Nesta manhã chuvosa vejo, pela minha janela, um garoto só de calção soltando um barquinho de papel.
Sei que em muitos pontos da cidade, neste momento, outras crianças fazem o mesmo.
E pergunto aos meus botões:
Que sonhos transportam estes barquinhos de papel soltos pela gurizada nos riozinhos formados pela chuva?
Em que porto da vida eles ancoram?
Em que altura da vida-rio eles naufragam?
Na infância – já tão distante – soltei muitos barcos de papel que me levaram aos lugares mais longínquos e mais belos na minha imaginação de criança.
E quando a chuva cessava, de volta à realidade, eu saía quase correndo de casa para resgatar o barquinho que às vezes ficava encalhado em alguma pedra na margem da rua. Outras vezes ele caía na boca de lobo, que ficava na esquina da Almirante Barroso com a Leopoldo Machado, e de lá, por conta própria, seguia viagem por todos os rios e mares do mundo e perdia a rota do retorno.
9 Comentários para "Cá com meus botões…"
Minha amada amiga, com certeza soltei muitos barquinhos. Alguns naufragaram na adolescência, mas outros continuam por aí. E como ainda tenho muito tempo pela frente (se Deus quiser) vou lançar muitos outros ainda. Num deles vou pedir que vc continue sendo uma maravilhosa amiga, e o que o seu talento para escrever coisas lindas continue fazendo parte de nossas vidas, convidando sempre para reflexões críticas e necessárias.
Do seu cabeçudo…
Seles Nafes
E pensar que quando somos crianças, morremos de vontade de ser adultos, não sabemos a graça e a beleza que é ser criança. Quando adultos morremos de saudades destes tempos. Imagine eu que cresci no remanço, onde as brincadeiras eram realmente com barcos e enchentes de verdades, onde nadar na ponte do matadouro era a coisa mais normal do mundo, adorei o belo passeio pelas lembranças, principalmente hj. que esta um dia tão preguiçoso e tb. para viajar no tempo. bybybyb
Néa, sei que o poetinha e a Profª Delzuith fizeram escola. Pô, amiga, mas vc pegou pesado ao mexer no bau de letras e frases. Afinal, quem não volta a ser criança com o texto que vc nos brinda agora?
OBS: Eu até aproveitava pra tomar banho na mesma “maré” onde libertava minha frota. Bjos.
Alcinéa
Tenho grande admiração por você, pelo que você é e pelo o que escreve. Admiro essa capacidade que você tem de transformar o simples em sublime nos despertando para a beleza que há nas coisas mais simples e para as quais sempre estamos cegos.
Que em 2011 você continue nos brindando com seus escritos.
coisa boa e ser criança,lendo seu texto estava lembrando tambem o meu tempo la no bairro da cea(santa rita)mendoça furtado com hildemar maia(farmacia do dr brasil)tempo bommmmmmmmm
Você como sempre deixando nossos dia mais leves, e com momentos de “pureza” no sentido mais valorozo da palavra. Obrigado pelo afago virtual que proporcionas a todos nós leitores.
Barquinhos de papel… Sempre carregam a doçura da inocência infantil que um dia se depara com o maremoto da vida adulta, finda na foz do rio da vida, a eternidade da alma.
Alcinéa,
Hoje infelizmente os barcos são outros. Navegam pelas redes sociais sem sonhos e imaginação. Pobres crianças! Não tiveram nossa sorte. Nossos barcos de papel levavam mais que sonhos eram grafados com nossa inocência e alegria. Não retornavam pois jamais deixaram de navegar nas lembranças de nossas vidas.
Uma vez poeta, eternamente poeta. Um texto simples, mas de uma riqueza imensurável.
sonhos muitos certamente! mas a melhor coisa de ser criança é ñ ter que nos preocuparmos com nada. Digo isso pois observo a minha sobrinha de 8 anos, e também alguns primos de 5 anos. Tudo é festa, tudo os deixa alegres(principalmente quando temos avós). Pena que temos que crescer e acabamos por nos deparar com o mundo real. Apesar de só ter 31 anos, eu sempre que me encontro com meu irmão ficamos nos lembrando de como nossa infância, apesar de ter sido simples, éramos felizes e ñ sabiámos.Morávamos em Belém e todo domingo meus pais nos levavam ao museu, bosque, cinema (matinê), fora visitar os parentes, isso era o máximo e olha que nem tinha internet e celular como temos hoje, rsrs