A bala da paz
Milton Sapiranga Barbosa
Eu, Milton Sapiranga Barbosa , neste ano de 2012 vou completar 67 anos, Ela, neste mesmo ano já chegou aos 100 . Eu nasci para o bem. Ela para o mau. Suas irmãs, gêmeas, cumpriram a missão para a qual foram criadas, infelizmente.
Elas feriram, mutilaram, mataram, pois sempre estavam participando de conflitos, de guerras, de todo tipo de desordem da qual elas pudessem lesionar alguém.
Ela não. Apesar de sua estigma, nunca fez uma vitima. Não quis ser rotulada como um artefato mortal. Se manteve no anonimato, em silêncio, na sua, como se diz por aí.
Suas irmãs, não. Explodiram, desapareceram, mas antes mataram muita gente.
Por outro lado, ela, mesmo após passado cem anos, continua intacta, virgem. Está fininha, brilhante, linda, mesmo sem ter feito lipo e sem ter visitado o Ivo Pitanguy.
Sua tristeza é saber que suas irmãs não seguiram seu exemplo, só queriam viver em guerras, destruindo vidas, deixando milhares de famílias chorando a morte de um ou mais ente querido, destruindo bens e mais bens, atingindo pessoas inocentes. Ela, certamente, chorou muito devido as ações maldosas de suas irmãs. Ela, pura, sempre que os soldados iam ao paiol municiar suas armas, costumava dar um jeito de escapulir dos dedos dos soldados, ficar quieta, lá no fundo da caixa, rezando para não ser descoberta. E assim foi se salvando de ir para a frente de batalha, ferir, mutilar, matar pessoas que ela nem conhecia.
Por isso, antes de partir desta para melhor, vou deixá-la para meus herdeiros, na esperança de que daqui a mais 100 ou 200 anos, ela possa servir de exemplo para quem vive sempre guerreando, tirando vidas de pessoas inocentes.
Que aprendam que viver em paz é uma benção de Deus e se vive muito mais e feliz. Ela está ainda entre nós e vai ficar ainda por muito tempo. Pois sempre foi do bem. Ela jamais vai querer explodir, ferir seu guardião ou gente em volta dele.
Eis ela aí, A BALA de um fuzil fabricada em 1912, uma BALA da PAZ, pois nunca foi e nem será detonada.
P.S. Este pequeno relato foi feito para homenagear as pessoas que completaram um século de vida sem nunca terem feito mal a ninguém. Em especial ao senhor Zacarias Teixeira Leite, que sempre foi um exemplo para seus filhos e demais familiares, aos seus amigos e também para os garotos do bairro da Favela, que sempre seguiram seus conselhos, ensinamentos, e o respeitavam como um pai, tanto que todos trilharam o caminho do bem e seu ZACA teve grande parcela em nossas vidas.
7 Comentários para "Crônica do Sapiranga"
eu também tenho uma bala dessa da paz , uhmmmmmmmmmmmmmmmmmm
Muito interessante amigo Sapiranga e parabéns pelo título do teu FLUSÃO (no 1º turno) pois o 2º e o campeonato o MENGÃO vai ganhar rsrsrsrsrs.
Abs. Matta.
eu tenho uma bala dessa e quero vendela!
Cuidado dcom a lei do desarmamento.
“dura lex, sed lex”
muito boa amigo essa comparação.
Que o Mundo tem que seguir.
Apesar de nunca ter sido detonada por motivos que desconhecemos, não deixa de ser uma espécie de trofeu de guerra e uma amarga lembrança das agruras da destruição planejadas pela mente “humana”.
Exemplo a ser seguido. Essas e outras pessoas- independentemente da idade-que fezem de suas vidas, templos sagrados da paz, orientando os outros, para o bem-fazer. Parabéns, amigo Milton, pela magnífica lição. Que Deus te cubra de bênçãos e saúde, porque inteligência, vc tem. Maravilhosas palavras do bem.