A VOLTA DO ANZOL É QUE PEGA O PEIXE !
Milton Sapiranga Barbosa
Neste texto volto a falar da determinação do meu amigo irmão Moacir Simões Tavares.
Logo que casou, fixou residência na Av. Procópio Rola, entre as ruas Jovino Dinoá e Leopoldo Machado. Moacir costumava fazer compras por quinzena, em um estabelecimento comercial que ficava próximo a sua casa. E foi neste local que meu amigo irmão deu mais uma prova de sua determinação.
Toda vez que ele pagava o valor das compras que precisava para a quinzena, a moça do caixa, sem ao menos perguntar se ele concordava, costumava dar bombons como complemento do troco, que ele deveria levar em moedas fracionadas em centavos. Coitada da moça, ela não conhecia o Moacir.
Ele nunca reclamou em levar 0,10 , 0,20, 0,30 e até 0,80 centavos de troco em bombons, mas sempre perguntava: “esses bombons estão substituindo meu troco, que deveria ser em moedas?” Resposta positiva, ele pegava as sacolas com as mercadorias e ia embora. Quando ele chegava em casa, tinha o cuidado de conferir os bombons, avisar para os filhos não tirarem nenhum e guardava. Na ação seguinte, de posse de um caderno, anotava dia, data e horário que fizera as compras, tendo o cuidado de grampear na folha usada, o comprovante emitido pela caixa registradora.
Assim se passaram as quinzenas, meses e meses. O Moacir comprando, recebendo troco em bombons, guardando e fazendo suas anotações. Em todas as compras que fez e não recebeu o troco em moedas, nunca deixou de perguntar: “ isso está valendo dinheiro?”
Quando ele viu que a quantidade e o valor de bombons era o bastante para realizar uma boa compra para passar a semana, pegou aquele monte de balinhas, fez um pacote bacana, colocou numa sacola e foi ao estabelecimento comercial, determinado a ir à forra. Ninguém estranhou quando ele entregou o enorme pacote no guarda volume, pegou o cartãozinho e começou a esvaziar prateleiras. Compra que compra, meu amigo, muito esperto, levou uma calculadora, onde ia somando preço por preço das mercadorias, preocupado em não ultrapassar o valor que aquele pacote bacana representava. Quando constatou que estava tudo certo, se dirigiu ao balcão da caixa registradora. Moacir ia tirando os produtos do carrinho, a moça passando no leitor e somando. Passa que passa, soma que soma no final a moça falou com aquela entonação de quem está satisfeita com uma compra de alto valor: “ DEU TANTO!”
Meu amigo nem se abalou. Calmamente se dirigiu ao guarda-volumes, recebeu a sacola com o pacote e mais calmo ainda, se dirigiu à caixa, falando: “ Taí o pagamento”. E abriu o pacote. A moça do caixa arregalou os olhos de espanto e disse que não podia receber aquela mercadoria que apresentava como pagamento. “Mas como não recebe?” O Moacir perguntou e completou: “se foi você mesma que me meu de troco, quando ele deveria ser em moedas? Vai em cima, vai em baixo, eis que chega o gerente geral para saber o porque daquela discussão, recebe, não recebe. A moça do caixa, ao ver o chefe argumentou, pensando em se dar bem: “Como você pode provar que toda essa quantidade de bombom fui eu que lhe dei?”. (realmente ela não sabia com quem estava lidando)-. Foi aí que o Moacir sacou sua arma secreta. Tirou do bolso seu caderninho com anotações dos dias que fez compras na casa e os comprovantes de caixa, devidamente grampeados nas folhas correspondentes a cada dia de registro, e mostrou ao gerente. Após ouvir as ponderações do freguês e folhear o caderninho, o gerente, sem ter outra saída e querendo evitar propaganda negativa ao seu estabelecimento comercial, só restou dizer: “O freguês tem razão, pode guardar o pacote.” Não quis nem saber de mandar conferir.
O meu amigo continuou fazendo compras naquele mesmo local, mas desde aquele dia do pacote bacana, o troco, mesmo que fosse de 0,05 centavos, lhe era repassado em moeda corrente. E o Moacir, se ia, sempre com aquele sorriso sacana a lhe emoldurar o rosto!
3 Comentários para "Sapiranga conta mais uma do Moacir"
Bravo, Milton!…Esse é o Moacir q’eu conheço!….
Oi amigão! Por onde vc anda? Um abraço
É o famoso “Aqui se faz, aqui se paga!” (literalmente)