Arte literária ilustra evento para portadores de necessidades especiais

Do jornal “a Gazeta”:
Por Jéssica Alves

Como muitos adolescentes, Jodoval Farias da Costa desde cedo se interessou por manifestações artísticas. Em especial, a música e a poesia. Gostou tanto que logo tratou de aprender para produzir o seu próprio material. Mas ele possuía uma característica que o diferenciava dos demais colegas na escola. Desde a infância ele possui uma doença chamada coreoretinite, que o fez perder 90% da visão.

Apesar disso, a audição foi o sentido que se destacou para que o jovem pudesse assumir a paixão pela arte e cultura. No ensino médio, ele decidiu aprender a tocar violão e compor músicas. “Logo aos 7 anos, adquirir essa doença, que rapidamente me fez perder a visão. No entanto, sempre gostei de música até porque é expressão e para a minha situação de deficiente visual, trabalhar com a voz e os sons é importante e por conta disso, descobri um potencial que poderia fazer”, disse, após uma apresentação realizada ontem (17), na Fortaleza de São José de Macapá, durante atividades de inclusão para portadores de necessidades especiais.

O evento faz parte da programação da Semana dos Museus, realizado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), com o intuito de refletir sobre o crescimento e a diversidade cultural do povo brasileiro.

O ponto alto das atividades foi o Sarau Poético, promovido pelo Museu Fortaleza e o Movimento Poesia da Boca da Noite, que reúne jornalistas, literatos e intelectuais semanalmente – as sextas-feiras – em algum ponto da cidade de Macapá.

Estiveram presentes alunos que participam do projeto Cidadão Mirim, da Polícia Militar do Amapá (PM/AP) e do Centro de Atendimento de Altas Habilidades, além de membros do centro de cegos e surdos do Amapá. Além da declamação de poesias, leitura de crônicas e contos, houve apresentações musicais. Entre elas, a de Jodoval. “Apesar de não estar enxergando, a platéia, o olhar, a vibração do momento transmite uma energia forte e indescritível. Pura sensação de receptividade”, afirma o músico.

Dificuldades
O professor Rodolfo Meireles foi ao evento acompanhado dos alunos do Centro de Atendimento de Altas Habilidades, que possuem talento nas artes literárias. “São jovens que desde cedo manifestaram interesse por essa área da Literatura e estão aqui hoje para levar aos deficientes físicos e visuais a beleza dessa arte”, destacou.

Ele informa que os alunos possuem planos para efetivar uma coletânea de crônicas e contos de sua autoria para publicação. No entanto, ele aponta que a falta de patrocínio é o principal entrave para essa realização. “Há muita falta de apoio nesse seguimento aqui no Estado, pois apesar de nossos alunos serem realmente talentosos e individualmente serem reconhecidos em algumas premiações, poucos são os que apostam nas artes para fazer investimento. É uma luta constante”, lamenta.

O músico Jodoval também lamenta dificuldades para concretizar sua arte. Neste caso, ele reclama da falta de espaço para que ocorram eventos desse tipo. “Aqui no cenário amapaense há poucos espaços para o artista, seja ele deficiente ou não, manifestar o seu trabalho. Não digo que sou artista, e sim bebo da arte para manifestar meus sentimentos, por isso me apresento apenas por diversão. As músicas que  seleciono para tocar e as poesias que escolho para declamar são motivadas pela identidade que eu encontro. Por isso, eventos gratuitos de inclusão artística devem ocorrer com mais freqüência”, frisa.

  • O Jodoval é exemplo de vida para todos que não conseguem enxergar o futuro. gosto muito de ouvi-lo cantar. Ele faz os sonhos parecerem nuvens de algodão doce.

  • O Jodoval é uma celebridade, amo ouvi-lo cantar. Ele faz nascer esperança no inesperado e faz de pesadelos sonhos encantados.

  • Google Responde:
    “Portadores de direitos especiais”. O termo e a sigla apresentam problemas que inviabilizam a sua adoção em substituição a qualquer outro termo para designar pessoas que têm deficiência. O termo “portadores” já vem sendo questionado por sua alusão a “carregadores”, pessoas que “portam” (levam) uma deficiência. O termo “direitos especiais” é contraditório porque as pessoas com deficiência exigem equiparação de direitos e não direitos especiais. E mesmo que defendessem direitos especiais, o nome “portadores de direitos especiais” não poderia ser exclusivo das pessoas com deficiência, pois qualquer outro grupo vulnerável pode reivindicar direitos especiais.

    “Pessoas com deficiência” passa a ser o termo preferido por um número cada vez maior de adeptos, boa parte dos quais é constituída por pessoas com deficiência que, no maior evento (“Encontrão”) das organizações de pessoas com deficiência, realizado no Recife em 2000, conclamaram o público a adotar este termo. Elas esclareceram que não são “portadoras de deficiência” e que não querem ser chamadas com tal nome.

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