ainda mais vulgares. Nesses pontos venha quem vier, seja quem for tem que ajudar, todos nós, seja amapaense ou de outros estados; político do mesmo ou de outro partido tem que se solidarizar. Precisamos escrever no Amapá a história de evolução de um povo. Mesmo porque, já temos uma morada bastante avantajada, temos as nossas riquezas, precisamos cuidar melhor e saber usar; precisamos melhor distribuir e entender que quem mora em uma sociedade tem que visar a coletividade e não o individualizar. O que não pode ficar é servindo de exemplo negativo para todo o Brasil.

  • Parabéns Correa,sua esplanação das necessidades em termos de melhorias p/o estado/municipio de Macapá foi e é o principal objetivo(assim espero),do grupo que se aliou em prol dq é mais urgente p/o estado e seu povo.Acredito que ideologias e paixões partidárias,não cabe quando se vê o sofrimento de milhares de pessoas, em um estado carente de tudo.É inadimissível que se perca milhões em verbas públicas,por falta de bons gestores e planejamentos,e sem c0ontar,as verbas desviadas p/os bolsos destes.

  • Não penso que houve quebra de valores ou quaisquer outro sentimento que desabone a história de militante do prefeito eleito, eleição é um momento de debate e isso foi feito. Querer desmerecer isso sobre a alegação de uma anacrônica ideia de pureza ideológica e demais. Os apoiamentos foram fundamentais para a vitória de Clécio, agora é esperar uma administração a altura dos valores que lhe credenciaram como uma promessa na política amapaense! O tempo dirá o que vai acontecer.

  • EU VOU PRIMEIRO FICAR ESPERANDO E DEPOIS VOLTO A OPINAR. VAMOS VER SE REALMENTE CLÉCIO NÃO ERA CANDIDATO DO CAMILO E DA CLAUDIA JÁ QUE CRISTINA ERA CANDIDATA DO SENADOR CAPIBERIBE. VAMOS VER AS NOMEAÇÕES DAS SECRETARIAS E OS SEIS PRIMEIROS MESES.

  • Eu como empresário e morador desta cidade, quero e muito que a administração do Prefeito Clécio, leve Macapá a um posto nunca antes alcançado em qualidade de vida para a sofrida população macapaense. Porém, basta andar pela cidade, falar com políticos e cabos eleitorais, para saber que os perdedores desta eleição não foram os únicos a comprar votos. E espero, que novamente nossa capital não seja fatiada para para atender aos diversos interesses políticos envolvidos nesta eleição.

  • Caraca e pensar que estes caras quase ganham a prefeitura, a diferenca foi pouca, ou seja ainda existe neste estado milhares de pessoas que pensam junto com eles, o monstro perdeu uma batalha, mas a vigilancia tem que ser continua senao eles voltam novamente.

  • Parabéns,um artigo lúcido e inteligente, que coloca com uma linguagem extremamente humanitária, uma análise realista e fiel aos princípios humanistas que devem nortear toda ação política.

    • Se formos ficar olhando eternamente pelo retrovisor,nunca chegaremos a lugar algum.Observar e conferir p/quê os caras se aliaram, é dever nosso como cidadãos(ãs).Se vieram somar,ótimo,senão,é cobrar atitude à quem de direito,no caso,o Sr. prefeito.

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