A revolta do Sapiranga

Raiva e tristeza
Milton Sapiranga Barbosa

Já contei aqui, que  desde gi-ti-ti-to, sou adepto, ou melhor, fanático por uma pescaria  de barranco. Também  descrevi meu currículo,  com  informações  sobre os igarapés, rios, lagos e lagoas por onde andei  mostrando minha perícia com um caniço ou linha de mão, dando minhas fisgadas e fazendo grandes cambadas com  as mais variadas qualidades de peixes, da pratinha ao apaiarí, do matupiri ao tucunaré,  arraia, acará, jacundá, mafurá, jandiá aracú, etc, etc.  No Currículo, elaborei, ficticiamente, onde fiz o jardim da infância, alfabetização inferior e superior, primeiro grau, segundo grau, até chegar a faculdade na Lagoa dos Índios,  que entre todos os locais bons para pescar que freqüentei,  era a minha maior paixão. Pois de suas águas límpidas consegui ajudar no sustento de casa, com fartura de peixes na mesa e alguns trocados nos bolsos, adquiridos das pequenas cambadas que vendia para as prostitutas que moravam na área do chapéu de palha e adjacências.  Hoje, aquele  que outrora fora um lugar piscoso, está morrendo. Tudo porque, quando a lagoa está cheia, pessoas vão ali  fazer pic-nic, beber cachaça ou seja lá que tipo de bebida  for e, depois, jogam  tudo nas águas da Lagoa, transformando-a numa espécie de lixeira marinha.

No sábado, dia 9, pela manhã, em companhia dos irmãos Maia, Walter, Ruy  e Paulo, voltei a Lagoa dos Índios  e após breve  parada e ver o estado em  que a mesma se encontra, pedi para sairmos dali. Estava  dominado pela  Raiva e pela Tristeza. Raiva  por saber que  órgãos  como Sema, Ibama, Polícia Ambiental, Partido Verde e Semam, que foram criados para cuidar  do meio ambiente,  fauna e flora, viraram as costas  para  aquela que deveria servir até  como atração turística de nossa Macapá.  Ali, garrafas  de todos os tipos, latas, sacos plásticos, agora compõem  a paisagem da Lagoa dos índios. As escadas que levam as suas águas viraram sanitário público.

Minha Tristeza foi  por ver   acará, traíra, piranha, matupiri, dente-de-cão  e  uéua,  mortos, boiando nas águas da lagoa, porque  algum ( miserável, desgraçado, fdp)  ali despejou grande quantidade de óleo, que somado a pouca oxigenação no local, pelo efeito, do que chamamos de AIÚ, ( que deixa  centenas de peixes nadando na flor d`água),  vai impedir  que  muitos  peixes cheguem ao período da desova, interrompendo o clico de vida, a continuação das espécies  tão apreciadas, seja  na mesa do pobre, do rico ou remediado, estejam,  assadas, cozidas ou fritas. Claro, acompanhadas de limão e pimenta malagueta. à gosto.

Depois do que  vi, da Raiva e da Tristeza que senti,  só me resta rezar e pedir:     PELO AMOR DE DEUS, HOMENS DO PODER, SALVEM  A LAGOA DOS ÍNDIOS!

  • Meu caro Cangalha menor. Ouça seu amigo amanhã, dia 14, na Rádio Forte 99.9 FM, Rádio Comunidade 7/9 horas da manhã. Vou ler parte do seu relato e fazer aquele comentário que o amigo já conhece. Vc tem toda a razão. Estão permitindo que a Lagoa dos Índios se acabe. Cadê a manifestação dos verdes, dos ambientalistas do asfalto? Estão todos com o rabo entre as pernas. É que tem muito poderoso com empreendimentos ou residencias por lá.

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