Seu Chicó – um pioneiro
Milton Sapiranga Barbosa
Francisco Augusto dos Santos, chegou em Macapá em 1949, vindo de Abaetetuba, atraído pelas oportunidades de trabalho que o então governo do Território Federal do Amapá oferecia.
Seu Francisco, que depois ficou conhecido por Seu Chicó, não perdeu tempo e começou a trabalhar incansavelmente como carpinteiro civil e naval, profissões em que tinha larga experiência por já haver trabalhado em sua terra natal.
Por ser profissional competente, serviço não lhe faltava e ele foi amealhando uns trocados até poder se estabelecer por conta própria, se tornando um pequeno empresário.
Seu Chicó, homem de muita fé em Deus, foi pioneiro nos serviços de frete, regatão, serraria e fabricação de gelo no Amapá. Apesar de seus empreendimentos renderem um bom dinheiro, aquele abaetetubense, de sorriso largo e franco, não esquecia sua grande paixão, que era trabalhar com o beneficiamento de açaí. Seu Chicó, cabloco de visão futurista, tão logo chegou por estas bandas reparou que as pessoas beneficiavam o açaí com métodos rústicos, com as mãos ou socando com uma garrafa e pensou: “ tenho que encontrar um jeito de extrair o vinho do açaí com mais rapidez”. Após observar que a roda de carro rodava presa a um eixo, ele, como bom carpinteiro que era, fabricou uma roda e em volta dela colocou uma correia presa a um motor de baixa potência. Em seguida preparou uma haste com palheta anexa, colocou dentro de um pequeno tambor com um ralo em baixo para escoar somente o vinho e com uma janelinha na frente para retirar os caroços. Estava criada a primeira máquina de beneficiamento de açaí pelo processo eletro-mecânico do Amapá.
Seu Chico batizou de VITAMINOSA seu primeiro ponto de beneficiamento de açaí mecanizado. O sucesso foi tão grande , que ele se viu obrigado a chamar boa parte de seus familiares que moravam em Belém, Abaetetuba, Igarapé Mirim e Vigia, criando então uma rede de Vitaminosas., nome com que ficaram conhecidos os locais onde se batia o açaí nosso de cada dia.
Quem, nascido nas décadas de 50/60 não tomou do açaí do seu Chicó, que atire a primeira pedra, mas me erre, por favor. Seu Chicó, foi casado com dona Sinhá por abençoados 56 anos, teve 10 filhos, muitos deles vivendo em Macapá e seguindo os passos do pai no ramo empresarial, um é dono da Papelaria Rio Jordão e outro da Casa Flávia’s, apenas para citar como exemplo (isto é, sem jabá). Seu Chicó faleceu no dia 16 de setembro de 2002, em Fortaleza/Ceará, para onde se mudara a fim de cumprir missão evangélica, após prestar inúmeros benefícios a esta terra que tão bem o acolheu, gerando emprego e renda para dezenas de famílias amapaenses.
Para quem não sabe, um projeto de lei de autoria do vereador Leury Farias, aprovado por seus pares por unanimidade e sancionada pelo então prefeito João Henrique, deu o nome de FRANCISCO AUGUSTO DOS SANTOS ‘ SEU CHICÓ”, a bela praça beira rio do bairro Santa Inês. Homenagem mais que merecida a este grande pioneiro, paraense de nascimento, amapaense de coração.
Pena que alguns vândalos, verdadeiros animais, estão destruindo aquele logradouro que homenageia quem fez muito por esta terra. Até a placa comemorativa já arrancaram.
9 Comentários para "Crônica do Sapiranga"
Uma coincidência maravilhosa: Leury Farias é cunhado e tio das minhas queridas amigas do sul do Pará, Neuza e Katty Santis! Nem o conhecia e ele já nos homenageava com a designação da Praça Chicó!
Que maravilha de registro, querida Alcinéa! Nosso agradecimento a você, à querida Alcilene, à pena do Sapiranga e ao legislado de Leury! Chicó viveu no sentido ontológico do empreendedor mudando a realidade do mundo ao seu redor, da comunidade, dos seus. Um amazônida incansável que, como dito na crônica, ofereceu a toda sua parentela a oportunidade da vivência, da esperança, da mobilidade social na canaã equatorial, na terra amapaense que mana leite e mel! Do seu primeiro neto, toda a gratidão!
Parabéns Milton pela matéria. Fiquei um pouco frustrado por não ter tido um texto tão bem elaborado, quando apresentei o Projeto de Lei na CMM. A homenagem foi justa a este pioneiro.
Grato Dep. Leury Farias. Pena que exista poucos legisladores com seu calibre, com sua visão, em prestar homenagens aos irmãos brasileiros de outras plagas que muito contribuiram no progresso do Amapá. Gente simples, mas honesta e trabalhadora. Não esqueça que fui aluno das Mestras Deusolina Farias, Sol Helarrat,Iracema, Ester Virgulino,entre outras. Um abraço e vamos a luta, sempre.
Ah, esqueci… meu e-mail é [email protected]
É com muita satisfação que li esta matéria, meu e-mail está a disposição para comentar sobre o assunto, posso tirar dúvidas e prestar maiores detales, afinal sou o filho caçula deste homenagiado ilustre, deste rincão macapaense. Milton, você é digno do troféu imprenssa por retratar tão brilhante história, nós te agradecemos.
José é possível que vc esteja certo e eu errado, mas torço para que vc tenha toda razão. Fui mal informado, disseram que a papelaria Rio Jordão era de um filho do seu Chicó. Vou checar melhor as informações que me forem repassadas.Fica valendo seu reparo e obrigado por prestigiar-me com sua atenção.
O dono da papelaria Rio Jordao é sobrinho é filho do Sr Fausto – fundador da Casa Rio Jordão.Acho que o Chico era irmao do Fausto.
Sempre tive curiosidade de saber quem inventou as maquinas que a gente ve nas vitaminosas, e ninguem sabia responder. apos ler a cronica finalmente minha busca acabaou Seu chicó e merece esta homenagem.