Banheiro público faz uma faaaaaaalta!
Milton Sapiranga Barbosa
No meu último dia de trabalho na Rádio Difusora de Macapá, no dia 6 de janeiro de 2011, depois de 6 meses de contrato com a velha boa, quando o relógio marcava 12 horas, me dirigi a direção do departamento comercial e junto a dona Elizamar, prestei conta do movimento financeiro da manhã, isto é, do arrecadado com as mensagens e notas que seriam divulgados no Alô Alô Amazônia daquele dia.
Cumprida a obrigação, saí às pressas do prédio da emissora, pois por ser muito emotivo, sou avesso a despedidas, já que me emociono e choro com muita facilidade. Meu retorno para casa, como fiz, na maioria das vezes, durante os 6 meses, tanto na ida como na volta, foi pela avenida Beira Rio, apreciando a beleza do majestoso Rio Amazonas.
Quando já estava passando em frente a Igreja Santa Inês, do Bairro do mesmo nome, tive que apressar minhas pedaladas, pois comecei a sentir fortes dores e aquela necessidade urgente e desesperada de encontrar um sanitário disponível, onde pudesse me aliviar da tremenda dor de barriga que me acometera, acho que devido a suculenta feijoada traçada na noite anterior.
Nessas horas de aperreio qualquer local ermo, construção abandonada, uma moita ou uma grande pedra, onde possa se esconder, serve para você se desapertar. Olhava para um lado, para outro e nada de avistar um local para desalojar o barro que ameaçava vazar a qualquer instante.
Pensei em procurar um local deserto onde pudesse descer a praia e de cueca entrar na água e fazer o serviço. Contudo, o movimento de pessoas, lanchas e carros pela orla, não me permitiam ficar de cuecas, além do que, eu, pensei melhor, e não quis mais aumentar a poluição fecal do Rio Amazonas, aliás, exemplo este, que poderia ser seguido por centenas e centenas de ribeirinhos e pessoas que tomam banho ou singram em suas águas nas suas embarcações.
Naquele sofrimento, mais e mais pedalava e não via nenhuma residência de um conhecido, ao qual eu pudesse pedir socorro. Afinal não estava em um bairro antigo da cidade, como Trem, Laguinho, Favela, Perpétuo Socorro, Pacoval, Santa Rita, onde sempre encontro algum amigo ou conhecido de infância. Pensei, com a onda de violência que assola nossa Macapá de Norte a Sul, de Leste a Oeste, se batesse em uma residência situada ao longo do percurso, certamente não seria atendido, já que as pessoas temem ser assaltadas, mesmo estando no recesso do lar, cercado por grades, de tão perigoso que está de viver em Macapá hoje em dia. No meu pedalar desesperado em busca de uma “retrete”, e que me veio a lembrança: “ Banheiro Público”.
Se ainda existisse, seria fácil me livrar daquele incômodo que ameaçava sujar-me a cueca, a calça e parte do corpo. Se os Banheiros Públicos não tivessem sido destruídos, eu teria subido pela av. Pedro Baião, entrado na rua Feliciano Coelho, para usar o Banheiro Público do Bairro do Trem e em seguida poder exclamar feliz: “Ufa, que alívio!”
Este prédio era o Banheiro Público do bairro do Trem – Av. Feliciano Coelho
É pessoal, até então eu não tinha me dado conta de quanta falta faz um Banheiro Público. Eu, que no meu tempo de infância e adolescência, podia dispor de três, um no Centro, outro no Laguinho e no Trem, para tomar um banho após a bola ou fazer uma necessidade fisiológica, hoje não encontro mais nenhum. E tenho certeza, jamais voltaremos a ter esses logradouros em nossa Cidade. Criaram os banheiros químicos, mas você só os encontra em dias de grandes eventos.
Só que o aperreio pelo qual passei não acontece só nos dias de Micaretas, Feiras e outros acontecimentos festivos. Pode vir a qualquer momento, em qualquer local, quando você menos espera. E tome sufoco. O bom disso tudo, é que consegui, acho até que, batendo o recorde de velocidade para um velho de 6.5 anos de idade , e inveterado fumante, ainda por cima, chegar em casa na hora H, e puder me aliviar daquela tremenda pressão e medo de cagar em cima da Bike.
AH, SIM! Que nenhum de vocês passe pelo que passei naquele 6 de janeiro. Pois, mesmo não sendo da minha época de moleque, vai sentir o quanto faz falta um Banheiro Público.
38 Comentários para "Crônica do Sapiranga"
Milton. Que fique claro quee esse Sr. Antonio Maia que postou a msg acima, não se trata do irmão do Ruy Maia.
abraços.
Milton, considerando que vc conhece bem a velha Macapá, gostaria que o amigo mostrasse, através de seus contos do passado, sobre o “bate lata” nas noites de eclipses da lua. Eu ainda bati algumas latas para acordar a lua. Fala aí.
Eu também bati muita lata. Era tão divertido.
É, velho Sapiranga, o negócio é fogo! Já me vi numa dessas.
Saia do Núcleo Universitário do Guamá, depois da última aula da manhã, já na metade do caminho entre o pavilhão N e o ponto dos ônibus, quando de repente, aquele aperto cruel. Aí o nêgo tem que parar e trancar os dentes. O suor frio bateu e tive que tomar uma decisão: voltar ao pavilhão ou continuar até o ponto de ônibus e usar o banheiro do Rei do Cifre, nosso fornecedor de Cerpa a preço de custo. Resolvi voltar ao pavilhão. Foi a caminhada mais longa da minha vida. Um passo à frente, uma parada mordendo a lingua. Até que cheguei ao bendito pavilhão. Consegui arriar as calças e dar um tiro nas paredes do banheiro. Até hoje a turma do Braga, que fazia a limpezam, está procurando o doido que fez aquilo. Meu velho, que alívio!!!
O Senhor parece que advinha o tema a ser abordado pois passei por este aperreio nesta semana. Foi mais corajoso do que eu e revelou sem vergonha por meio da sua cronica o triste fato da falta de banheiros publicos e limpos! Eu tive mais sorte…consegui chegar na casa da minha tia que fica na Pedro Baiao depois de quase bater o carro na Leopoldo Machado!
Cangalha menor, cagão….hehehehehehehe
Ai, ai. Deve ter sentido aqueles arrepios… Garanto que pedalou em pé na bike, segurando os últimos recursos. muito bom, ri muito…
Milton, vc teve mais sorte do que eu. Já passei por situação idêntica e o pior, sujei todo o banco do carro. Estava no trecho Macapá/Fazendinha, pela JK, a 120km/hora.Excesso de velocidade e de m… Hehehehehe
Antes de contruirem o lugar bonito se podia dar k..go nos matagais atraz da Fortaleza………….rsrsrrsrsrsrs
A falta de banheiros públicos em nossa cidade não é novidade. Por exemplo, se você adentrar aos banheiros do Mercado Central, certamente na entrada irá desistir de fazer a sua necessidade, haja vista a falta de higiene no local, a imundície é tanta, que na oportunidade que tive de alí adentrar, logo na porta vomitei. Portanto, aquí vai um lembrente aos Srs. Vereadores: ENCAMINHEM PROJETOS NESSE SENTIDO!.
De muito mau gosto, vc é capaz de escrever algo melhor.
mas o que vale é a intenção!
C….r nunca foi de mau gosto. É uma necessidade organica, que todo ser vivo tem. Frescura é achar que não. Para descrever o fato, tem que ter coragem. Ou será que V.Excia. nunca jogou barro fora?
Tá doido, meu irmão? nada escrevi nesse espaço, a não ser agora. se manca.
CANGALHA CAGAO…HEHEHEHEHEHEHE
Alcinéa, ao postar esse comentário, lembrei-me de quando tomei posse na Academia de Letras de Vitória do Mearim,meu confrade Dr. Agnor Lincoln, quase octogenário e muito recatado, perguntou-me discretamente onde havia um “mictório”. Essas palavras que viram arcaísmos, que se vão distanciando no tempo, soam até com certa beleza poética, nostalgicamente. Não sei se na época desse banheiro ainda se usava o vocábulo mictório, hoje definitivamente olvidado. Por essas preciosidades da nossa história, os poemas,fotos, pelas notícias quentes e o espaço democrático e dinâmico é que seu blog, a cada dia, atrai mais leitores – e isso desde o fax do ANA Express – e o vocábulo fax, não demora muito, também ficará entre os arcaísmos da nossa língua. Abraços, minha querida e sempre sucesso, com as bênçãos de Deus!
Legal Seu Milton adorei a crônica! Ronald e eu rimos bastante do lijeirinho fluminesse aperreado
Que atire a primeira pedra quem nunca passou por esse “aperreio”.
Escutei de uma turista ontem na Casa do Artesão: Esse banheiro é melhor que o outro, não tem papel, mas pelo menos não precisa pagar…
Luiz Nery,
Sapiranga pescador,se o amigo procurasse o banheiro público do parque do forte agora 20:40 h,desta quinta feira,13/01/2011,se borraria na cueca.O banheiro está fechado e não tem vigilante.
Fico cada vez mais encantado por seu sie/blog Alcineia, parabenizo vc pelas informacoes e contos que cercam esse maravilhoso site. Estou colecionando as fotos que vc sempre publica da nossa terra. Parabens!
legal
Luiz Nery,com a onda de roubo que tomou conta do nosso estado em 2010,o banheiro do lugar bonito sofreu,levaram até porta de aluminio e ninguem viu.
Maravilha de crônica.
A vida é engraçada evoluir…Nem sempre é qualidade de vida para o básico, nossa estrutura orgânica é igual, defecamos e urinamos sejamos ricos ou pobres, portanto banheiro é necessário, é dever do estado melhorar.
Querem os postes,árvores e muros. É mais barato aos cofres públicos.
Só sobrou um banheiro público, fica localizado na Leopoldo Machado com Av. Fab.
kkk
Boa, muito boa!!!
Tem razão. Lá é uma verdadeiro cagadouro.
Bélissimo! Seu “Sapiranga” me permita a intromissão “totalitária”(os comunistas chamam de “Proletária”,rsrsrs)mas esta foi a maior obra do “harmonia”;transformar macapá e seus habitantes numa grande latrina.Quem não era do “grupo” era mij…,cag… ou,tão ruim quanto,”processado”.Felizmente algumas ações do novo governador,mais a mudança de atitude da Prefeita,nos dão esperanças de um futuro,não muito distante,melhor.Para quem,como eu,que saiu do Sul,dito civilizado,onde quase tudo funciona(até os nossos politicos sabem “desviar” melhor)para passar meus ultimos dias neste plano,escolher Macapá e aceita-la com suas limitações,sua Internet quase larga,seus onibus envidraçados(se eu pego o infeliz que comprou,vixe!)seu transito acidentado,seus…enfim,são tantos “ses”.Aí,viro prá esquerda e vejo aquele “Marzão de agua doce” e penso;é aqui.Aqui é o lugar para sair e voltar sempre.
Ri à bessa
Bom demais… Ri à bessa!!!
Mestre Milton,incrível como coisas simples só são lembradas em momentos de aperreio. Ao invés de se ocupar em dividir a cidade em pontos cardeais (como se fosse invenção sua), as pessoas que governam nossa cidade poderiam atentar para coisas simples, para pessoas simples, mas que resolvem. Não sei se isso geraria voto.
Olá Milton,
Lembro do banheiro público do centro, que ficava na rua transversal à Mendonça Furtado proximo da Igreja São José. Na realidade o ” banheiro público” mais utilizado eram as matas do Rocha, onde se ia passarinhar e tirar frutas das árvores e também “desapertar” quando jogavamos bola no campo em frente ao CA, hoje praça da Bandeira. Em visita no inicio, do ano à
Macapá, pude com tristeza constatar que a Lagoa dos Indios de velhos carnavais e cambadas se tornou não só um grande sanitário como também um local de despejo de toda a espécie de lixo.
Falta zelo por parte do poder público.
Sds,
Bacana,o cara fica aperriado mas depois que senta no trono fica aliviado.
É, só quem passa por isso, sabe o quanto um banheiro faz falta na vida de um ser humano. Mas, vamos e venhamos, contar essas particularidades num blog, não me parece elegante. Por favor, da próxima vez, escreva outro texto mais clean, please.
Nina, sobre a crônica postei comentário um pouco maior, haja a “delicadeza” do tema, em meu blog:antoniodocarmo.blogspot.com. Leia e se achar conveniente, comente.
Nina, me desculpe,não queria ferir sua sensibilidade. Minha intenção foi chamar a atenção das autoridades de se construir banheiros públibos em pontos estratégcos,Pois um dia ou outro,alguém vai se ver nesta situação, até voce, que como todo ser humano precisa usar um banheiro para se aliviar. Um abraço forte do Sapiranga
Ei garota acorda. Não li nada na crônica que pudesse ofender alguém.Afinal tu não usas sanitário? Não Cagas, não mijas? Outra coisa, se a dona do blog nos permitiu ler essa crônica maravilosa, deste gênio que é o Sapiranga, o que tens a ver?
“…Mas, vamos e venhamos, contar essas particularidades num blog, não me parece” deselegante. “Por favor, da próxima vez, escreva outro texto mais clean, please”, dizendo se era da fina ou da grossa, a bosta. Bacana, Sapiranga… Manda outras. Nina tens todo o direito de discordar, a vontade aconteceu… Não tinha centina!
Legal, muito engraçado, já passei por esses apertos.
Creio que no “lugar bonito” ainda se encontra uma privada ou sintina.