Quilombo do Ambé

Antonio Carlos Júnior e Carla Ferreira*
Especial para o blog

Na comunidade quilombola do Ambé é tradição no dia 16 de agosto comemorar a festa de seu padroeiro, São Roque. Familiares e conhecidos viajam cerca de 77 Km da capital Macapá até a comunidade para se encontrar e reviver alguns costumes dos seus antepassados.

A igreja de São Roque, o padroeiro

De acordo com os moradores o nome da comunidade foi dado pelo seu desbravador, Manoel (Manoelzinho do Ambé), que há 200 anos ao procurar novas terras para cultivar encontrou, viajando pelo rio Pedreira, uma terra fértil e cheia de um cipó chamado Ambé (que deu nome a comunidade). Então, Manoel levou seus familiares que originaram a famílias tradicionais amapaenses como:

  • Os Picanços;

  • Os Pereiras;

  • Os Souzas.

A família Picanço

Com a miscigenação com comunidades vizinhas, o Ambé passou a contar também com outras famílias como:

  • Os Ramos;

  • Os Silvas;

  • Os Machados;

  • Dos Prazeres.

Hoje, pouco mais de 32 famílias vivem na comunidade que conta com um posto de saúde (que está em condições precárias, sem equipamento e sem medicamentos), com uma escola de ensino fundamental e com energia elétrica 24 horas, mas não existe posto policial no lugar. As famílias que ali residem, retiram seu sustento da terra, da pecuária, da piscicultura, do funcionalismo público e da criação de pequenos animais como: galinhas e porcos.

A comunidade do Ambé foi reconhecida como “comunidade quilombola” em 2005. Atualmente, corre na justiça um processo de desapropriação de áreas ocupadas por pessoas que não são descendentes dos fundadores do quilombo. Estudos antropológicos já foram feitos e os resultados ainda estão sendo averiguados. Conflitos armados não ocorreram, mas houve um certo desentendimento entre os vizinhos que se apropriaram de terras de forma inadequada.

A FESTA– O ritual da Festa de São Roque acontece como antigamente, apenas com algumas

Tia Nana

modificações. Nos primórdios, o festejo era iniciado no dia 7 de agosto, com novenas na casa dos sete filhos do chamado “Pai Velho” – pai das anciãs da comunidade, carinhosamente, chamadas de Tia Cota (82 anos), Tia Nana (87 anos) e Tia Domingas (94 anos) -, atualmente as novenas começam no mesmo dia, porém todas são realizadas na Capela de São Roque, que foi inaugurada em 1951.

A novena do dia 15 é destinada aos mais idosos da comunidade, no dia 16 é servido um café da manhã reforçado aos quilombolas, logo após três badaladas do sino é realizada a missa em homenagem ao santo, em seguida é servido um almoço e depois acontece um leilão. Às 16h é realizada a procissão, que neste ano contou com a presença da banda do Corpo de Bombeiros e para fechar o dia é realizada a tradicional corrida de cavalos. No dia 19, à noite ocorre o marabaixo e no dia 20 o tão esperado baile dançante, que mobiliza todas as comunidades da redondeza.

O povo do Ambé preserva uma parte importante da história do nosso Amapá, cabe a nós não deixarmos morrer certas tradições que formam a identidade do nosso Povo. A miscigenação é nossa marca registrada e o Ambé é um exemplo disso. Temos a obrigação de entender de onde viemos, o que nossos avos fizeram para termos o que temos, talvez dessa maneira recuperemos o orgulho de sermos AMAPAENSES.

* Antonio Carlos Júnior e Carla Ferreira são bisnetos de Tia Domingas

  • Minha terra querida, faço parte com muito orgulho da grande Família Picanço do Ambé belíssima matéria 👏👏👏👏

  • Não sei realmente se descendo da mesma raiz , mas pesquisando descobri bastante do meu sobrenome…Minha mãe dizia que era da minha tataravó que era índia do sul do Pará. Sou paraense e moro no RJ atualmente, mas carrego com muito orgulho o AMBÉ!

  • valorizacao cultural da comunidade do ambe e necessario para que possamos continuar o que nossos avos nos deixaram de heranca.

  • É COM IMENSA SATIFAÇÃO QUE EU DIGO QUE SOU NEGRA QUILOMBOLA DA COMUNIDADE DO AMBÉ….. MINHA VIDA TEVE INICIO NESTA TERRA TÃO QUERIDA E AMADA …..VIVENCIAR , RELEMBRAR E O MAIS IMPORTANTE RESGATAR É DOS OBJETIVOS QUE NÓS QUILOMBOLAS DEVEMOS EXALTAR CULTURAS , E É POR ISSO QUE CANTO ;….

    TOQUE O SINO DA CAPELA PARA ANUNCIAR
    OLHA A VILA DO AMBÉ ” SÃO ROQUE VOU FESTEJAR ”

    FLOR , FLOR, FLOR
    FLOR DO AMBÉ … QUEM TEM OLHOS VERDES SÓ SE ENGANA QUANDO QUER…. TE AMO MINHA COMUNIDADE… VIVA SÃO ROQUE

  • Parabéns por esta história MARAVILHOSA da comunidade do AMBÉ…Realmente nossa comunidade apesar de ser pequena no tamanho mas é GRANDE NO CORAÇÃO…Uma comunidade q recepciona muito bem as pessoas me orgulho das minhas raízes…

  • Antônio e Carla, parabéns pelo bela matéria enfatizando a riqueza da nossa história que em muitos momentos também vivemos ao lado de nossos avós, pais, mães e em especial neste tão belo momento que é a festa de São Roque. Nossos sinceros agradecimentos a Alcinéa que permitiu a divulgação desta matéria
    Precisamos cada vez mais valorizar nossas origens e nossa cultura de povo caloroso e amável.
    Parabéns a nossa comunidade quilombola do Ambé!
    Um grande Viva a São Roque!!!!
    Um abraço a todos os descendentes do Ambé nesta data tão especial, especialmente a todos da Família Picanço!!!

  • Fico encantado com manifestações culturais puras com essa. Não conheço o Ambé, mas as imagens demonstram o que perdi.

  • Uma estrodosa salva de palmas para o povo do Ambé, em especial a Tia Cota e Dona Mariana,que junto com seus filhos que são nossos amigos de infância aí na Favela, Zecão, Pixata,Paulo Poril, Alda e os demais. Isto vai também para todo o povo bravo do interior do nosso Brasil, que mesmo com todas as dificuldades honra suas tradições. Agora, posto de saude em condições precárias não é privilégio só do Ambé, infelizmente é em todo o lugar.
    Sds povo do Ambé.

  • Néa, obrigada por ser a vitrine da nossa cultura, da nossa história.
    Minha bisa vai ficar feliz de ver isso.
    Ah! O responsável por isso é o meu irmão (Antonio) que ama o Ambé.

  • Bom dia hoje pela manhã acordei e claro vim logo pra net e me vejo esta linda e excelente matéria sobre a comunidade do Ambé, onde sou filho de lá… a importância de ver como ainda as raízes existem em um lugar de vida tranquila… a foto em registro é em nossa casa na cozinha onde rolam muitos contos de alegrias(Joaquina Picanço), filha de Zolima Pereira Picanço e José Ramos Picanço .. onde as tias estão reunidas em momentos de harmonia no dia de ontem 16! Parabéns Alcinéia e já adianto que em 2013 a FESTA será feito pelas Famílias PICANÇO e JOSAPHAT e a comunidade em geral e você já é uma de nossas ilustres convidadas.

  • Queridos sobrinhos,fiquei imensamente FELIZ da iniciativa de valorizar nossa cultura de raiz, e a história de nossos antepassados, pois eu tambem tenho orgulho se ser filho de descendentes de negros quilombola da comunidade de Igarapé do Lago, como é rica nossa CULTURA.

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