Fenaj – Nota oficial

Que a morte de Gelson Domingos seja um marco na
defesa da segurança dos jornalistas e da sociedade

A Federação Nacional dos Jornalistas manifesta sua solidariedade aos parentes e amigos de Gelson Domingos, repórter cinematográfico da TV Bandeirantes falecido neste domingo (06/11), quando cobria um conflito entre traficantes e policiais na favela de Antares, no Rio de Janeiro. Exigimos a apuração e punição dos responsáveis pela morte de Gelson, apuração da segurança e estrutura de trabalho dadas aos profissionais na cobertura de áreas de risco, bem como cobramos do Governo do Rio de Janeiro medidas mais eficazes para garantir o direito dos jornalistas e dos cidadãos à segurança pública.

Com seu profissionalismo e dedicação ao Jornalismo elogiados pelos seus colegas, em mais de 20 anos de atividades Gelson atuou em várias emissoras. No ano passado, juntamente com sua equipe de reportagem da TV Brasil, foi agraciado com o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, com o trabalho Pistolagem, sobre assassinatos no Nordeste do Brasil. Neste domingo, enquanto fazia imagens de uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na favela de Antares, Gelson foi atingido com um tiro no peito, que perfurou seu colete à prova de balas.

Segundo relatos de colegas, além da função de repórter cinematográfico, o profissional era obrigado também a dirigir o veículo da empresa, o que contraria normas de segurança na cobertura jornalística de áreas de risco. E era contratado como “operador de câmera”, recurso utilizado por muitas empresas de televisão para burlar a regulamentação profissional dos jornalistas, registrar os profissionais indevidamente e, assim, pagar salários mais baixos. Além disso, segundo declaração de um outro profissional que acompanhou Gelson até a Unidade de Pronto Atendimento onde já chegou em óbito, os coletes disponibilizados aos profissionais de imprensa são de qualidade questionável.

Tudo isso põe em dúvida a política de segurança e as condições de trabalho às quais a TV Bandeirantes submete seus profissionais, tornando imprescindível a apuração do caso e responsabilização da empresa. A FENAJ conclama os jornalistas brasileiros e a sociedade a não se calarem diante da morte deste colega. Juntamente com os demais Sindicatos de Jornalistas, trabalharemos para fazer com que este episódio seja um marco nacional na luta para que as empresas de comunicação definitivamente abram mão de sua negligência, adotem normas de segurança em cobertura em áreas de risco em comum acordo com as entidades sindicais representativas da categoria e assegurem aos profissionais condições de trabalho dignas.

Igualmente fundamental é exigir das autoridades competentes não somente a apuração deste caso e punição dos responsáveis pela morte de Gelson Domingos, como também iniciativas concretas para coibir a violência. Para que tragédias como esta não se constituam em fato corriqueiro, banal, faz-se necessário que os poderes legislativos federal, estaduais e municipais aprovem leis que garantam mais segurança aos profissionais de imprensa na cobertura de áreas de risco. E aos governos – particularmente ao do Estado do Rio de Janeiro – compete aprimorar sua política de combate ao narcotráfico e quadrilhas armadas que aterrorizam e ameaçam a sociedade, adotando medidas mais eficientes e que não ponham em risco vidas de inocentes.

6 de Novembro de 2011.
Diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ

  • Qualquer um que viu as útimas imagens que mostram o falecido jornalista percebe que aquele colete da BAND tava mais pra camisa de tergal que a prova de balas. A empresa tem que ser responsabilizada porque não ofereceu equipamento adequado ao profissional que pagou com a vida pelas medidas de economia da TV Bandeirantes. Só pra comparar, basta dar uma olhada nos coletes que a equipe da Globo utiliza. São maciços, feitos de kevlar e placas de carâmica, adequados pra zonas de guerra aonde há disparos de armas como fuzís. E desafio qualquer um a provar que os morros cariocas que o narcotráfico domina não são zona de guerra. Uma guerra não declarada que tem como reféns as pessoas da comunidade local e como aliados os políticos e a polícia corrupta. Boa sorte a quem quizer mudar isso. Eles vão precisar.

  • Esses profissionais se arriscam demais, acho desnecessário trabalhar atrás de algo que não é mais novidade há muito tempo, só para mostrar aquilo que todos nós já vimos e sabemos que existe. Todo o dia a polícia é recebida a bala nos morros cariocas. Pra que continuar expondo mais gente nessa desgraça? As pessoas nem ligam mais pra guerra de traficantes e policias. Já se tornou banal, infelizmente.

  • é dificil imaginar q se pode ter segurança em meio ao fogo cruzado….e em desvantagem…
    poderia ter sido um dos policiais…TRISTE…
    AINDA, SER ATINGIDO POR BALAS DE FUZIL, CARAMBA…é esse armamento que os policiais delá emfrentam todos os dias…

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