O grande craque chega aos 86 anos

Zé Maria e os filhos

Ele foi um dos maiores craques do futebol amapaense, o sapateiro da alta sociedade tucuju, trompetista do primeiro conjunto musical de Macapá  e mordomo de vários governadores.
José Maria Chaves chega hoje aos 86 anos de vida cercado pelo carinho da família, dos amigos e cheio de histórias para contar. Daqui a pouco a data será comemorada com um jantar, organizado pelos filhos.
Falante, lúcido, alegre, Zé Maria Chaves conta que foi bombeiro, marítimo, guarda de trânsito, guarda territorial e mordomo. Mas o que mais gostava de fazer era jogar futebol e consertar sapatos.
Como jogador foi quatro vezes campeão pelo Amapá Clube. Com os olhinhos brilhando lembra que tão logo o estádio Glycério Marques foi inaugurado, o Flamengo veio fazer um amistoso aqui. Adivinha quem meteu o primeiro gol no Flamengo? Ele mesmo, o Zé Maria, aos sete minutos do primeiro tempo. Mas o Amapá perdeu por 6 a 2.

A esposa Berlenites

Como sapateiro, conquistou o coração de Berlenites – com quem está casado há várias décadas. E olha como ele conta rindo e  todo garboso:
Ela morava no Pensionato São José, bem ao lado da minha casa e sapataria, todo dia ela se enfeitava, se perfumava e vinha falar aqui com o bonito, pedir pra consertar o salto do sapato dela. O salto não tinha problema nenhum, o que ela queria era jogar seu charme pra cima de mim.
Dona Berlenites rebate:
Que nada! Ele que ficava dando em cima de mim. Sabia a hora que eu saía do pensionato e ficava lá frente só pra me ver passar, me cumprimentar e me paquerar.

Os dois caem na risada.

Filho de uma índia do Tocantins, Zé Maria Chaves diz que tem toda essa vitalidade porque foi criado comendo muita fruta fresquinha lá em Cametá (PA), sempre praticou esporte e nunca fumou nem bebeu.
Em 1945 estava no Exército em Belém e pronto pra ir pra Itália quando foi convidado pelo governador Janary Nunes para vir para o Território Federal do Amapá, que havia sido criado há dois anos. Aceitou o convite. Arrumou as malas e veio com o governador, instalou-se no Formigueiro, centro histórico da cidade de Macapá, onde vive até hoje.
Era pessoa de confiança de Janary Nunes, foi mordomo dele e de outros três governadores (Pauxy Nunes, Terêncio Porto e Luís Mendes da Silva).
Dividia seu tempo entre as atividades no governo do Território, o futebol, a música e a sapataria.
Aprendeu o ofício de sapateiro com um italiano em Belém. Sozinho aprendeu a tocar. Talento que seus irmãos também tinham e assim, junto com os irmãos, formou a Jazz Band Poeira – o primeiro conjunto musical do Amapá.
A história de Zé Maria Chaves se confunde com a história do Amapá. Ele viu Macapá crescer, viu as casas de barro e miriti serem substituídas pelas de madeira e depois de alvenaria, foi amigo de Mãe Luzia, participou da inauguração do Glycério Marques e viu o surgimento dos primeiros prédios públicos do Amapá, a abertura das ruas, a inauguração das primeiras escolas… e gosta de contar, de falar sobre a Macapá Antiga, sobre as pessoas daqui e eu gosto de ouvi-lo, por isso, de vez em quando vou ao Formigueiro, subo a escada de sua casa e ali, com carinho e um café passado na hora, sou recebida por ele e Berlenites. Escuto suas histórias, faço mil perguntas, vejo seus albuns de fotos e saio de lá sabendo muito mais sobre a história da minha cidade e da gente daqui.

Zé Maria, daqui a pouquinho estou indo te abraçar e participar desse jantar em tua homenagem. Não faltaria de jeito nenhum, pois você é muito importante para nós.
Feliz aniversário!
Parabéns pra você e pra família maravilhosa que você construiu.

Vestindo a camisa do Amapá Clube foi quatro vezes campeão
  • Esse jovem, amigo de minha mãe/avó, consertou várias vezes o único sapato que tinha para ir a tertulia do Circulo Militar. Parabéns e meu muito obrigado.

  • Parabéns Zé Maria. Fui engraxate do ilustre sapateiro quando estudava na Paroquial São José. Levei uma suura do papai quando descobriu que eu recebia um torcado pra engraxar. Fizemos em 1990 a campanha do Celso Saleh para dep. federal com o slogan “Agora vai dá Pé” – para Deputado Federal – Celso Salé. Meu abraço pelo seu niver.

  • Parabéns ao Comandante José Maria. Olha a cara do Antonio (buiá). Quem quer falar contigo é o Josafa.

  • O ZE MARIA MERECE MUITAS FELICITAÇÕES. ACOMPANHEI BOA PARTE DA CARREIRA FUTEBOLÍSTICA DO ZÉ E POSSO FALAR DE CADEIRA, ELE ERA MUITO BOM DE BOLA.ESSE TIME DA FOTO MARCOU ÉPOCA NO FUTEBOL AMAPAENSE REALIZANDO GRANDES DUELOS CONTRA O ESPORTE CLUBE MACAPÁ. VAMOS A FORMAÇÃO: 75, 91.PASSARINHO I, MARITUBA, WILSON SENA E CABRAL: LUIZ MELO, AZAMOR, ZÉ MARIA, ADÃOZINHO E BORÓ. QUE SAUDADE! PARABÉNS ZÉ E QUE MAIS COMEMORAÇÕES VEHAM POR AÍ.

  • Oi, Alcinéa.
    Lembro que levei vários sapatos para o “seu” Zé Maria consertar, naquele tempo em que consertar geralmente significava colocar “meia sola”, pois os sapatos eram todos de couro, inclusive a sola que costumava furar. Leve também a ele meu abraço, embora ele não lembre de mim pois eram tantos os fregueses.

  • Merecida homenagem ao seu Ze Maria Sapateiro. Felicidades a todos que desfrutam dessa abencoada convivencia.muita saude a ele

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