Artigo

CEA- Qual é o melhor negócio para o Amapá?
Lourival Freitas

Tentando explicar a gravíssima situação patrimonial e financeira da CEA percebo a dificuldade de me fazer entender, até por pessoas que detêm  algum conhecimento de Economia e Administração.Eis alguns comentários que ouço quando defendo a idéia de que o melhor negócio para o Amapá é a Federalização da companhia, ou seja , a transferência total do controle do capital para a Eletrobrás:

– a CEA é patrimônio do povo do Amapá;

– a CEA é uma empresa viável;

-o Amapá será um grande produtor de energia e não podemos ficar “fora deste negócio”.

Tecnicamente  a CEA é uma empresa falida, ou seja,  o total de suas  dívidas(passivo)  é superior aos seus bens e direitos(ativo) e a ANEEL já recomendou ao governo federal  a retomada da concessão desde 2007(caducidade) por descumprimento das exigências legais. Portanto, não há que se falar em “patrimônio do povo”, pois o mesmo já foi totalmente corroído por seguidos anos de prejuízos, e consumada a caducidade a CEA não teria mais razão de existir, vez que a sua missão de distribuir energia no Amapá seria concedida a outra empresa.

Estima-se que o Patrimônio Líquido da CEA (Ativo – Passivo) já ultrapasse a cifra negativa de  R$1.000.000.000,00 (um bilhão de reais), isto mesmo , um bilhão de reais negativo. Ou seja, contabilmente a CEA vale ( -)R$1.000.000.000,00 (menos um bilhão de reais).Isto significa dizer que se o GEA desejasse doar a CEA para alguém teria que doar também R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de reais)para que a doação fosse aceita.

Muitos, sem conhecer profundamente o novo modelo do setor elétrico, a real situação da CEA e as especificidades do nosso mercado, alimentam a ilusão de que podem recuperar a CEA simplesmente porque são otimistas e imaginam ser  uma  “empresa viável”. A estes eu recomendo uma leitura atenta dos últimos balanços patrimoniais e das famosas DRE´s(Demonstração de Resultado do Exercício).

Com um mercado com baixa densidade de carga, preponderantemente com classe de consumo residencial, baixa renda, e ainda alta incidência de encargos e tributos sobre a atividade de distribuição, a empresa teria que ser altamente eficiente para lograr resultado satisfatório. Num ambiente altamente regulado onde as exigências de qualidade são cada vez maiores e uma carga tributária em torno de 40% sobre o faturamento, poucas empresas tem obtido resultados que remunere adequadamente seus acionistas.

E o que tem a ver o aumento da produção de energia no Amapá com a CEA. Nada, ou quase nada. A única vantagem seria ter participado do leilão de compra da energia da Hidrelétrica de Ferreira Gomes. Infelizmente isto não aconteceu e a CEA perdeu a oportunidade de comprar energia muito mais barata do que compra atualmente de seus supridores (Eletronorte, Soenergy e Aggreko). Mantida a situação de inadimplente, a CEA estará impedida de participar dos próximos leilões de compra de energia, no Amapá ou em qualquer outra parte do Brasil, comprometendo seriamente o suprimento do seu mercado. Já estamos “fora deste negócio” e deixando de ser beneficiários da modicidade tarifária proporcionada por este novo modelo do setor elétrico brasileiro.

Após um ano de nova administração onde grandes esforços foram feitos para se buscar o equilíbrio econômico e financeiro, não é preciso ser vidente nem “profeta” para saber que o resultado será novamente um grande prejuízo. Os parágrafos seguintes foram extraídos de um artigo que escrevi em fevereiro de 2011:

“Com todo o esforço e austeridade que a nova direção está fazendo, a CEA não deixou de piorar. Com apenas um mês da nova administração a dívida já aumentou R$25.000.000.00. Explico: R$10.000.000,00 de energia comprada da Eletronorte e não paga; R$15.000.000,00 correspondente a 1% da dívida total de R$1.500.000.000,00).

Se o atual governo conseguir defender “o patrimônio do povo” por mais 4 anos, o povo, coitadinho, estará argolado com no mínimo mais R$1.200.000.000,00 (um bilhão e duzentos mil reais)..”

O cálculo que fiz um ano atrás tende a se confirma. Portanto, espero que o bom senso e a racionalidade prevaleçam nas negociações com o governo federal, para que a Eletrobras assuma urgentemente a missão de distribuição de energia no Amapá, a exemplo do que ocorre no Acre, Amazonas, Rondônia, Boa Vista, Alagoas e Piauí. Por puro capricho ideológico o Amapá não pode se dar ao luxo de insistir no erro de achar que “a CEA é um patrimônio do povo” , que “a CEA é viável” e que “estamos perdendo um grande negócio”. Este equívoco tem dado um prejuízo de aproximadamente R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais) por ano e faz muita falta na saúde, segurança e educação do nosso povo.

Reafirmo com mais convicção: o melhor negócio para o Amapá é a transferência total do controle do capital para a Eletrobras.

  • Certa vez, numa conversa de bar, ouvir um ex-funcionario da CEA exclamar:”A CEA é uma P…que todo mundo quer F…”
    Nao sou nenhum especialista nesta área, mas vejam bem, concordo qdo dizem: “basta tirar o PT da CEA que tudo melhora”

  • O texto demonstra de forma clara e técnica que a situação da CEA, não pode de maneira alguma ser levada com paixões politicas, ideológicas, pois o que o texto não comenta, mas que também é importante dizer! a recuperação da companhia perpassa por investimentos para melhoria da distribuição precária da energia para os cidadãos! o que levaria boa parte do financeiro da companhia, administrar dividas e investimentos para melhoria dos serviços, é algo que a CEA não tem mesmo condições de fazer! insistir nessa viagem de recuperação é colocar em risco a distribuição de energia para a população!!

    • Não se fruste com os pensamentos que ora escrevem por qualquer um,você mais que ninguém sabe daquele velho dito popular que diz assim ” cada um no seu cada qual”, pois então, como contador e profundo conhecedor das causas ceana, tenho o privilégio e a satisfação em dizer-lhe que a CEA, será ainda uma empresa de orgulho pro nosso povo, estamos engatinhando é verdade, em técnicas que com certeza, tirará a CEA desse atoleiro, ah…não será necessário jogar dinheiro de ninguém aquí dentro, primeiro, o dever de casa estamos fazendo ( contabilmente falando), depois, o Governo do Estado, através de politicas administrativas, está fazendo a parte dele, logo, será necessário uma politica de mais arojada quem sabe nos consumidores” aqueles que não são lá tão honesto e que gostam de fazer um tal de desvio”, aí sim, sentaremos pra conversar sobre esse caso….vc, aceita o desafio. eu aceito

      • “A mesma praça, o mesmo banco, a mesmas flores o mesmos jardins”….. só pode ser piada né? A CEA ainda tem solução?? Piada sem graça! Hoje ela só serve de curral eleitoral. Apenas estão querendo segurá-la pelo menos até as eleições municipais de outubro.

  • Querem federalizar, querem privatizar, querem um monte de coisas…..quero ver a minha conta de energia quando a CEA for privatizada vai ser um assalto. Lourival deixa os caras trabalharem para tentarem ajudar a CEA a sair desse buraco, vai amarrar o teu burro em outro lugar.

  • Companheiro Lourival, concordo em parte com seu comentário, mas quanto a inviabilidade da Cea continuar como empresa distribuidora de energia no Amapá, ainda temos esperanças, apesar dos números caóticos apresentados em seu balanço contábil, resumindo.
    Se a Cea. fosse liquidada nesta data os acionista, no caso o Governo do Amapá teria que desembolsar em valores estimado, conforme citado, 1,09 bilhão de reais, considerando esses valores e os investimentos que precisam ser feito na Companhia, com a chegada do linhão de Tucurui, estima-se em 2,0 bilhões os valores a serem investidos para reergue-la.
    Cifra nesse montante, qualquer e
    executivo sabe que precisa ser financiado, e com a Cea. não será diferente. Os números apresentados em seu balanço, não permite que a Companhia tenha acesso a esses financiamentos, nenhum analista financeiro dará aval para situações igual a da Cea, porém, uma corrente de técnicos defendem sugestões, que se forem implantadas, certamente reverteram esses números contábeis e com um novo cenário é só elaborar os projetos e correr atrás dos financiamentos.
    Independente de quem deter o controle acionário da CEA. certamente a solução será essa. Em tempo. SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRES e haja reuniões em Brasília para se discutir o obvio.

  • Não posso negar que a situação hoje que se encontra a CEA, está digamos muitissimo preocupante, mais achar que ela é inviável, isso é não compartilhar com as técnicas que hoje estão se empregando, para solucionar tal situação, temos um patrimonio que está na rua que ultrapassam a 3 bilhões que, são, postes, cabos, transformadores, isoladores que, hoje, buscamos através de uma politica de reavaliação do patrimonio, onde teremos um lucro operacional que sobrirá significativamente o hoje considerado prejuizo acumulado, com mais a politica administrativa que a direção da CEA, ímplantou tenho consciência que a CEA, ao longo prazo ( daquí a 5 anos), será alto suficiente, existe uma ótica do hoje,que é a do Lourival que insiste que a toalha já deveria ser jogada, mais olhando pro futuro, penso diferente.

    • Uma “Manobra Contábil” não é a solução para CEA. Primeiro, nenhuma empresa colocaria sua credibilidade, para reavaliar um Patrimonio defasado, ultrapassado. Resumindo, uma reavaliação, somente irar zerar, o conta-giros da situação agonizante que a CEA encontra-se. Feito isso, sem o menor esforço, a empresa ja ficaria mais R$ 15.000.000,00 endividada.

  • A situação da CEA me fez relembrar a criação do Banco do Estado do Amapá-Banap. Alguém me dá notícias dele? Estes fatos só demonstram uma coisa: nada resiste à politicagem.

  • É claro que o Lourival está certo. Não há nada a se fazer a não ser federalizar. E já. Antes que resolvam não federalizar. Aí, sim, deveremos chamar a federal para prender os omissos e iresponsáveis.
    Mesmo que Jesus Cristo voltasse novamente à terra, ele não operaria nenhum milagre para salvar a CEA, seria contra seus principios.
    Em um de seus parágrafos, Lourival mata a charada:

    “Com um mercado com baixa densidade de carga, preponderantemente com classe de consumo residencial, baixa renda, e ainda alta incidência de encargos e tributos sobre a atividade de distribuição, a empresa teria que ser altamente eficiente para lograr resultado satisfatório. Num ambiente altamente regulado onde as exigências de qualidade são cada vez maiores e uma carga tributária em torno de 40% sobre o faturamento, poucas empresas tem obtido resultados que remunere adequadamente seus acionistas.”

    Mesmo que todas as dividas fossem perdoadas e a empresa começasse do zero, dentro de algum tempo estaria na mesma situação. Não é uma questão de gestão é uma questão de milagre. Daí Jesus Cristo não se comprometer com a CEA.

  • Basta tirar o PT da CEA que tudo melhora. Afinal quem geriu a pasta da CEA sempre foi o PT mesmo no governo do Waldez.

  • Seu lourival a CEA é Viável SIM economicamente, é normal ainda apresentar prejuizos, mesmo com uma boa administração,afinal foram oito anos de rombo,

  • Não precisa nem ser um especialista pra ver que a CEA é viável economicamente, seu patrimônio pode até ser inferior ao tamanho de sua divida , mas se tiver uma gestão honesta, o que se pode arrrecadar daría para cobrir todas as dividas em poucos anos.

    • meu caro privatizar também não adianta. primeiro porque ninguém vai querer comprar, e segundo, a CELPA (Pará) que foi privatizada, e que está em uma situação melhor que a CEA já está em vias de ser federalizada pelos mesmos motivos.

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