Crônica do Sapiranga

HOJE É TÃO   DIFERENTE!
Milton Sapiranga Barbosa

O  que é  que está  acontecendo com  as  crianças de hoje?
Que mundo  é  esse  que  vivemos  hoje onde  as  crianças não podem mais  ser  crianças?

Me  fiz  estas perguntas na manhã  ontem,  dia  25/12/12, e não encontrei resposta que pudesse explicar com  exatidão o que  esta  havendo com elas. Aliás que já  vinha notando, há tempos, que  as  crianças de hoje  não brincam  como  as  crianças dos  anos 40,50, 60 e 70. 
No  dia 25 de dezembro, no meu tempo de moleque, assim  que  acordava, olhava logo para  debaixo da rede para  ver o que Papai Noel  tinha deixado em  cima  do tamanco, da bota  escolar ou no sapato durabel. Fosse  uma  bola  de sernambi ou um  pião de lata  aquele que tinha uma haste   em forma de  espiral, que se pressionava para baixo  e em seguida solta e ele  saia rodando e  só parava quando a haste voltava a sua posição inicial) Lembram? Podia também ser um carrinho de madeira  ou de plástico, um tamborzinho.
Fosse qual  fosse o brinquedo deixado pelo bom velinho, a  alegria  era imensa e nem  bem raiava o  dia, eu e meus amigos, Duca, Arideu, Torquato, Clávio, Joaquim, Percival, Monte, Zé Homero, Dedé, Pilão  e outros tantos. Era  bonito  ver  a meninada correndo  para mostrar  o  brinquedo para  o amigo  de  travessura do bairro da Favela. 
As  meninas   saiam com suas  bonecas,  dos  mais  variados tamanhos  e modelos  e, juntas   com suas  colegas,  inventavam mil e uma  brincadeiras.
O menino  que  ganhava uma  bola, ficava todo “pavulagem”, pois  mesmo  que  não fosse  craque , tinham  vaga  garantida  na  pelada e ainda se dava ao luxo  de escolher os melhores peladeiros  para seu   time. Afinal  era  o  dono da  bola, ou ele jogava ou  então não dava a bola.
Hoje não, hoje é  tão  diferente! As  crianças ficam trancadas dentro  de  seus  quartos,  com ar condicionado,  jogando  vídeo games ou  conectados , acessando as redes sociais  que  abundam  na  internet, longe  uma das  outras.
Que  chato!
Po rque  as  crianças de hoje  não podem ou  não  querem  brincar   como crianças?  Por que    não brincam mais de peteca, de pião, de pira, de ioiô, não jogam bola (não digo na  rua ou avenida, pois  tem muito carro trafegando  por  elas) , mas como  tem praça espalhada  pela  cidade, onde eles poderiam jogar tranquilamente? Brincar  ao   ar livre  em vez  de jogar vídeo game dentro de um quarto, é muito mais sadio.
Meninada  de hoje, não  fique  dentro de casa  quando   estiver chovendo, é  tão gostoso brincar  na chuva, tanto que  até hoje, um  amigo  meu, o Amadeu, que já  tem até netos e já passou  dos 50 anos, é  só  chover  que  ele  vai    para  o  meio da rua  tomar banho, lembrando do    tempo   que  morava  próximo  a  estação central da Caesa.  Quanto  mais grossa  melhor, diz  o Amadeu, com absoluta razão.
Esse  relato  foi  motivado, por  que na  terça  feira 25,  parado na  esquina  na  rua  Leopoldo Machado com Avenida Timbiras, olhei  para um  lado e para outro  e  não vi  um  menino  puxando um carrinho  amarrado com barbante, na  rua, jogando um pião, chutando uma bola. Não  vi uma  menina, toda prosa  com  sua  boneca  no   colo. O que vi,  foi  um  menino   brincando  com  os  patins  que ganharam de Papai Noel, mas esse  é um brinquedo perigoso, que  até  hoje  me arrependo de ter  atendido uma cartinha da minha  filha Elinne, que pediu para o papai  um  par de patins. Ganhou  e no  segundo dia que  treinava  se  equilibrar  sobre as  rodinhas, caiu e  quebrou  um braço. Não me perdoei até hoje. Depois  do acidente, presente de Natal só de fosse boneca Barbi, mas a pedido  dela.
Quero   deixar  aqui um  pedido. Pai, apesar das  modernidades   de hoje, internet, sala de bate papo, vídeo game,twitter, etc, etc, lembre-se das   brincadeiras  de   seu  tempo ou as  que  seu pai   lhe  contava que  fazia quando criança. Libere   seu  filho   para viver   como   criança. Garanto,  e muitos  vão  assinar embaixo,  que ele   será  muito  mais  sadio   e  feliz.
Bom ano  novo  a  todos, sempre.  

  • Guardo uma carta do professor Munhoz, na qual escreve: “A infância morreu. O mundo moderno matou a infância”. Certa vez, embaixo do meu bloco, brincava um grupo de crianças. O grupo Mamonas Assassinas estava no auge da carreira e as crinças cantavam: “… neste raio de suruba…”. No momento em que eu ia passando, uma delas levantou a questão: “o que é suruba?”. E uma menina de aproximadamente 6 anos respondeu: “Suruba é sexo grupal”.

  • Meu Grande Amigo Milton Sapiranga “Fluminense e Pescador” Barbosa: Parabéns pela Crônica, todavia não podemos e nem devemos nos aprofundarmos no assunto com a molecada, pois corremos o risco de sermos taxados de velhos ultrapassados, entretanto, apesar da evolução do tempo, acho que o nosso era sem sombra de qualquer dúvida “MELHOR”. Feliz 2013 à vc e sua bonita família. 1 grande abraço do Amigão “Matta”.

  • Meu cumpadre. Acredito que os tempos mudam e também acredito que as crianças de hoje terão saudade da infancia. Contudo sua crônica é uma viagem pra quem (como nós) viveu esse tempo. Mestre Ataulfo canta: “Eu igual à toda meninada, quantas travessuras eu fazia, jogo de botões sobre a calçada, eu era feliz e não sabia”. É verdade meu cumpadre. Um abraço e Feliz ano novo.

  • Além do que vc falou, Mestre Milton, ainda tinha o fato do moleque estar sempre em forma, com a saúde em dia, pois vivia se exercitando. É preciso associar a modernidade com práticas saudáveis, para o corpo e para a mente. É como diz o rei RC: “Não sou contra o progresso, ams apelo ro bom senso”. Feliz ano novo, grande pescador.

  • Pqp, Sapiranga!!! Me mata de tiro, faca, porrada, mas não me mata de saudade, cabôco!! Tú somes, meu irmão!! Manda um sinal de fumaça, uma mensagem de “sapopema”, bate teu tambor camarada. Diz: Tou vivo, galera!!!
    Ou faz como fizestes: escreve uma cronica. Aí eu sei que estás vivo. E vivo como uma criança de antigamente.
    Bom Ano Novo, meu velho! D muita saú de pra pedalar essa bike.

  • Sapiranga meu jovem, isso se chama modernidade, tudo muda conforme o tempo passa, nao que as criancas de hoje sejam menos felizes que nos, que brincavamos na rua. daqui a 50 anos estas criancas que voce viu hoje, falaram a mesma coisa que voce fala. pois seus netos talvez brincaram de patins que voam, ou talvez em um mundo virtual onde tudo e possivel. tudo muda tudo passa.e o futuro ah o futuro !!!

Deixe um comentário para ROQUE Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *