Que Pronto Socorro é esse?

Inspeção da Comissão de Direitos Humanos da AL
identifica falhas no Hospital de Emergência

Texto: Eduardo Neves, da assessoria de imprensa do deputado Camilo

Após denúncia do Sindicato de Saúde do Amapá (Sindsaude), que no Hospital de Emergência, pacientes estavam sendo atendidos no chão, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, tendo a frente o deputado Camilo Capiberibe (PSB/AP), realizou no início da noite de segunda-feira, 22, inspeção para apurar a denúncia.

Durante a vistoria, que foi acompanhado pelo Coordenador do Sindsaude, Dorinaldo Malafaia, o deputado Camilo pode constatar que no segundo andar do HE, por falta de leito pacientes estavam no corredor, deitados em macas sem colchões. “O meu filho de 5 anos está com o braço fraturado e ainda pouco ele estava recebendo atendimento no chão”, relatou a mãe da criança, a dona-de-casa Irene Picanço.

Nos leitos improvisados a maioria dos doentes são vítimas de fraturas. “Eu estou a um mês aguardando cirurgia e nem o ortopedista vem avaliar como está a minha situação”, cobrou o paciente Dinaldo Neves, do município de Laranjal do Jari.

No Centro de Terapia Intensiva (CTI), há cinco leitos funcionando, dois estão desativados por falta de equipamentos. O aparelho de hemodiálise está parado por que não tem técnico para operar. “Quando é preciso fazer a hemodiálise dos doentes, temos que levá-los até o Hospital Geral”, disse uma  técnica de enfermagem que estava de plantão.

No setor de enfermagem, dona Maria Laura Alves, de 99 anos, estava deitada na mesma posição há oito dias aguardando cirurgia. “Olhe a situação dela e ninguém faz nada”, denunciou a acompanhante da aposentada, ao receber a informação do deputado Camilo, que vai solicitar a direção do HE, que garanta a prioridade da paciente, que é estabelecido  no estatuto do Idoso.

INFRAESTRUTA – Uma tábua encobre um buraco que há no corredor e que dá visão para o corredor no andar debaixo do hospital. “Um senhor caiu hoje nesse buraco, só não varou porque ele não passa no buraco”, relatou uma paciente.

Os profissionais que estavam de plantão foram unânimes em dizer que há necessidade urgente de contratação de pessoal. “Hoje, por exemplo, é um técnico de enfermagem para atender 12 pacientes, o que na realidade deveria ser um profissional para três doentes no máximo”, explicou um técnico de enfermagem.

Fiscais do Coren que se encontravam de plantão informaram ao deputado Camilo que possuem relatórios detalhados sobre a falta de pessoal. “O Coren conseguiu na justiça impedir que os enfermeiros tivessem que dar conta das enfermarias e da UTI ao mesmo tempo”.

Na Unidade de Terapia Intensiva os técnicos em Enfermagem normalmente têm que dar conta do dobro de pacientes do que é aceito pelos padrões hospitalares. “Muitas vezes temos só um ou dois técnicos para seis pacientes quando seriam necessários três, na razão de um para cada dois pacientes no máximo”, relatou uma profissional da UTI.

Faltam medicamentos, como Pramol, Azaquitan, Omeprazol, além de aparelho para medir pressão arterial e até termômetro.

O Coordenador do SindSaúde Dorinaldo Malafaia  contou que as cirurgias ortopédicas não estariam sendo realizadas por falta de pagamento da empresa que fornece os materiais de imobilização, pinos e platinas que são utilizados para correção óssea. “Não pagam os fornecedores e quem sofre são os pacientes”, disse.

Diante da situação encontrada pela Comissão de Direitos Humanos da AL, o deputado Camilo Capiberibe (PSB/AP) vai produzir  um relatório para encaminhar ao governo do Estado e a Secretaria de Estado da Saúde (SESA), solicitando melhorias no Hospital de Emergência. “São vidas humanas, não podemos aceitar esse tipo de tratamento que é dado aos pacientes e aos trabalhadores”, disse Camilo.

  • Tantas coisas concorrem para o caótico estado que a saúde pública chegou no Amapá, dentre as quais podemos citar: 1) falta de um secretário-cidadão para administrar a SESA, voltado para a comunidade, especialmente a mais carente que não dispõe de plano de saúde privado.O titular da SESA sempre está ausente ou não recebe pessoas que tenham interesse profissional de contatar com ele. Eu tentei falar com esse Secretário que aí está, em assunto profissional durante umas quatro vezes e mesmo sendo ele obrigado a me atender, porque sou advogado e meu Estatuto garante isso, não consegu. Com o Governador, todas as vezes que precisei, fui atendido. Ao assumir a SESA levou consigo delegados para ajudá-lo. Sabíamos que a Saúde estava caso de polícia, mas não para virar burocrata, enquanto a população de ressente da falta de delegados; 2) Depois temos altos índices de acidentes de trânsito, especialmente envolvendo motoqueiros, os quais, juntamente com as vítimas da violência criminosa urbana que também cresce assustadoramente, tomam a vez daqueles que são acometidos de enfermidades naturais; 3) Depois disso temos a moral dos servidores, que está baixa, pela falta de condições de trabalho e salários defasados; 4) atendimento da população que habita o interior do Pará próximo de Macapá; 5) falta de investimento público em hospitais para acompanhar o aumento populacional; 6) número insuficiente de médicos e falta de especialistas.
    Ademais, vivemos a síndrome do medo, que a insegurança pública vem causando a todas as pessoas de bem. Isso também concorre para o aumento de enfermidade, especialmente do psicológico.

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