Crônica do Sapiranga

Vai um gibi aí?

Milton Sapiranga Barbosa

Outro dia, sem nada de importante  para fazer durante o expediente da tarde na Rádio Cidade,  comecei a folhear as páginas  de uma revista que circulou em julho de 2006, portanto há quatro anos. Numa das páginas  deparei com uma foto do  Superman (para os americanos), Super Homem, para nós pobres mortais brasileiros.

De repente, como num átomo, me veio à mente as  duas lojas mais famosas na  venda de gibis em Macapá, Loja Zola  e Livraria Martins. Juntos, como se fosse um filme, vieram uma enxurrada  de artistas de histórias em quadrinhos, tão amados  pela garotada nascida nas décadas de 40, 50 e 60.

O primeiro a passar, montado em seu cavalo branco Silver, tendo ao lado o índio Tonto, seu fiel companheiro,  em seu cavalo Malhado, foi o Zorro, com sua máscara preta e vestimenta incrivelmente branca. Em seguida quem me aparece? Flecha Ligeira, devidamente pintado e armado para a guerra contra os malfeitores que queriam dizimar sua tribo.

Surpreso ouvi tiros e mais tiros e fiquei intrigado. Pois não eram os  cawboys, Bill Dinamite, Tex  Rither, Durango Kid, Roy Rogers, Buck Jones, Gene Aultry, Monte Hale, Kid Colt, Hopalong Kassidy, Jesse James, Bill The Kid, Cavaleiro Negro, que atirando para o alto e com muita gritaria, festejavam suas vitórias sobre os mais perigosos pistoleiros do velho oeste americano. Festejei também, pois mais uma vez o bem derrotara o mal.

Frajola, Pernalonga, Pantera Cor de Rosa e Hortelino Troca-Letras, vinham na maior algazarra junto com todos os personagens da  turma da Mônica. Uma  farra!

Também neste desfile de super heróis, estavam Batman e Robin, Cavaleiro Solitário, Tarzan, e os endiabrados Sobrinhos do Capitão (Hans e Fritz).

O Tio Patinhas, como sempre, estava protegendo sua moeda número 1 das bruxas Maga Patalógica e Madame Mim, e o Donald vinha esbravejando contra Tico e Teco, seguido pelo sortudo Gastão, Peninha, Professor Ludovico, Pateta, Pluto.
Os trios, Huguinho, Zezinho e Luizinho/ Lalá, Lelé e Lili, estavam quietos pois eram vigiados de perto pela Tia Margarida. O professor Pardal chegou a bordo de uma de suas malucas invenções, tendo ao lado o fiel Lampadinha.

Cine Paroquial

O Pessoal da Vila Xurupita veio em peso, só que o  Zé Carioca passou correndo à frente dos homens da Anacozeca  (Associação Nacional dos Cobradores  do Zé Carioca) e a Rosinha p… da vida com ele, era assediada pelo Zé Galo.  É Mole?

Sheena, a Rainha da Selva, estava linda de morrer, causando inveja a Mulher Maravilha. Minha decepção foi não ter visto o Homem Invisível, mas vi o Capitão América e seu bonito escudo, o Thor, o Homem de Ferro, o Homem de Borracha e o incrível Hulk, verde de raiva com suas roupas rasgadas rosnava pra todos que o encaravam. Em seguida um raio, um forte grito,  Shazam. Era o Capitão Márvel que chegava minutos antes  do desfile de meus heróis de infância acabar. Alias que o acróstico da palavra SHAZAM, quer dizer que ele possui poderes de; SALOMÃO, HÉRCULES, ATLAS, ZEUS, AQUILES  E MERCÚRIO. Vocês sabiam?

Creio que alguém aí deve estar murmurando: Mas tu não estava falando do Superman, que quando  foi criado em 1933, por Jos Shuste e Jerry Segel, era um tremendo vilão, devido experiências de um cientista maluco ? E que, só após perceberem o sucesso do personagem o transformaram em Super Heroi, no Homem de Aço? Que depois de  sair da revista para a televisão e o cinema, Superman está completando em 2010,  77  anos  de sucesso entre  crianças, jovens , adultos  e velhinhos (como diziam os camelôs nos arraiais) in-viciados em gibis?

Pior que era. Mais aí bateu uma saudade do meu tempo de “muleque”, das sessões  nos barracões dos padres, das matinês nos cines Paroquial, Macapá, Territorial e João XXIII,  que não resisti, voltei no tempo e recordei minha infância vivida na querida Favela e, saudoso, chorei feliz .

Em tempo: Se ficou faltando o nome de algum herói na crônica, não se acanhe, poste nos comentários. Pode também corrigir nome de artista com grafia errada, sem problema.

  • Valeu, me caro Milton. Lembra da edição da revista do Zé Carioca quando o time da Vila Xurupita enfrentou a equipe do Tião Abaterá.
    O Vila entrou em campo com: Dadá, Dedé, Didi,Dodó e Dudu; Djair e Odair; Nestor, Zé Carioca, Codeco e Berinjela.

    • CARO PAULO, o time entrou em campo, assim: zé Carioca, Dadá, dedé, dodó e dudu; djair e odair; naê, nestor, codeco e berinjela. Desculpe, pois além de ler a resvista, também decorei o nome dos jogadores do Dragão de andaraí, o time opositor.

    • Milton, até hoje guardo diversas revistas daquele tempo. Afinal, também fui daqueles que trocavam revistas nas portas dos cinemas. Como o dinheiro era pouco, ia muitas vezes, aos sábados, pela manhã, ao Cine Paroquial, assistir filmes de graça, após participarmos do catecismo do Padre Vitório. Uma lembrança, não correção ao mestre: havia o Bill Kid e o Billy the Kid. Parabéns pela lembrança. acho que deveríamos escrever um livro sobre aquela época. O que tu achas?

    • Milton, o ajudante do Cavaleiro Negro, era o Bumper. Alguns anos depois dessa, mas ainda maravilhosa época, veio também o Besouro Verde, cujo ajudante, era o Bruce Lee, em início de carreira. Quanto à ropua do Zorro: o da Disney, cujo ator, na tv, era o Guy Williams, era preta. Já a do Zorro das revistas (também conhecido como o Cavaleiro Solitário), era azul. Porém, nos filmes em preto e branco, aparecia branca, ou acinzentada.

    • Tinha tamvém o Homem do Rifle, cujo astro era o Chuck Connors (Tenho até revista desse heroi).O Vigilante Rodoviário, representado pelo Comandante Carlos, produção brasileira, creio que também se encaixa nesse perfil.

    • Havia, ainda, o Daniel Boonie, que na tv foi encarnado pelo ator Fess Parker. Ele jogava seu machado, bem de longe, rachando uma tora de madeira. Tinha também o Léo Futuro, um cara que se perdeu no espaço e, quando voltou à terra, as coisas eram bem diferentes. Além desses, nas revistas Tomahawk e Epoéia Tri, vários outros herois, que quese se perdem no tempo, não fosse essa tua maravilhosa intervenção.

  • Olá, pessoal:
    Lembrei do Risko, um mergulhador. Mas não eram desenhos; eram fotografias. Uma vez, no intervalo de um filme no antigo Cine Paroquial (barracão de madeira), o padre Vitório me tomou e rasgou um exemplar do Risko, alegando que havia mulher pelada na capa. Era a companheira dele (não lembro o nome) que estava de biquíni. Olha só a preocupação do padre Vitório com a nossa formação moral e o meu prejuízo com a revista rasgada.

  • Faltou o Fantasma que Anda e seu inseparável cavalo Herói e o cachorro Capeto.Isso sem falar no Guran. Lembra do Mandrake cujo ajudante era o Lothar? E os brasileiros como o Jerônimo e Pinduca. Tinha também Arqueiro Verde e Ricardito, Billy the Kid e Kid Colt. Era muito bom aquele tempo.

  • Sapiranga vo t dizer …. Se morrer hoje morro feliz sabias!! pois vivi uma época de ouro!Quantas vzs não me pendurei nas Venezianas da casa do Seu. Guilherme pra assistir “Daniel Boone”, até hoje tenho a mania de comprar os gibis do TEX …Valeu meu irmão por lembrar de uma infancia feliz!

  • Muleque,

    As revistas em quadrinhos eram o caralho, não tinha diversão melhor. Eu aprendi a ler folheando essas revistinhas, juro. O Capi me confessou que aprendeu a ler também com os quadrinhos; e quando a gente lia, encenava com as onomatopéias – cabrum!, spratibum!, tum!, papapá!, etc e tal. Era incrível. A Alcinéa conhece todos esses heróis, mas ela era chegada mesmo numa “Sétimo Céu”, fotonovela que fazia o maior sucesso entre as meninas. Vou mandar uma crônica pra Alcinéia com o mesmo assunto. Abraços.

  • Eu até hoje guardo com carinho meus gibis que vivo relendo. Lembro de cauboiscomo Rocky Lane, Ringo Kid, e o Cavalei Fantasma. Dos heroisO Sombra, O Escudo, Titan e O Principe Ibis, com seu triangulomágico. Quanta saudade.

  • Olá, Sapiranga.
    Faltaram: Kit Carson, Búfalo Bill, David ou Davy Crockett e o Daniel Boone. Em tempo: costumávamos trocar as revistas com essa turma na sessão da tarde antes do filme começar. Uma por uma, duas por uma edição especial ou três por um almanaque.
    Além disso, havia ainda as Edições Maravilhosas, da EBAL, que apresentavam em quadrinhos os grandes romances da literatura universal. Tempo bom.

    • Boa Aluísio. Vc entendeu meu recado. Espero que alguém se lembre de outros e a Alcinéa possa adicionar os nomes lembrados por vcs e esquecidos por mim na crônica.

    • Ou José. Vc pode até estar certo mas, na revista ela me parece que era branca, e se prestou atenção eu mencionei o Tonto como amigo fiel do cavaleiro mascarado,ou não? Valeu. Um abraço

  • Amigo Sapiranga, cada vez mais vc nos surpreende com suas crônicas maravilhosas. O tempo é cruel mesmo. Mas são as imposições divina que fazem a gente chorar de saudades daquele tempo bom que não volta mais. É isso ai. Fazer o que?

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