O açaí nosso de cada dia

Pra quem não dispensa uma boa tigela de açaí depois do almoço todo cuidado nesta época do ano é pouco para se prevenir da Doença de Chagas.
Por isso é bom escolher direitinho onde comprar o açaí nosso de cada dia.
Em entrevista ao jornal Diário do Pará, o pesquisador do Instituto Evandro Chagas disse que “nestes meses chove muito pouco, venta muito e ocorrem muitas queimadas, fatos que contribuem para a dispersão dos barbeiros do seu ambiente silvestre para próximo do homem. E coincide também com o pico da safra do açaí, o alimento mais importante na transmissão”.

No Pará – de onde vem grande parte do açaí consumido em Macapá –  ocorre uma epidemia da Doença de Chagas. Mais de 80 casos já foram registrados nos últimos meses. Dez pessoas morreram.

  • 22/10/2011 – 10h40
    Cresce o número do Mal de Chagas no Pará

    Aumentou de 83 para 85 o número de casos confirmados do Mal de Chagas no Pará, segundo informação da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa). As novas notificações são de Belém e dos municípios de Ananindeua e Bujaru. A instituição encontrou três tipos diferentes do inseto conhecido como barbeiro nos bairros de Val-de-Cans, Jurunas e Souza, em Belém, o que contraria a tese da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) de que a doença estaria sendo exclusivamente causada pelo açaí contaminado vindo do interior.
    A coordenadora estadual do Programa de Doença de Chagas da Sespa, Elenild Goés, explicou que a presença do vetor de contágio na capital, o barbeiro, não pode ser descartada de antemão pelas investigações feitas pela Sesma. ‘As duas situações principais de infecção, por meio do alimento e da presença do inseto, existem em Belém. A amostra de domicílios que tenham sido vistoriados pelo município talvez não tenham encontrado essas espécies que conseguimos identificar, por isso, é importante que as pessoas façam a prevenção para evitar a infecção de ambas as formas’, ela disse.
    A coordenadora enfatiza ainda que a Sespa está em parceria com a Vigilância Sanitária para manter o controle do número de casos. Além da família tocantinense que veio a Belém e contraiu a doença, mais duas ocorrências semelhantes foram notificadas no Maranhão (MA). ‘Eles levaram o alimento congelado, o que não impediu que estivesse contaminado. O apelo que nós fazemos é para os consumidores se certificarem de que todas as normas de higiene são cumpridas pelo estabelecimento.
    Além da Doença de Chagas, beber o açaí manipulado inadequadamente implica também em desenvolver intoxicação alimentar e gastroenterite. Se há presença de coliformes fecais e de bactérias diversas no produto, é possível que ali também tenha o protozoário responsável pela Doença de Chagas’ argumenta.
    Para fazer denúncias sobre pontos irregulares de açaí e também sobre supostos focos de barbeiro em Belém, o Departamento de Vigilância Sanitária (Devisa), da Sesma), disponibiliza um número de telefone 3246-8915, no horário das 8 às 14 horas.
    Agressivo – De acordo com a cardiologista e coordenadora do Programa Interdisciplinar de Doença de Chagas, do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), Dilma de Souza, a mortalidade provocada pelo Mal de Chagas está aumentando. “Isso é um fator que preocupa, pois percebemos que os pacientes chegam em um estado de saúde muito grave. Há a questão do diagnóstico tardio, mas é preciso identificar cientificamente se esta doença não está atacando as pessoas de maneira mais agressiva do que no passado”, questiona a médica.
    O tratamento contra o Mal de Chagas envolve medicação por via oral entre 60 e 90 dias e exige acompanhamento de um cardiologista. A maioria dos óbitos provocados pela doença é por miocardite, a inflamação do coração. Os pacientes são obrigados a fazer raio-x e eletrocardiograma.
    Embora seja possível sobreviver à Doença de Chagas, ela deixa sequelas. “Para atestar que o paciente está curado de um ponto de vista sorológico, ele precisa repetir três vezes um exame específico e o resultado de todos precisa ser negativo”, destacou Dilma. “O acompanhamento médico precisa ser feito durante cinco anos, mas mesmo assim recomendamos que a pessoa que tenha tido o Mal de Chagas vá ao cardiologista anualmente para verificar se o coração está funcionando normalmente”, alerta a coordenadora do HUJBB.

    Fonte: O Liberal

  • Depois dos casos ocorridos, em 2005, em Santa Catarina com o caldo de cana e de alguns casos ocorrido no Amapá com o açaí. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) regulamentou a RDC 218/ 2005 – ANVISA/MS que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Higiênico-Sanitários para Manipulação de Alimentos e Bebidas Preparados com Vegetais.

    • Só falta políticas públicas sérias na aplicação, mas isso não é interesse político. Não dá votos!

  • Só existem duas formas que eliminam o tripanossoma, que é parasito que estpa presente no barbeiro:
    1) Realizando um processo de Branqueamento, que consiste no aquecimento da água a 80ºC e imersão dos frutos por 10 seg. Isso para o processamento artesanal do açaí, que é a forma mais comum de se consumir o bebida na Região Norte.
    2) A outra forma, é a Pasteurização que já é realizada nas agroindústrias do Pará e Amapá. Porém, ocorre sim a alteração do sabor da bebida.
    Devido essa alteração do sabor, se torna inviável a aceitação do produto pelos consumidores locais.
    E, a falta de estrutura física das batedeiras artesanais, responsáveis pelo processamento do fruto para obtenção da bebida, e o poder aquisitivos dos empreendedores individuais (batedores de açaí) torna-se inviável economicamente a aquisição de pasteurizadores.
    Além desses dois processos que citei acima, exitem outras etapas durante o processamento dos frutos que deve ser levadas em consideração: A Catação e a Higienização dos frutos.
    1 – A catação dos frutos deve ser realizada através da observação visual, utilizando-se uma mesa de catação, para a retirada das sujidades visíveis, inclusive o barbeiro.
    2 – A higienização dos frutos é a etapa posterior a catação, onde os frutos devem ser lavados com água e em seguida serem imersos em uma solução clorada na concentração de 150 ppm, ou seja, para cada litro de água adicionar 7,5 ml de água sanitária a 2,5% (hipoclorito de sódio). Esta imersão deve ocorrer por 15 min, e em seguida enxaguar os frutos com bastante água para retirada dos resíduos de cloro.
    Após essa etapa realiza-se o branqueamento. Caso haja necessidade, em seguida realiza-se o amolecimento dos frutos.
    Sou pesquisador em C e T de Alimentos e tenho trabalhado há 11 anos com o açaí no Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá – IEPA.

      • Caro O Pensador, a questão não é eles quererem fazer, é Lei. E Lei deve ser cumprida. E se parar para observar, atualmente, já encontramos várias “batideiras” como você cintou, que já estão adequadas e estão realizando todas essas etapas que citei, sem reclamações. O que está faltando é a conscientização da população em começar a cobrar de quem não faz direito. Os bons continuam no mercado.

        • Nunca tinha ouvido falar nesse barbeiro do açaí. No meu tempo, barbeiro habitava as frestas das casas de barro. Tomava tanto açaí do seu Antonico, da Dona Ernestina e do seu Tibúrcio, na Baixada da Mucura, que ficava “buxudo”, mas nunca adoeci. Talvez as bactérias presentes no preparo fora das normas da Anvisa tenham contribuído para fortalecer meus anticorpos. Hoje já se fala em açaí batido com água mineral e até em pasteurização. Um açaí que ganhei de uma colega de Belém me deixou com preguiça de pesquisar o que é isso, mas creio que vá macular o sabor das frutinhas que se entregam ao sacrifício, como canta Nilson Chaves.

    • Parabéns à Diana e ao André pelos esclarecimentos. num Brasil em que a saude é sempre relegada a 3º plano, informações assim esclarecem ao povão e a cada um, como diz o Zanjo, cabe fazer a sua parte, então, exigir cuidados e higiene com a alimentação não cabe ao vendedor e sim a nós consumidores. Fugir do sugismundo é obrigação, afinal, nem todos tem plano de saude, e os planos nem sempre cobrem certos tipos de doença. Com certeza, muitos consumidores de açaí como eu, estão com o pé atrás após os problemas, então, quem não se enquadrar feche a baiuca e procure outro ganha pão que não seja a alimentação.
      Sds,

    • Boas informações são sempre bem vindas e já que nós tecnicos sabenos como fazer, cabe aos legisladores disciplinar. Alguém terá coragem?

  • Gostaria de esclarecer ao Esp. em Vig. Saúde, Eldren Lage, que o congelamento não elimina o tripanossoma presente no açaí. Recentes pesquisas realizadas pelo Instituto Evandro Chagas comprovaram isso.

  • Açaí, alimentação básica da Região Amazônica. Anos atrás, após os casos do Paraná, ocorreram casos de infecção por barbeiro através da ingestão do açaí, o que levou as autoridades a tomarem várias providências relativas ao problema em Belém, com a higienização das ditas amassadeiras de açaí, implementando projetos que regulamentavam o comércio, acabando com várias biroscas que aos olhos saltavam a falta de higiene. Agora ressurgem os casos, o que confirma que a campanha tem que ser ostensiva e preventiva e não corretiva, quando vidas preciosas já se foram; isso valendo em tudo o que se refere a saude. Como macapaense gosto muito de açaí, porém, tenho o hábito de comprar em apenas um fornecedor, onde tenho a liberdade de inspecionar o armazenamento dos frutos antes de ser levado à máquina, onde fico mais tranquilo.
    Bom sono após um tijelão de açaí.

  • Uma boa forma de prevenir a contaminação pelo Doença de Chagas é sempre colocar o açaí no congelador, quando começar a formar os primeiros cristais de gelo na vasilha o açaí está pronto para ser consumido e não muda o sabor. O Tripanossoma cruzi não resiste a baixas temperaturas!
    Eldren Lage -Esp. em Vig. em Saúde.

  • Assim como o leite, o açai deve ser pasteurizado. São centenas de Chagasicos na Amazonia e milhares sem diagnostico. Tres casos de Chagas pela ingestão de caldo de cana em turistas paranaenses nas praias de Santa Catarina fez mudar toda a higiende no consumo em dois estados e na Amazonia são milhares e nada. Ignorancia junto com negligencia. Escutei de uma nutricionista do Pará que a pasteurização muda o gosto. É brincadeira ouvir isso de uam tecnica.

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